sábado, 28 de fevereiro de 2015

Declínio e queda do Império (bipartidário)

Um pouco por toda Europa, as dinastias que reinaram nas últimas décadas estão a morrer. Os socialistas mais depressa, os conservadores mais devagar. Parece que a culpa é da invasão dos bárbaros, à esquerda e à direita. Talvez, mas fico sempre surpreendido com aqueles que atribuem a queda do Império à crise recente. Soa-me a wishful thinking de quem não vê que os bárbaros já estão entre nósA decadência, quanto a mim, é mais profunda e tem duas causas estruturais: a imigração e a desconfiança nos senadores. Em diferente medida, ambas estão presentes em todos as províncias. No norte, a primeira faz crescer a direita: Frente Nacional, UKIP, Pegida, etc. No sul, que se lembra bem do fascismo, a segunda alimenta a esquerda: Podemos, Syriza, PCP (sim, o PCP é populista, graças a Deus, e o nosso melhor antídoto contra partidos de protesto ainda mais populistas).
As coisas, claro, nem sempre são assim tão simples - nunca são. Também há legiões nacionalistas (SNP no Reino Unido, catalanistas e outros em Espanha, Liga Norte em Itália) e hordas de demagogos (Beppi e Berlusconi em Itália, Marinho Pinto por cá). Como os outros, querem os despojos de Roma. Tudo somado, é coisa para durar. As dinastias que se cuidem.

Orientalismos


Há um aspecto curioso nas célebres declarações de António Costa à comunidade chinesa e, de resto, nas tentativas canhestras de as justificar. Costa falou em português para uma plateia de imigrantes radicados entre nós, muitos deles pequenos e médios comerciantes, que não pensarão voltar à China tão cedo e sabem que o seu sucesso também se deve à crise. Ou seja, estão integrados na sociedade portuguesa e conhecem o terreno. E, no entanto, o líder da oposição sentiu-se obrigado a vender-lhes um país "diferente", um paraíso de oportunidades, uma terra prometida - em que diz não acreditar. Como se eles, há anos por cá, fossem uma espécie de turistas broncos, a quem cantamos o sol e a sardinha para sacar umas massas. É uma imagem inversa do "negócio da China": em vez de os visitarmos para enriquecer, visitam-nos eles para ser espremidos. Edward Said, um amigo aqui do Dr. Vicente, deve estar às voltas no túmulo. Meio século depois da descolonização, o orientalismo está bem e recomenda-se. E logo, ó ironia, pela boca de um neto do Oriente.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Agora já podemos dizer com o prof Boaventura:

São fascistas infiltrados.

Liberais com os Silvas, marginais com os Bavas

Às 21.40h ainda não tinham um texto sobre o gestor público nomeado pelo PS,  típico funcionário público que brinca com o dinheiro dos outros e não sabe nada, não viu nada etc.

O Reservador ( 9)

Claro, claro. Se não houvesse  a crise, o dr Gonçalo e a drª Rita adorariam  passar o ano  no Cacém  ou em Odemira. O mesmo se aplica à  raia: o dr Frederico ou  drª Marta Sofia  estão impedidos  pela crise  de apreciar as capuanas delícias da vida em Idanha ou na Sertã.
Por acaso acho bem. Se não fosse  a crise eu teria menos dez anos e mais dois pares de olhos.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

In coelho veritas

Jorge Coelho, hoje , na Quadratura: "Isto do Costa com os chineses esteve seis ou sete dias sem ninguém lhe pegar".
Quando Relvas ia qualquer lado, mesmo a uma cabine telefónica, havia sempre uma câmara, um microfone  e um quase directo da Ana Lourenço ou da  TSF.

