domingo, 23 de novembro de 2014

O nacional-tremendismo provinciano: "do regime"



"É o regime que  está em causa", "o regime foi capturado", "meu Deus o regime na mãos de um juiz". Ao  ritmo do comando da TV: a  começar pelos Marques ( Lopes e Mendes) , continuando pelos comentadores avulsos  e terminando nos doutores politólogos.
Tantos fins de semana em Londres escapando à pocilga,  tantos livros folheados na  Bulhosa, tantas estrelas Michelin e continuam  os mesmo  bertoldos de sempre: um homem que já foi governante está ser ouvido por um juiz por causa de uns problemas com uma conta no banco. Se houver mais, aplica-se  a lei.
Depois enchem a boca com o exemplo do ministro  norueguês que vai de bicicleta para o trabalho ou  com os países  em que  a Justiça  leva  a tribunal chefes da polícia.
Sem emenda.

43 comentários:

  1. As eleições antecipadas voltam para a gaveta.
    Carlos

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  2. Mas a chave "provincianismo" não parece explicar tudo. Todos os vícios de uma cultura democrática epidérmica e duma produção do infoespectáculo resvisteiro e baratuxo existiam mas a crise colectiva acentuou os registos da gritaria dominante. Isso ainda é mais preocupante.

    XisPto

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  3. E no entanto, talvez de onde menos se espera, no meio da sua própria gritaria, algo bem observado:

    http://aspirinab.com/valupi/filme-dentro-do-filme/

    Xispto

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  4. Ó que gente tão plácida e civilizada, um bálsamo no meio da berraria dos bertoldos provincianos. Quer dizer que há uma espécie de incompatibilidade em falar-se nos exemplos noruegueses e criticar aqui ou lançar-se suspeitas sobre o funcionamento da justiça? E porquê? O funcionamento da justiça é aqui uma colónia nórdica? Conhecem melhor e mais entertaining exemplo de “infoespectáculo revisteiro” do que aquela manifestação do PNR no meio dos flashes e microfones no momento da detenção do Sócrates? E se os vossos ouvidos não fossem demasiado sensíveis, talvez eu também falasse na forma da detenção ou no seu timing, mas depois isto ficaria a soar como uma feira popular, valha-nos Santo Justo, cambada de parolos sem emenda.

    caramelo

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    1. este tipo de comentário é porquê? Acordaste mal disposto? Vai grelhar endívias: não é sobre o funcionamento da justiça, é sobre o regime capturado, a crise do regime etc..

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    2. quanto a falares sober o timing da detenção, tens outros fóruns de tipos que leram o processo, estão dentro do gabinete do juiz. Há muitos.
      Também há os das fogueiras e dos aleluias se quiseres variar do snobs sensíveis como eu.

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    3. Sim, uma gritaria de acácios fanáticos e histéricos que do cosmopolitismo só têm o perfume. Porque o que há para dizer sobre isto é “um homem que já foi governante está ser ouvido por um juiz por causa de uns problemas com uma conta no banco. Se houver mais, aplica-se a lei.”. Para o resto, vai-se para fóruns mal frequentados.
      Não estou nada mal disposto. A sério.

      caramelo

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  5. De um professor doutor da mais tradicional escola de Coimbra e que por isso está longe de ser um catastrofista, aflorando uma hipótese de crise de instituições do regime (céus, sim, exatamente isso)

    http://causa-nossa.blogspot.pt/2014/11/exageros.html

    caramelo

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    1. caramelo, só é pena Vital Moreira não se ter lembrado do tal «sério risco de golpe profundo na credibilidade do regime de investigação criminal e do Ministério Público, se esta operação [...] se revelar infundada ou, pior do que isso, produto de uma agenda política ou corporativa» quando o país tomou conhecimento da investigação dos vistos gold. A preocupação com o sistema de justiça teria soado mais honesta. Sendo como é, soa só oportunista.

