Nada os dispõe à acção
Filipe Nunes Vicente e Pedro Picoito
domingo, 6 de agosto de 2017
quarta-feira, 12 de julho de 2017
Uma coisa em forma de assim
"Oremos para que o idiota só muito raramente se sinta feliz. Também,
coitado, há-de ter, volta e meia, que sentir-se qualquer coisa".
Ora vamos então lá ver o que diziam os presidentes de Sporting e FCP, pacíficos como os mais borraçudos e pacatos dos sendeiros, em pleno período de bruxaria corrupta do Benfas:
FCP, 2016: " Se eu não acreditasse, não estaria aqui nem ele nem eu",
Sporting 2016: "Vamos ser campeões em todas as modalidades".
Temos, portanto, que, só por alturas de Maio do corrente ano, com a peleja já decidida a favor dos encarnados, se descobriu de sopetão: corre há anos uma pilhéria ingente perpetrada pelo Benfas. Não julguemos com severidade a falta de azougue. Por coincidência, é só por issso, os retardados demoraram anos a perceber a revelação.
E o que decidiram os compinchas em alegre copo de três? Denunciar às autoridades a vil trama, entregando provas irrefutáveis da moscambilha? Não. Optaram por um talk-show, pingado e próstatico, estribado em emails surripiados que sabiam muito bem não poder constituir prova, avisando sempre que o melhor estava para vir. E veio: no último episódio ofereceram ao país a biografia do bruxo Nhaga.
É certo que se se vier a verificar a menor das faltas do Benfas, o nosso vice-presidente, o sr.Vieira, terá de ser responsabilizado e o clube também: no Glorioso somos todos por um e um por todos.
E também é claro que podíamos discutir o talk-show, mas, se o fizermos, desviamos a atenção dos adeptos de SCP e FCP de tão entrudada bambochata. E isso não queremos, não senhor.
sábado, 13 de maio de 2017
Ser do Benfica : como prometido, não retiro uma vírgula.
Sou do Benfica como gosto de ser em tudo ao qual estou ligado: com liberdade. A minha liberdade não acaba nos protestos contra a Le Pen, o Trump ou os dementes leninistas de Caracas; não acaba nos direitos dos imigrantes ou dos refugiados; não acaba quando asseguro o meu perímetro de liberdade negativa.
Ser do Benfica não é ser do Vale e Azevedo (todos os que se lhe opunham eram traidores odiosos); não é ser do sr. Mendes, do sr. Quique Flores (uma ser tão amável quanto incompetente) ou do sr. Rui Vitória( também parece ser excelente pessoa) , que põe a equipa a jogar um futebol deprimente.
Ser do Benfica é pertencer a uma comunidade imaginada (ainda que o Bataille não fosse do Benfas). A comunidade dos que querem ser os melhores no campo, dos que jogam muito mais do que os outros. Não é ser dos que vencem. Atenas era melhor (tanto assim que foi copiada) , mas Roma venceu. É ser ateniense. Ou, como no hino do Piçarra, ser o maior de Portugal.
Também é ser grato. Ao sr. Bruno de Carvalho e à sua corte. Se tudo correr bem, quatro anos, quatro títulos.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2016
Rui Derrota
Antes da pausa ( Natal e perambulações várias para tentar publicar um livro de histórias de violência sobre mulheres), o meu Benfica:
As dúvidas estão dissipadas. O RV será um óptimo treinador para o Paços de Ferreira ou para o Guimarães. O Jorge Mendes podia tentar lá colocá-lo. Ou num paraíso fiscal.
A equipa não tem temple, não manda no jogo, faz contra-ataques venenosos e defende como um aflito. É um Paços. O problema é que a Luz não é a Mata Real.
Fomos campeões e até podemos voltar a sê-lo outra vez este ano? Faço minhas as palavras de Bismarck sobre o título que Guilherme I deveria ostentar ( imperador da Alemanha ou imperador alemão) : Nescio quid mihi magis farcimentum esset. Ou seja, estou-me nas tintas.
sexta-feira, 9 de dezembro de 2016
Frederico Lourenço: uma excelente notícia
Comecei a ler as sua traduções de poesia grega clássica, estava ele ainda na Cotovia ( 2006).
É bom para ele e para nós.terça-feira, 29 de novembro de 2016
Política, media, redes sociais e os cegos ( III)
Era assim que dantes as pessoas comuns escreviam no espaço consignado aos leitores dos jornais:
Exmo Sr Director
Deixe-me começar esta humílisima epístola por felicitar o jornal que V.Exa. superiormente dirige. Que Deus lhe dê muitos e bons anos nessa hercúlea e gloriosa tarefa.
O assunto que me leva a incomodar V.Exa , e a partilhá-lo com os seus leitores, é o seguinte : na minha rua existe há seis meses uma canalização rota que blá blá blá..... traz grades incómodos aomoradores blá blá .................
Agradeço, penhorado, a atenção de V.Exa,
Anastácio Velinha
Bem antes de a maré twitter virar ( das primaveras árabes para o Trump), as caixas de comentários dos jornais online já eram o alvo : lixo, baixaria, vazadouro, não se admite, fechem essa gaita etc.
Temos, portanto, que o problema não é uma técnica específica, ( o twitter é diferente das caixas de comentários dos jornais) , mas a titularidade de um novo espaço comunicacional.