O Reservador ( 8)

 O nómada céptico:

No prefácio à primeira ( 1871)   Crítica da Razão Pura, Kant descreve  o céptico como uma espécie de nómada ( engolido  por revoadas de colonos que regressam para cultivar a terra). Wolf Lepenies, mais  de cem anos depois,  retomou a ideia, mas  com sentido positivo: o nómada vai sobreviver como homus europaeus,  céptico, sim, mas também inventivo, autocrítico e disposto à renúncia.
Os intelectuais de esquerda  europeus não cumpriram a autocrítica nem a renúncia vis a vis do terror político e económico da antiga Europa de Leste. Nem podiam, presos do mesmo  dogmatismo de Aquino diante dos averroístas. A experiência comunista foi ocultada, esquecida  e desculpada como um pequeno erro de percurso.
A situação em que estão hoje explica a histeria syriziana. A anacrónica Cuba, a desgraça venezuelana  ou o arquétipo norte-coreano não são bons de ver. Os intelectuais de esquerda e  as comanditas universitárias  e mediáticas também não querem olhar para o Brasil das negociatas e dos ministros demitidos  de hora em hora.
No fundo, merecem a situação. Incapazes de agarrar o mundo pelos cornos da desgraça, usam  a linguagem do século XIX com um mundo do século XXI em neurose autista ( não é metáfora desumana, é um conceito de Frances Tustin aplicável a não-autistas), que prefere a parte má do tecno-capitalismo a uma teia de aranha sem aranha.

Je suis socialiste

Anda um gajo a tentar fazer oposição aos neoliberais-fascistas que nos governam e vem o António Costa dizer que o país recuperou "nos últimos quatro anos"? Mas ele está por quem, afinal? Percebe-se que ande sempre caladinho... Por mim, solidarizo-me com o Alfredo Barroso: também vou rasgar o meu cartão de socialista. Se tiver um. Se não tiver, vou comprá-lo aos chineses. Os amigos são para as ocasiões.

O Reservador ( 7)

Solidarnosc:

Agora que a Grécia está novamente sob resgate da troika ( em novilíngua, "programa de ajustamento pela comissão tripartida")  podemos voltar aos nossos assuntos.

1) António Costa, como vimos, diante  de chineses ( a TSF demorou sete dias pôr no ar, as livres SIC-n e TVi nem sei se já o fizeram),   elogiou  a recuperação económica( um exagero, enfim...) dos últimos quatro anos e criticou violentamente os niilistas descrentes. Sem que se perceba por que motivo, este sítio não faz referência  à declaração de Costa ( embora lá tenha um post com o título "Deslizes"...). Ou seja, agora que o homem falou claro, Estrela Serrano também se cala. Resta-nos a esperança em Pacheco Pereira.

2) Enquanto esse  silêncio lambe chupa-chupas, protestemos contra outra faltas de solidariedade. Como bem lembra o FJ Viegas, e eu também tenho sido aqui muito  solidário com os venezuelanos, aquilo por  lá está animado. Prisões  a eito, prateleiras vazias, bastonadas, fome.  
A que se  deve este outro silêncio, este preconceito contra a Venezuela? Porquê esta subserviência da esquerda portuguesa ao  ...coiso, ao...qualquer ...coiso, coisa,  que está a asfixiar a Venezuela em nome de uma  austeridade  estúpida?

Estes não são "filosóficos":sem indústria discográfica, sem concessões

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

E isto:

Há sempre  alternativas, seus bois: Também não ouviste nem viste nada sobre  este Syriza subserviente e passo-coelhista,  pois não?

Viste isto em alguma televisão nos intervalos histérico-syrizianos?

António Costa elogia a recuperação económica portuguesa.
É o que eu digo: regressam émulos de  Feytor-Pinto, estamos  em 1973, com uma censura muito mais inteligente e suave, mas não menos fanática.

O Reservador ( 6)

Alberinos raivosos:

Fazendo fé em Burckhardt, parece que o  Papa Paulo II , aborrecido com a cizânia, chamou Antonio Caffarello e  Giovanni Alberino, ordenou  que se beijassem e esquecessem a raiva. Dois dias depois, Antonio foi esfaqueado pelo filho de Alberino. Paulo II , enfurecido, confiscou todo os bens da  família Alberino, queimou as suas casas e expulsou-os de Roma. 