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    2. Carlos, eu começaria por dizer que a preocupação com o sistema de justiça é antiga. Preocupações legitimas, ou não, de um lado e do outro já se fizeram queixas sobre o sistema de justiça, colocando em causa um dos pilares do regime, a aplicação da justiça. Lembro do que se dizia (e diz) acerca do anterior procurador geral da república e do anterior presidente do supremo tribunal de justiça e das suas ligações ao Sócrates ou do caso paulo pedroso/ferro rodrigues. Podemos falar na legitimidade ou credibilidade de uns e outros, o que não podemos é ficar paralisados com isso e ignorar que as suspeições sempre existiram e são coisa normal, assim como não podemos fingir que se deve tratar um caso destes como um caso de divisão de águas na província, tratando a justiça como uma abstração. É claro que a forma como tudo foi feito, desde o aparato mediático da detenção, até às fugas da informação do que devia estar em segredo de justiça tem sérias implicações politicas, não para o Sócrates, mas para o PS. A forma, aqui, é mais do que forma, é matéria. Sendo assim, é ou não legitimo perguntar se há interesse e quem tem interesse nisto? A justiça não se pode queixar que suspeitem dela, se permite que os jornais todos os dias forneçam aos estimados leitores peças do processo.
      Tome-me como parte interessada nisto. Admiro o Sócrates, acho que foi um bom primeiro ministro e tenho pena que isto lhe esteja a acontecer e mais ainda que o PS saia beliscado com isto. Não caio é no erro de concluir, só por isso, que está inocente. Estou muito interessado em que o processo avance e se chegue finalmente a uma conclusão.

      caramelo

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    3. caramelo, eu não disse que não suspeitava do modo como o sistema de justiça funciona. Mas isso não me impede de verificar que quem agora aponta todas as falhas e mais algumas ao sistema de justiça chafurdou na lama, para não dizer pior, aquando da notícia dos vistos gold (o Vital, nesse caso, justiça lhe seja feita, até fez uma referência à violação do segredo de justiça). Vá ler o Câmara Corporativa, o Vai e Vem e toda essa sarjeta da moralidade oportunista escreveram e diga-me que estou errado. Uma verdadeira preocupação com o sistema de justiça é independente dos visados; o resto são tretas.
      Quanto a mim, não gosto do Sócrates, não considero que tenha sido um bom PM, mas não deixo de o tratar com correcção, ou seja, tento ser justo. Se terei falhado? Com certeza. Mas esforço-me por ter discernimento e nunca desci ao nível da gente que mencionei (mesmo esforçando-me muito, não conseguiria; modéstia à parte, não nasci para ser cão de fila de ninguém).

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    4. caramelo, já agora, e com a licença do Filipe, deixo aqui algo que escrevi há quase 5 anos: http://thecatscats.blogspot.co.uk/2009/12/onde-esta-alternativa-nos-ultimos.html. Com as necessárias adaptações, é isto que tenho a dizer sobre Sócrates.

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    5. Caramelo, tem o excelente exemplo da deputada ana gomes. Sempre de atalaia, dedo em riste, e aponta a insídia corruptiva aqui e ali... é Portas nos submarinos, os patos bravos e quejandos. Mas quando o sistema formal de justiça aponta o dedo ela desce do cavalo, pede esclarecimentos, garantias e entoa prudências várias que já decorrem dos princípios e das leis formais que sujeitam o tal sistema formal de justiça!! As redundâncias de chutar para canto!!
      Discutamos a Justiça do sistema formal de justiça, sempre! Há exemplos de casos notórios, recentes e publicados. Como é que se desenha um cumulo de 17 anos, por ilícitos que materialmente se consomem no mesmo mal, ao pobre tonto do Godinho, cujo pior pecado é ter-se em tão pouca conta e crer que prosperava, não pelo seu engenho, trabalho e dedicação, mas por méritos da subversão!? Como é que se determina ao cumprimento efectivo de uma pena de quase 3 anos, pelo sequestro de um miúdo, a um imbecil, de consciência ética deformada, que em consciência verdadeira, que não recta, fez o favor de levar um imberbe às putas!? E muitos, muitos mais!!
      Eu não regozijo com a detenção e prisão de Sócrates!! Eu não regozijo com nada que tenha qualquer relação com Sócrates!! Nada sei do caso, ainda não é público!

