domingo, 23 de março de 2014

O pequeno milagre



Num grande consenso, gizado pelo PCP, trupes maoístas e marxistas instântaneos, resolvemos   sair à pressa de Angola e Moçambique. A descolonização não tinha de implicar a destruição, mas implicou. Melo Antunes, lucidíssimo, explicou que os países ficam independentes para o bem e para o mal, mas reconheceu que a cooperação podia, e devia, ter sido maior.
Daí resultou que Portugal recebeu, no espaço  de meses, quase dez  por cento da sua população, sem uma explosão social, diz  Almeida Santos: foi um pequeno milagre ( do PS para a esquerda pode fazer-se estas alusões religiosas  sem receber chacota).
Não, não foi. Como não é agora um pequeno milagre que o país  se tenha marimbado para os apelos à revolução, à sublevação  e ao caos. Hoje, como ontem, pagamos as asneiras contínuas de governantes que reinaram como os condes polacos nas vésperas da Primeira Grande Guerra: nus debaixo dos casacos de vison. E pagamos com a solidariedade,  a força e a temperança   que faltou a quem nos espetou a conta.

1 comentário:

  1. um escritor latino disse (cito de cor)
    'os dirigentes fazem as burrices,
    o povo leva os coices'

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