Muitos intelectuais europeus são hoje Alberinos. O hoje  inclui os últimos  cem anos. Sempre em nome do povo, ao qual nunca pertenceram,   entretêm-se em naifadas ( com a caneta e o teclado)  ao sabor da última moda intelectual que lhes apraz ou que  a velhice que lhes traz. Assim puderam ser maoístas, socialistas, liberais, conservadores, belicistas, enfim, quase tudo numa animada vida de duelos impiedosos. O povo foi um pretexto.

Na parte de baixo a  raiva  também cresce  viçosa. Por causa de um canto mal assinalado, enlamearam o nome de um homem. Transformaram blogues engraçados  em cloacas de claques façanhudas. Agora podem entreter-se  com este osso. Não há Papa, mas há Deus.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O Reservador ( 5)

São tão incompetentes que até custa como não percebem por que motivo estão a desaparecer. E não é por causa da sintaxe.
Nem é necessário recorrer a Pessoa  (" parecemo-nos muito com os alemães, ele elevaram a disciplina social a um sistema de estado e de governo ao passo que nós nunca infligimos  a nossa  rude disciplina social"), basta  rir com o atestado de solidez ( falso, ainda por cima) alemão que estes idiotas passam  ao PM.

O Reservador ( 4)

Quando li isto fiquei com água na boca: não chega temer o "abrandamento". Como não se pode contrariar o INE ( reabilitado nos últimos  meses), há que ser criativo neste trabalho de sapa. Não foi preciso esperar muito.
Esta normalidade é boa. A SIC, TVi e TSF  dão um ar pré-74  francamente agradável, numa simbiose entre velhos maoístas e novos Adãos e Silvas. A cobertura da vitória do Syriza, por exemplo, fez lembrar as reportagens sobre as emboscadas nos Dembos.

O Reservador ( 3)

Confirmo. Estive ontem com Boris Vian, adjunto do ministro  francês para a Aeronáutica Subterrânea, e com Strangelove, sub-secretário do Almirantado de Terra, e ambos me disseram que concordam com Isichos. Agora que a guerra acabou,  as reparações devem ser o objectivo principal. Depois  trataremos da economia, educação, saúde etc.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Diário de um cínico

1. Descobri a solução para todos os problemas da Grécia: pedir um empréstimo ao amigo do Sócrates. Milhões e milhões sem juros, sem prazos, sem garantias. Só não sei se o Syriza é suficientemente de esquerda para isso...

2. É impressão minha ou Pacheco Pereira, no Público de sábado, apelou à maioria absoluta do PS?

3. Não vi, nem vou ver, As Cinquenta Sombras de Grey (há poucas coisas mais entediantes do que o sadomasoquismo), mas surpreende-me o êxito de uma história de sexo em que um macho poderoso impõe o seu domínio a uma fêmea submissa. Cem anos de feminismo e voltámos às cavernas.

O Reservador (3)

Os outros alemães:

Os alemães são maus, herdeiros dos nazis, imperialistas, os gregos são justos e bons: assim vai o mundo. Havia outros alemães, há outra linhagem.
Em 2014 este blogue ainda não disponibilizava uma biografia em inglês da czarina  da Justiça dos anos 50/60 na ex-RDA. A boa Hilde, no julgamento de Janka, que chegou a ser o patrão da maior editora  da ex-RDA, foi testemunha de acusação ( juntamente com o  ex-amigo de Janka, Harich,  que também conheceu o magnífico sistema penal alemão-comunista, um personagem que chegou a agradecer à Stasi  por o ter prendido) enquanto era ministra  da Justiça ( num julgamento sem defesa). Janka  fez o percurso habitual nos paraísos socialistas  reais: subiu e depois estatelou-se por conta de conspirações contra-revolucionárias. 
Sabes a cor das meias que J.H. Hoover  usava, mas nunca ouviste falar da Hilde? Normal. Assim se conquistam corações:  com sabão e carinho.


domingo, 22 de fevereiro de 2015

O Reservador ( 2)

Nos bons velhos  tempos, os revolucionários   assaltavam o poder, prometiam o céu,  instituiam o capitalismo de Estado, criavam uma  Tcheka,  iam a Cuba tirar fotos com Fidel e a Moscovo pedir dinheiro.
Agora  ganham eleições, escrevem blogues, passeiam de avião, fazem reuniões, tiram fotos com inválidos e vão a Bruxelas pedir dinheiro.