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    6. Carlos, vou tentar sintetizar o que penso disto tudo. Eu não me lembro de nenhum processo de destruição de um homem semelhante a este. Demolição do homem e do politico, sem precedentes. Aqui agora numa pequena provocação ao Filipe: o Expresso, supostamente um dos jornais do regime de esquerda, traz um artigo do Henrique Raposo que é de antologia. Lá para o fim, diz que se por qualquer motivo não se vier a confirmar a acusação, perde-se uma oportunidade de se reformar o regime. Isto significa o quê? Pois. Ontem assisti na RTP Informação à participação, diria antes, à dominação, da Manuela Moura Guedes, uma coisa extraordinária que só visto, perante a total passividade da jornalista e a quase total complacência dos outros participantes, amedrontados.
      Não é pelo estilo, ou por causa do tecnoforma que não gosto do Passos, nem é por causa do estilo que gosto do Sócrates, ou, pelo menos, não é a minha apreciação do seu caráter pessoal que é relevante. Gosto, porque já acompanho há muitos anos a sua politica, começando pela área do ambiente, em que trabalho, e acabando em reformas administrativas, passando pelas melhorias nos índices de educação ou no investimento na ciência. Assiste-se agora a um apagamento total. Não é um apagamento estalinista, não vem de cima, é uma rede de apagamento total, sistemático, em rede. Não há sequer lugar para essa discussão e apenas quem não tem qualquer ambição na vida, nem sequer a ser administrator do seu prédio, se atreve hoje a defender a sua herança. Não o faz o PS, e eu também não o faria no lugar deles, por razões óbvias. Devem estar numa extrema tensão entre um imperativo ético de defender alguém que foi seu líder e a ignominia que seria tal coisa. Como quero o Costa no poder, não lhe aconselho o suicídio.

      caramelo

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    7. caramelo, não estava a tentar pôr um ponto final na conversa! Foi apenas um comentário que correu mal.
      Começando pelo debate na RTP, segui-o através da Internet, embora não o tenha visto na íntegra. Se eu fosse amigo de Manuela Moura Guedes, teria sentido vergonha por ela. Não o sendo, quase senti pena dela.
      Volto a Sócrates para lhe dizer que o homem não desperta só ódios viscerais: desperta paixões viscerais na mesma medida. Eu não sinto nada disso; apenas não confio nele. Mas devo dizer que aprecio nele uma característica: apesar de ser vaidoso (pelo menos, é a minha impressão), não se importa que não gostem dele, coisa rara num político.
      Quanto a nunca se ter visto antes um processo de destruição de um político como este, não sei se assim é. Claro que se se entender que este processo judicial é uma cabala, e não digo que é o caso do caramelo, tem que se ter essa visão. Eu creio que já tivemos casos de tentativa de eliminação de determinadas figuras do espaço político. Dou dois exemplos, por acaso (ou não, porque não creio que o género seja alheio ao ódio que despertaram), duas mulheres: Lourdes Pintasilgo e Leonor Beleza. Dir-me-á que não foi com a mesma magnitude. Eu digo que os tempos eram outros: a informação não circulava à mesma velocidade e não existiam redes sociais. Além disso, a passagem do tempo tende a «suavizar» tudo.
      Por fim, creio que o PS não se deve atravessar oficialmente. Se Sócrates tiver amigos no PS, e se forem dignos dessa palavra, podem e devem manifestar essa amizade a título pessoal. Claro que, como quase tudo na vida, terá um preço; estarmos ou não dispostos a pagá-lo também nos define. É justo? É o que é.

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    8. Carlos:
      "Sá Carneiro, bigamo!
      Sá Carneiro: paga o que deves, caloteiro!"

      Nesta altura anda toda a gente muito criativa.

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    9. Filipe, não pretendi esgotar todos os casos; daí ter escrito «dois exemplos». Ocorreu-me Sá Carneiro, sobretudo por causa da sua relação com Snu, pela qual chegou a ser atacado por Soares e/ou por Maria Barroso («Nós, as famílias legítimas»; cito de memória) e desconsiderado por Ramalho Eanes. Mas não percebi uma coisa: discorda dos meus exemplos? Esclareço que são independentes de simpatias (essa simpatia só existe num dos exemplos).
      Já agora: presumi, creio que correctamente, que o caramelo se referia ao pós-25 de Abril. Caso contrário, a lista de exemplos teria que aumentar substancialmente, e os que dei passariam para segundo plano. Até porque Sócrates ainda está vivo.

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    10. caramelo, presumo que o seu «?» se refere ao meu «.».

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    11. (Nota: a relação de Sá Carneiro com Snu pode parecer uma banalidade em 2014, mas não o era em finais dos anos 70. Lá nisso, o país mudou muito.)

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    12. Carlos: era para o caramelo, esta porcaria do blogger troca-me as voltas.