Podemos falar de ampliação, ou de ligação directa, mas também podemos usar o conceito que Manchev aplica à condição sobre-estética: uma totalização privativa. Significa isto um campo sensível capaz de reagir a todos os estimulos, o sonho de Fukuyama , no qual o lifestyle se sobrepõe às velhas identificações colectivas, políticas, que organizavam o mundo. Manchev considera isto um snobismo em que a vida fica reduzida a uma mercadoria através de modos de troca, produção e controlo, que impõem reacções imediatas a estímulos estéticos que, por sua vez,geram mais reacções Um campo animal, um sentido aistético, já não da arte, mas, neste caso, da comunicação.
Simplificando, a opinião política aberta a todos, em tempo real e sem mediação das velhas elites é o sonho , sim, mas não o de Fukuyama: o dos anarquistas. Zizek, pelo seu lado, já desdenha dos Indignados espanhóis e dos manifestantes gregos:
As pessoas, coitadas:
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Talvez
Está pronto o que pode ser mais um livro. Não, não é o manual de
autodestruição. É sobre mulheres, as que morrem que nem tordos. Se
sempre houver edição dou-vos notícia.
sábado, 26 de novembro de 2016
Política, media, redes sociais e os cegos ( II)
Leiam isto. Lembram-se das primaveras árabes? Vejam como o mesmo jornal falava de uma rede social em 2011. O que mudou? Até um morto responde. Aliás , só um morto pode jsutificar que baste um Trump para mudar toda uma teoria sobre redes sociais.
A autora é muito clara na sua confusão:
Em vez disso — e tal como acontece com todas as tecnologias — as redes
sociais são ferramentas que podem enriquecer os processos democráticos,
pois ajudam a dar voz aos que não a têm, mas que, por outro, são uma
plataforma excelente para os populistas disseminarem a sua mensagem de
forma muito eficaz. A lua-de-mel das redes sociais acabou.
A confusão assenta na categorização moral de uma tecnologia. Ao endeusamento segue-se a reprimenda. Aqui já nem interessa que o motivo seja o de sempre ( elegeram um tipo de quem os departamentos universitários não gostam), antes a própria categorização.
A expressão popular, no lavadouro municipal ou no twitter, não é um valor moral em si. A tecnologia que amplia essa expressão também não pode, logicamente, constituir uma categoria moral.
( cont)
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
O cu e as calças
SIC-N, antes das 20.00h. José Pedro Tavares, enviado à Turquia. Depois de reconhecer os milhares de prisões de jornalistas (colegas dele) , advogados, professores etc, termina comentando a resolução do PE sobre a Turquia: isto vem numa altura em que a Europa vive uma onda ( penso que foi esta a expressão) de xenofobia e islamofobia.
A única onda que a Europa tem tido é de ataques letais e ajuda a refugiados ( pese a Hungria) , mas devia bastar a prisão e perseguição psicóticas de jornalistas colegas dele. Nada chega para esta gente.
A única onda que a Europa tem tido é de ataques letais e ajuda a refugiados ( pese a Hungria) , mas devia bastar a prisão e perseguição psicóticas de jornalistas colegas dele. Nada chega para esta gente.
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Política, media, redes sociais e os cegos ( I)
Toda a mudança tecnológica implica transformação social. Isto é uma lei de bronze que, quando ensinava psicologia social, desafiava os meus alunos a contrariar. O prémio era de 500 euros. É delicioso que tanto politólogo, colunista , sociólogo e analista só tenham isto para dizer sobre política e redes sociais: "É uma vergonha, pá".
É delicioso, mas não nos deve espantar. Quando alguém justifica a ascenção de um político através de eleições, há sempre o coro dos distraídos: "Hitler também chegou ao poder através de eleições em 1933". Por acaso não houve eleições nenhumas em 1933, por acaso o partido nazi perdeu votos e lugares em 1932, por acaso foi nomeado porque alguns amedrontaram-se e porque a alta finança alemã queria ordem nos vermelhos. Seja como seja, a palavra do povo é uma estucha...
O essencialismo reside na representação que, em cada época ou lugar , o poder de nomear desenha. Tem o poder da palavra, de dizer como as coisas são.
Em Cuba não são necessárias eleições porque toda a gente ( o PC cubano) sabe o que o povo quer. Lassale era ainda mais pragmático nos seus conselhos a Bismarck: as massas querem é recompensas materiai: dê-me o sufrágio universal e eu dou-lhe um milhão de votos.
Se nada disto é novo, como é possível o estupor diante do efeito das redes sociais? Como é possível o ar compungido com que se queixam de agora toda a gente ter opinião sobre assuntos complexos? Claro que problema não é o homem da rua agora ter opinião nem sequer o de poder exprimi-la. É poder ter e exprimir em condições de recepção iguais aos dos dono da representação. Vai ficar cada vez mais difícil ser cubano.
( cont.)
domingo, 16 de outubro de 2016
Praxe ( II): UBI, Outubro 2016:
Esta rapariga está comigo em apoio terapêutico, conheço-a bem. Passou um calvário com cirurgias e um ano de fisioterapia ( um problema osteoarticular).
Texto no original:
( ela mudou de ideias, não quer o texto publicado)
Texto no original:
( ela mudou de ideias, não quer o texto publicado)
Subscrever:
Mensagens (Atom)