O Reservador ( 1)

Se és português
e amas a Grécia,
pega numa G3
e finge alopécia.

Muda

Sai o crocodilo e entra O Reservador. Não há outra possibilidade, com tantas conspirações que por aí há.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Lágrimas de crocodilo ( 12)

Acompanhar, estender, sugerir. Receber massa emprestada,  depender, prometer reformas.
É tudo mentira da comunicação social. A Grécia está em plena revolução, o Rodrigues dos Santos é um aldrabão, salvam-se  a SIC e TVi, bem dizia o outro.



Lágrimas de crocodilo ( 11)


Qual é a novidade? A esquerda lisboeta é snob, liga  a apelidos, a brasões, ao pedigree, ao demos. E depois? Se ela  só sai de Lisboa para as pousadas de luxo de Arraiolos e Sintra ou para ir ao banho de cultura a Londres, queriam que  fosse o quê? Amiga do povão comuna malcheiroso do Barreiro ou dos trabalhadores dos aviários de Oliveira  de Frades? 
Não sejam pobretes miserabilistas.

Lágrimas de crocodilo ( 10)

Que país representa um parlamento no qual o primeiro-ministro passa a manhã a discutir com a Catarina Martins do Estilhaço de Esquerda e  com  a Heloísa de Os Vermelhos-Verdes?
Bem, talvez, numa variação do síndroma de  Munchausen, o país parlamentar se  julgue  syrizado. É o velho problema gizado por Debord: : o espéctaculo é ideologia por excelência, porque expõe  a negação da vida real.


Lágrimas de crocodilo ( 9)

O grande Musil sobre a estupidez pretensiosa: Não existe um único pensamento importante que a estupidez não saiba imediatamente utilizar.
Pode ser, mas sempre que não desligo o rádio a tempo lembro-me deste   pequenito.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Lágrimas de crocodilo ( 8)


Não me recordo de esta justa repartição de sacrifícios  ter sido imposta pela troika. Ainda mais estranho é não me recordar da indignação das bancadas da esquerda parlamentar. 
As Moreiras, as Heloísas e os Galambas, os comunistas, enfim, todos os críticos do acentuaram-se as desigualdades, foram atacados de afasia. Uma estucha.

Lágrimas de crocodilo ( 7)


Para  não falar da  "bíblia  de despudor". O filme é bem  capaz de ter sucesso: porque há uma  espectacular miséria sexual, que constato em consulta há 25 anos, qualquer cruzamento da balada de Hill Street  com a Branca de Neve é confundido com uma aula de condução.
É característico  da miséria sexual o encantamento por brinquedos, bolinhas, patinhos, gel de sabores, vendas e algemas. O leite sem lactose, o cigarro sem nicotina e  a cerveja sem álcool acompanharão bem as sessões.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Lágrimas de crocodilo ( 6)

Uma coisa  engraçada, para quem se lembra dos pequenos-almoços em da task force em Belém,  é compreender por que razão isto  está na base disto.
O tempo é um grande escultor ( Yourcenar), sim, mas a pedra é pedra.

Lágrimas de crocodilo ( 5)


Espantoso. Já o "consumo  diário  e muito forte" de álcool, por exemplo, seis  whiskys  ou duas  garrafas de tinto,  é óptimo para combater a psicose ( ciúme delirante ou síndroma de Otelo), a violência doméstica e até dizem que melhora  a condução na estrada,  evitando mortos e feridos.
Por isso a canabis é proibida e o álccol vende-se em supermercados. O que é que não percebem?

Lágrimas de crocodilo ( 4)

Pois.  Como é que esta partição entre Cila e Caribde  deve constituir a razão do viver  português é coisa que me ultrapassa, ignorante que sou da alta  política. Prefiro Broch: a arte de uma época confunde-se com o espírito de uma época, ou, dito de outra forma:   a redução do conteúdo místico legitima o regresso à esfera concreta ( pp 124-125).