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    13. Carlos, tá tudo bem, só fiquei confuso ;) Agora continuando, a admiração pelo Socrates não me parece que chegue à paixão visceral. Pronto, temos o gajo do aspirina b, mas esse, sendo obviamente um admirador do socras, é sobretudo um provocador, topa-se à légua. Também me apetece às vezes dizer que o gajo é o maior politico do século, mas não sendo uma estrela como o outro bacano, seria tristemente ignorado. E depois temos aqueles blogers ou coletivos que, diz-se por aí, defendem o tipo por serem pagos para isso ou por quererem um pedaço de poder. Acho que isto não se qualifica como fanatismo. Do outro lado, a coisa chega a ser uma religião. Pessoas realmente dedicam fervorosamente a vida, e de graça, a isto. Eu fico fascinado a ler o portugalprofundo e outros assim. Aquilo tem uma mística. O Costa e o PS. O Costa e o PS têm que ter agora muito cuidado. Pose de Estado e muito tento na lingua. Mas vai dar muito trabalho. Ou não lhes perdoam que defendam o Sócrates, ou os acusam de não lhe mostrar solidariedade. Crápulas de qualquer forma. Muito menos trabalho tem o Passos. Fez um discurso em que meteu no meio a frase: “os políticos não são todos iguais”. Podia estar numa feira de agricultura a falar sobre criação de porcos, que arranjaria maneira de dizer “os politicos não são todos iguais”. Tornou-se viral e é quanto basta.

      caramelo

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    14. Filipe, o Sá Carneiro é e será para sempre uma grande referência moral, ética, politica, etc, etc, de metade do país e outro tanto. Sinceramente, nunca percebi bem porquê, mas adiante. Dessa do bígamo o Soares já se arrependeu e do “não pagues caloteiro”, já ninguém se lembra.
      Carlos, pelo menos depois do 25.A . É verdade que vivemos outros tempos, com a internet e tudo. Mas há muito menino que, mesmo sem internet, iria para o Rossio distribuir folhetos e soprar numa corneta contra o Sócrates, se faltasse a luz à internet.

      caramelo

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    15. eu vou, no meu provinciano e obscuro canto, ajudar o Costa nisso.

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  6. Caríssimo Filipe, durante anos a fio ouve-se a conversa (ou o que é o mesmo, o paleio) sobre a partidocracia, a captura do país e do regime pelos poderosos, como se deveria imitar os bons exemplos das «nações polidas e civilizadas da Europa», etc., etc.; mas sempre que alguém rapa do crachá em nome da lei para aplicá-la (bem ou mal, ver-se-á depois nas instâncias devidas) com algum «filho-de-algo», aqui-d'el Rei que está em causa o tão decantado Estado de Direito Democrático, que assim não se faz, que feio foi o que lhe fizeram, vê-se mesmo que foi tudo para a fotografia e para o «infotainement», o desgraçado deixou de ser importante e agora tornou-se um alvo legítimo, isto é para distrair dos outros casos mediáticos, etc., etc., etc..
    Como disse de modo lapidar o camarada Jerónimo de Sousa, «não se pode ter o bolo e comê-lo».

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  7. Porque é que ninguém fala da Cândida Almeida e do ano que antecedeu este?

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  8. caramelo, o gajo do Aspirina B até tem demonstrado alguma sobriedade. Deixo-lhe alguns exemplos do que entendo serem «paixões viscerais» (e, neste momento, não critico ou elogio; apenas constato):

    1. «Mas há um outro lado desta história: Contraditoriamente, hoje começou também a “libertação” de José Sócrates. Porque a dimensão e severidade da pena que lhe foi aplicada, transforma-o em vítima e em mito.» [http://vaievem.wordpress.com/2014/11/25/socrates]

    2. «Ele tentará agora provar a sua inocência e tomara o consiga - mas não sei como tal vai ser possível com os cães raivosos à solta, com investigadores e jornalistas em conúbio, com a opinião pública a ser violentamente manipulada a toda a hora, em todo o lado.» [http://umjeitomanso.blogspot.co.uk/2014/11/jose-socrates-em-prisao-preventiva-tres.html]

    3. «A medida de coacção imposta causa perplexidade e acorda velhos fantasmas. Como não podemos fugir ao valor simbólico das datas, lembrar que, com um intervalo de 39 anos, a noite de 24 para 25 de Novembro voltou a levar o país ao estupor.» [http://www.daliteratura.blogspot.co.uk/2014/11/esperar-para-ver.html]

    E há mais.

