quarta-feira, 26 de março de 2014

Pobreza, mas de pensamento


Não sei se estamos condenados a empobrecer ( desde que perdemos Malaca tem sido sempre a descer), mas no plano intelectual a coisa não está famosa. Falo do intelectual sobremoderno  como Said o descreve: entre  a academia e os media, produtor de um discurso inovador sem medo de intervir no presente. Se quiserem  exemplos, Aron, Bobbio  ou Eduardo Prado Coelho.
 Uma tralha pós-leninista e pós-maoísta sobrevive pendurada em Zizeck, que substituiu Chomsky, Debord  e Deleuze ( que tinham substituído Sartre) no coração dos orfãos de Hoxa e Mao ( Edward Said não passou, infelizmente,  em Portugal dos portões das universidades). Ocasionalmente, ressuscitam Bataille, ignoram Levinas e não ligam pevide  a Blanchot ( claro).
No outro extremo do espectro, chafurda-se em Mises, Kristol, Himmelfarb ( Berlin menos, para pena minha), geralmente sob  a batuta do prof.Espada, repetindo sem vergonha textos que qualquer pessoa com cartão da Amazon conhece de cor e salteado. Encontramo-los em revistas clandestinas, projectos online, blogues, oscilando entre o plágio e o pueril.
Algumas excepções se foram produzindo. José Gil, Pacheco Pereira ( dos primeiros livros), Carrilho ( no estilo pavão), Pulido Valente, Barreto ( pomposo), poucas mais. Muitos não saem do armário: Tunhas, Fernando Gil ( já não sairá), Barrento. A dificuldade é sempre a mesma: encontrar o tom certo entre a academia e a intervenção.
Pelo contrário, a ponte entre o consumidor e o pensamento é feita por bonecos políticos. O espectáculo é garantido, o vazio quem mais ordena. Os bonecos da Contra-Reflexão são muitos. Dos analistas televisivos ( Marcelo, Mendes, Rosas, Bagão etc) aos descartáveis ( os proletários dos debates de cinco minutos), passando pelas vozes de facção ( António Costa, Pacheco Pereira, Louçã, RaquelVarela etc).

4 comentários:

  1. Que Barrento é esse a que se refere? Desconheço-o.

    Já que menciona Vasco Pulido Valente, que se me afigura mais como (óptimo) historiador e não tanto como grande pensador, o que pensa de Irene Flunser Pimentel?

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    1. Não leu originais nem traduções feitas por Barrento? Estranho, mas enfim.
      Irene Pimentel? Gosto muito, estive para incluí-la, mas tem sido mais sobre o passado recente. Escrevi sobre ela:
      http://declinioqueda.wordpress.com/2013/01/15/duas-boas-biografias-so-uma-biografia/

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    2. Não leu originais nem traduções feitas por Barrento?

      Não, por esse motivo fiquei curioso em saber mais. Especialmente porque ainda nem descobri a qual dos Barrentos se refere, visto que o Wook me dirige para três possíveis candidatos.

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    3. Não seja por isso:
      http://www.livroscotovia.pt/autores/detalhes.php?id=121

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