Lágrimas de crocodilo ( 3)


Não, Vital, não  é para lançar confusão nem é  nonsense. É estratégia política  genial, de alto coturno, ou, mais popularmente,  entre duas bifanas e umas imperiais mornas:  vamos entalar o Passos.
Que  a senhora  ainda há pouco tempo não passasse de uma  vespasiana velha  mal vestida, retrógrada  e  semi-analfabeta, é um pormenor sem importância. As grandes cabeças não ligam a pormenores.


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Lágrimas de crocodilo ( 2)

É de assinalar o avanço cultural.  No século  passado, a 19 de Abril de 1901, morreram 47 num só dia, no progrom de Chisinau ( instigado  por Pavel  Krushevan, o  chefe dos  Chornaya sotnya chernosotentsy). Agora matam esparsamente no tempo e no espaço: um em Copenhaga,  outro em Paris, um par em Bruxelas. Ou  matam mortos.
São, actualmente,  os únicos casos de assassínios religiosos em solo de  democracias europeias respeitáveis ( este óptimo  texto  omite que a islamofobia ainda não produz esse resultado), mas  o progresso - do ponto de vista judeu - não tem sido acarinhado como deve ser. Bibi não tem razão.

Lágrimas de crocodilo ( 1)

A facilidade  com que invertemos  a diáspora é acabrunhante. Numa vingança caramelizada pela queda de Malaca, optamos pela exportação para dentro.
É uma tradição. Ontem,  almejar ser como a África do Sul:
Ao mesmo tempo que  a colonização portuguesa deve  excluir   por completo  os indíviduos de raça preta, os portugueses  devem encontrar  um tipo superior de civilização como modelo e não o deplorável modo de viver dos operarios portugueses, devem  copiar as civilizações mais perfeitas da Inglaterra, da África do Sul e principalmente da Austrália, do Canadá e do Estados Unidos  da America ( pp 30 e 31) .

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Mira técnica

O intervalo continua mais um bocadito, em breve regresso e com roupa nova, mas miando pouco, arranhando sempre, temendo nunca ( com licença do Fialho, claro) .

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

E se

Tendo sabido, pela blogosfera, que o advogado de Sócrates deu mais uma entrevista, desta vez à RTP1, fui ouvir o sempre extraordinário João Araújo. E confirmei o que já suspeitava: a estratégia da defesa do ex-PM consiste em 1) descredibilizar a acusação por todos os meios e 2) negar a origem ilícita dos milhões que circulavam entre os seus bolsos e os de Carlos Santos Silva. Para concretizar 1), Araújo citou extensamente um blogue secreto de juízes e procuradores que se dedicariam todos os dia a "garotadas" como a de prometer enfiar o cachecol do Benfica pelo gasganete de Sócrates abaixo, ao que parece em desagravo pelo uso impróprio de símbolos do Glorioso, embora ressalvando, como não podia deixar de ser, que o juiz Carlos Alexandre nada tem a ver com o dito blogue...
 Depois da "malandragem" invocada por Soares, os apologistas de Sócrates apelam agora à "garotagem".  E tudo isto na televisão pública, em horário nobre. Que mais nos estará reservado?
Tudo indica que Sócrates e a sua claque não terão qualquer prurido em arrastar o sistema de justiça para a lama. O que me levanta algumas dúvidas. O que é que acontecerá à investigação com um Ministro da Justiça socialista? E se o juiz e o procurador temerem o pior e decidirem acelerar as coisas para levar Sócrates a tribunal antes de o país ir a votos? E que impacto terá nas eleições a conclusão do inquérito, vá ou não Sócrates a tribunal?
Só tenho uma certeza: os próximos meses não vão ser bonitos.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Crónicas do Planeta Oval: Começou o Seis Nações