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    1. Carlos, o 1 e o 3 não me parecem "paixão visceral", pelo menos, não no sentido que eu dou à coisa. Aliás, nada do que escrevem os seus autores me parece particularmente apaixonado ou visceral. Combate politico, isso sim. A 2, já me parece que sim. está escrito com pathos.
      De qualquer forma, acho que o Socrates, ao contrário do que me parece ser entendimento comum de muitos analistas, não suscita muitos amores assolapados. Tem muitas arestas. O último politico que o conseguiu foi o Eanes. Gosto pelas fardas. O Passos, que tem qualquer coisa de castrense, também provoca muitos suspiros.

      caramelo

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    2. O Sócrates sempre teve detractores e gente, como os autores dos excertos 1 e 3, que o defenderam com unhas e dentes; era isso que eu queria dizer com «paixão visceral» (expressão mal utilizada, reconheço-o). Concordo que nada do que escrevem é particularmente apaixonado, mas, no caso de Sócrates, também não é mero combate político: é uma defesa do homem.
      Quanto aos amores assolapados que menciona, não sei, confiarei em si. Mas tenho umas senhoras na família que garantidamente sentiram um fraquinho pelo Otelo nos tempos do PREC.

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    3. Errata: «gente [...] que o defendeu», e não «gente [...] que o defenderam.

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    4. ui, o Otelo partia corações, era um tipaço charmoso...o Eanes por outras razões. Naquela altura, "o Eanes" soava muito diferente do que hoje soa "o Cavaco". As velhotas adoravam o Eanes. Não sei se se lembra (ou se é desse tempo) passava na altura o Tigre da Malásia na tv, que tinha um herói (ou quase herói...) português chamado Yanez, qualquer coisa assim. Também não calhava mal.

      caramelo

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    5. Ainda sou um gajo novo, caramelo (ou, pelo menos, não muito velho). Fui concebido há exactamente 39 anos, em pleno fim do PREC. A minha mãe sabe estas datas com algum detalhe porque o meu pai cumpria o serviço militar na altura e só ia a casa de x em x tempo. Mas li alguns livros do Salgari há uns anos.

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    6. Eu disse o Tigre da malásia, mas devia ter dito Sandokan, mas isso o Carlos já sabe. Devorei todos os que havia do Salgari na altura. Fica a saber que eu até sei que o Sandokan era o Kabir Bedi.

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    7. caramelo, comprei alguns num alfarrabista para oferecer ao meu primo mais novo, que é como se fosse um sobrinho. Enquanto os tive em casa, fui-os lendo. Não lhe direi que os adorei, mas é uma leitura escorreita, agradável, e pensei: o puto vai adorar isto. O puto (agora tem 21 anos, mas será sempre um puto) não gostou (só acertei quando lhe ofereci livros de manga).

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    8. Eu já nem lhes pego; tenho medo. Há uma data de coisas que li quando era puto e que agora só compro por nostalgia, sem abrir. Nesse género, acho que só posso confiar na eternidade do Dumas pai e do Paul Feval.

      caramelo

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    9. Do Dumas, com certeza. Não conheço o outro, confesso que nem de nome.

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    10. Paul Feval. Lagardére, o bom, contra o principe de Gonzague, uma peste. Capa e espada. O Capitaine Fracasse, do Theophile Gautier, também é divertimento garantido, mais no género bufão e flamboyant. Passei a infância nisto, pronto, mais o Júlio Verne, e a ouvir os parodiantes de lisboa numa coisa chamada rádio.

      caramelo

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    11. caramelo, passei a minha infância com os livros Astérix, do Lucky Luke (mais rápido do que a sua sombra), da Disney (Tio Patinhas, Pato Donald, Mickey, Zé Carioca, etc.), do Charlie Brown, da colecção Uma Aventura e da colecção infantil da editora Livros do Horizente (de autores como o António Torrado). Definitivamente, somos de gerações diferentes.

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    12. Carlos, nem tanto! Não tenho 100 anos, só 50. ;) Eu só estava a falar de livros sem figuras. De resto, devorei o Asterix todo e o Lucky Luke e o resto da revista do Tintim, e já havia as revistas da Disney. Desses que diz só não havia o Uma Aventura e o Torrado; Ah, e Os Cinco e Os Sete. Acho que havia ainda pouca literatura infantl portuguesa. Eramos colonizados pelo imperialismo. Também não havia ainda telenovelas portuguesas. Sabiamos tudo da luta de classes no Leblon e da plantação de café na Baia, mas não sabíamos como viviam as cabeleireiras na Amadora.

      caramelo

      car

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    13. caramelo, não pensei que tivesse 100 anos. No máximo, pensei que fosse «velho, velho, velho, velho dos tempos da União Nacional»! :-) [por favor, veja a parte final deste vídeo: http://youtu.be/tYzQdsJtKOQ; adorei esta intervenção da Drago, e quase tive pena dele - sublinho o «quase»]

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    14. Muito bom, Carlos :)

      caramelo

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