segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Irra que explico outra vez

A propósito das canalhices dos artistas portugueses que se queixam de que o país está uma desgraça e não os aprecia tudo porque este governo nos fez isto e aquilo.
Um grande amigo meu foi durante muitos  anos  empresário de nomes conhecidíssimos ( e de outros que na altura  niguém ouvia falar e agora enchem salas,  como o Legendary Tiger Man). Ele contava-me , por exemplo, pelos idos de 2004, como a coisa funcionava. As câmaras contratavam os seus artistas, iam todos, dormiam bem e comiam melhor, os cheques chegavam na hora. Os concertos eram de borla: BORLA.
Ou seja, os artistas ganhavam, o publicozinho ganhava,  ele ganhava, as câmaras pagavam. Quando chegámos a 2010, estávamos nós  numa esplanada a beber umas louras e perguntei-lhe: Então agora, como é? Ele respondeu: Agora acabou-se.

6 comentários:

  1. A maior parte do publicozinho", sr. dr., ganha o salário mínimo. A maior parte do publicozinho já pagou para poder assistir. A maior parte do publicozinho tem direito à cultura. sr. dr. nem todos tem o privilégio de viver na capital da pseudo intelectualidade, sr. doutor. E mais olhe em seu redor. Se calhar o seu telhado não é tão cristalino como o faz parecer. Somos todos culpados, não há aqui inocentes. Foi tudo muito fácil... criamos uma geração de oportunistas, que não vê limites para atingir os fins. Tudo é permitido. Isso é o que preocupa. É claro que há culpados, mas esses.. o tempo vai-se encarregar deles. Agora vamos viver do que realmente somos e não dos adornos que alguns necessitam ter para se afirmarem. O tempo libertámos do supérfluo e faz-nos regressar ao essencial. Não concorda?

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    1. ó desgraçado/a: o meu telhado é ultra podre.
      Cultura, desgraçado/a? O Emanuel e a Ágata de cebolada com o Tordo com bifanas à mistura para o autarca ser eleito?
      És um fascista/a.

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  2. ERAM de borla? Ainda há poucas semanas assisti de graça a um espetáculo catita ali na praça do comércio, olarilas. Pop/rock. Tu não desces à baixa, não sabes. Se o problema são as intenções eleitoraleiras, não há como fugir. Quem gosta do Emanuel, vota em que dá Emanuel, quem gosta de Chopin, vota em quem lhe dá a Maria João Pires, quem gosta do som do vento nos salgueiros, deitado à beira do Mondego, vota em quem planta os salgueiros. Olha que uma boa orquestra sinfónica numa praça pública, por exemplo, é capaz de intoxicar os sentidos e embolar o discernimento cívico a um tipo. Mas nunca reparei que por cá houvesse mais shows de graça do que em qualquer outra cidade ou país da europa; pelo contrário. Sou capaz de jurar, de olhos fechados, que Londres tem mais eventos de borla num dia do que Portugal inteiro, para além do render da guarda da rainha. Há lá muito gajo a tocar em coretos, pagos pela city, que não chega aos calcanhares do Tordo, quanto mais do Emanuel, para não falar dos hapennings disto e daquilo que não interessam ao menino jesus. Há dois géneros que não precisam de patrocínios e levam o farnel de casa: os punks e os ranchos folclóricos. Coimbra, já que falas no legendary, sempre teve disso abonde. Os saloios da capital é que pensam que Coimbra é só fado de Coimbra e estudantina.

    caramelo

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    1. sim, sim, não eram , o publico desapareceu de repente, os artistas são doidos valha-nos tu.

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  3. Percebeste mal. Quis eu dizer que muitos ainda são de borla, não "eram". Há menos, mas ainda há.

    caramelo

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