E logo com um bang: Gales-Inglaterra, na sexta passada. Vitória difícil dos visitantes por 21-16, contra todas as previsões. Os galeses, a jogar diante do seu indefectível público e com todas as suas estrelas, eram favoritos, mas foi a equipa da rosa que mostrou os espinhos, apesar da onda de lesões, de uma linha de três-quartos inédita e de um asa fechado (Haskell) de recurso. Enfim, é uma maneira de dizer. O veterano 6 fez o jogo da sua vida e foi um dos responsáveis pela recuperação dos ingleses, que perdiam ao intervalo. Com a inestimável ajuda de Robshaw e Vunipola, placou todas as camisolas vermelhas que lhe apareceram pela frente, menos as 80 mil das bancadas, e só não marcou um grande ensaio porque foi parado pelo poste, por Faletau e por Cuthbert, que aliás teve de impedir a saída da bola do ruck, a meio metro da linha, para não levar cinco pontos. Uma falta feia e punida com cartão amarelo e penalidade em frente aos postes (convertida por Ford, outra grande exibição que possivelmente lhe valeu a camisola 10 até ao Mundial). Ben Youngs também fez uma bela joga, o que terá resolvido a dor de cabeça dos médios a Lancaster. E quantos aos centros, a outra grande dor de cabeça? A dupla Burrell-Joseph estava longe de ser óbvia, e talvez ceda o lugar a Barritt e Tuilagi quando estes voltarem das respectivas lesões, mas ninguém deu por nada. Pelo contrário. Joseph marcou um ensaio delicioso, escapando como uma enguia aos três-quartos galeses (a esta hora, North ainda deve estar no Millenium Stadium à procura do segundo-centro do Bath) e Burrell, sem grandes rasgos, que ninguém pedia nem esperava, soube travar as investidas do temível Jamie Roberts. Para ajudar à festa, o ponta Watson, presença intermitente no XV de Lancaster, marcou um ensaio depois de uma mais que intereressante jogada colectiva. Ah, e a Inglaterra impôs-se claramente nas fases estáticas. Se o domínio na mêlée não foi  uma surpresa, tal é a qualidade de opções na primeira linha, já a também inédita segunda linha (Kruis, estreia internacional, e Atwood, tradicional suplente de Lawes, Lanchbury e até Parling) deu conta do recado. Do lado de Gales, salvou-se o ensaio de Rhys Webb, um formação que joga sempre bem à volta da mêlée, depois de magnífica arrancada de Faletau, um dos melhores, e mais subestimados, 8s do mundo. Em resumo, a rosa venceu e convenceu. Com o extra spice de que estes dois velhos rivais voltarão a encontrar-se em Setembro, no grupo da morte do Mundial, onde estão metidos com a Austrália. Um grande ficará pelo caminho e os bifes, a jogar em casa, partem em vantagem. Entretanto, ninguém duvida que deram também um passo bem maior do que a distância entre Cardiff e Londres rumo à conquista do Seis Nações. Atenção: nada está decidido e têm de ir a Dublin a 1 de Março, no que será provavelmente o tira-teimas do torneio. Mas se continuam a jogar assim, os que, como eu, prevêem a dobradinha da Irlanda, actual campeã, vão ter que lhes tirar o chapéu...
E por falar em Irlanda, não se pode dizer que o primeiro jogo tenha sido entusiasmante: vitória em Roma por 26-3, cumprindo os mínimos. Mas ganharam. Em sua defesa, diga-se que jogaram sem Sexton, o habitual maestro, e com uma terceira linha pouco rodada, embora Tommy O`Donnel (a substituir Sean O´Brien, que se lesionou no aquecimento depois de meses de recuperação, imagine-se) tenha marcado um ensaio de encher o olho. Outro galo cantará no sábado, quando receberem a França. Mas o calendário é-lhes favorável: recebem os dois vencedores da primeira jornada e enfrentam fora os derrotados. E têm sempre Conor Murray, marcador do outro ensaio e em grande forma no tandem de médios. A esperança é verde.
Até porque a França deixou uma pálida impressão na vitória de 15-8 sobre os escoceses. Em Paris, foram os celtas a marcar o único ensaio e os anfitriões só ganharam à custa de uma mão-cheia de penalidades do promissor abertura Camille Lopez. Ao que isto chegou: os montanheiros a fazer correr os jacobinos... A boa notícia é que a equipa de Saint-André parece ter encontrado finalmente um chutador de jeito. Fraco consolo, porque tarda em encontrar o rugby champagne de outras eras. Há quem aponte o dedo ao dinheiro fácil da televisão que corre pelo campeonato gaulês, levando dirigentes míopes a importar três-quartos do lado de lá do equador (sinal dos tempos, o arriére que jogou pelos bleus no sábado era sul-africano de nascimento) e à asfixia de jovens talentos nacionais no Top 14. Uma conversa semelhante à da invasão de brasileiros para desculpar os maus resultados do nosso futebol. Mas a verdade, nada clara e distinta, é que Monsieur insiste em confiar a camisola 13 a Bastareaud (que saudades de Sella...), um cepo capaz de fixar dois defesas - magrinhos, bien sur, ou tão lentos como ele - e de enterrar a equipa sempre que a cabeçorra faz o esforço de pedir aos presuntos uma troca de direcção ou às manápulas um passe para alguém que saiba distinguir filet mignon e rosbife. Dá para nome de série: Reviver o Passado na Linha Maginot. E o que dói mais é que os frogs têm ao lado de tal guilhotina (não muito) móvel o melhor centro do hemisfério norte, Fofana, um desperdício de pura classe atirado ao lixo da história como  la grandeur de la France em Waterloo. No sábado, vou comemorar com Guinness a coça que vão levar, ohlala!

Mira técnica

Um ligeiro intervalo, regresso no final da semana.

Então não é?

"É compreensível que todos os dirigentes nomeados para os Centros Distritais da Segurança Social tenham ligações ao PSD e ao CDS?".

Claro que é: daqui a um ano lá teremos  de novo o dr.Portas, de dedinho espetado , a acusar o PS.

The nose job*

Há-de ser  por causa de Paulo Portas há-de....
A cosmopolita  aldeia lisboeta ( tão bem descrita pelo Meyer-Clason), de mão na anca e roupa no varal , continua bem  e recomenda-se.

* para indefectíveis de Seinfield

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Vargas Llosa

Mais um neoliberal  ignorante e sem mundo:

" Sólo la proliferación de los estereotipos y mitos ideológicos explica ese fenómeno de transferencia freudiana que lleva a Grecia (no es el único) a culpar al más eficiente país de la Unión Europea de los desastres que provocaron los políticos a los que durante tantos años el pueblo griego envió al Gobierno con sus votos y que lo han dejado en la pavorosa condición en que se encuentra".

Uma história oral

Imperdível. O meu pai levou-me lá tinha  eu treze anos.
Bem antes das caixas de comentários dos jornais, devem ter ofendido uns quantos. Não apenas  os das AK-47, mas também os pedantes, daqueles que agora se enxofram com  a falta  de respeitinho.

As alternativas sempre existiam

E depois dos gregos, António Costa vai pedir indemnização aos franceses por causa das invasões napoleónicas e Angola vai pedir a António Costa indemnização  por 440 anos de colonialismo.
E há mais, muitas mais, seus bimbos do pensamento único...

Tensão máxima

Em vez do pensar positivo: no Depressão Colectiva.

Haxixe nas farmácias?

O que penso sobre o assunto escrevi-o aqui, com o apoio da FCT, em artigos avulsos ( até na extinta Atlântico) e neste arquivo. A entrevista ao Observador dá  também um lamiré.
É bom referir que comecei por ser um homem  do terreno. Estagiei e depois trabalhei cinco anos  na primeira Unidade de Desintoxicação do então SPTT ( agora SICAD) e para  a Comissão Nacional de Luta contra a SIDA, no primeiro programa nacional de troca de seringas. Só depois do terreno, e do enfado com os burocratas  da toxicoterapia, incrivelmente  ignorantes do que tratavam,  comecei a estudar a geopolítica de drogas.
A declaração da ministra da Justiça vale pelo efeito de palco. Como comparo o haxixe ao álcool ( eu e gente muito mais qualificada, da neuroquímica), não alcanço a lógica de transformar as farmácias em dispensário de charros. Se, por outro lado, a declaração for para abanar  o sistema - pôr a falar e a discutir -, então vale  a pena abordá-la.
A proibição, sistema falido e ineficaz ( excepto para os riquíssimos produtores, comerciantes e autoridades corruptas), só será modificada através de experiências localizadas e controladas. Foi assim que ela se construiu entre  1908 ( Manila)  e 1961 ( Nova Iorque). Pode começar pelo haxixe, mas o bulk será sempre desenhado  pela  cocaína, heroína e novas drogas de síntese.
A produção, ao contrário do que se diz, não é o osso. Os proibicionistas dos anos 50, é verdade, atacaram-na, mas apenas  no plano político. Ou seja, em termos  simples, ilegalizaram-na. Sobretudo no ópio, o lucro da produção passou dos Estados para as guildas privadas ( ver o arquivo).
 Não esquecer a coincidência. Depois da Single Convention de 1961, com as terríveis drogas muito proibidinhas graças aos esforços dos americanos ( o FBN e Aslinger à cabeça), foi precisamente nos EUA, que, nos finais dos  míticos anos  60, se deu a explosão de consumo...

domingo, 8 de fevereiro de 2015

De facto

Será muito difícil substituir Jesus. Podem dar à volta ao mundo três vezes.
21 mihões em médios ( Cristante, Talisca e Samaris)  contra uma equipa de miúdos formados em Alcochete: o primeiro canto a favor  aos 80m e um (1)  remate à baliza.
Salva-nos o melão dos lagartos que nem da calimerice hoje disfrutarão, mas  possuem um campo que é um batatal: talvez uma conspiração das toupeiras.

A verdade, o azeite e a nêspera*

Miguel Sousa Tavares , no Expresso, roga António Costa que "diga qualquer coisa".
Na altura falei aqui sobre isto, mas a propaganda, da Quadratura  ao spin, era outra.

* copyright  by Mário-Henrique Leiria

sábado, 7 de fevereiro de 2015

SLBxSporting Calimeros ( 3)


Coitaditos: deixá-los  fazer dinheiro, temos de ser magnânimos. Por falar nisso, como El Presidente já mandou dizer que o derby ainda vai ser mais importante porque  faz anos amanhã ( Deus lhe  dê muita saúde para que não tenhamos  sucessores  a falar em aparições de pajaritos), espero que o Jonas lhe leve três cadeaux.
Estive a ler a análise pós-jogo no melhor bar lagarto: "Resultado injusto, vergonhoso, tivemos 564 ocasiões de golo e só a Trilateral , o grupo Bildeberg , a Gazprom e o Benfica nos impediram de ganhar o jogo.

Qual Grécia qual carapuça: Venezuela

Comecei a interessar-me pelo caso venezuelano, o chavismo,  porque já seguia alguns aspectos do país por causa da geopolítica da cocaína. Julgo ser muito mais  interessante do que a experiência grega.
Esta comparação exaustiva mas sintética ( sim, pode  acontecer) tem como fonte a CIA, por isso alguns dos dados favoráveis ao chavismo serão lidos sem suspeita. A Venezuela  teve tempo, Chavez teve apoio popular e as receitas do petróleo nacionalizado.  Fez um trabalho espectacular na redução da pobreza, na habitação, na escolarização, na mortalidade infantil. Dir-me-ão que Cuba também, mas há uma enorme diferença: a Venezuela  nem de perto, mesmo durante este úlimos anos, se aproximou do clássico terror comunista ( cubano, chinês  ou soviético).
A Grécia não tem petróleo? Por isso mesmo a Venezuela é mais interessante. O chavismo usou uma receita excepcional  para cumprir  um princípio elementar do socialismo popular ( Hitler fez o mesmo nos primeiros anos): ajudar os mais  desfavorecidos. E não compro a tese de que o fez apenas para ter apoio popular. Lendo os documentos  da época, aceita-se que a intenção era real. Agora a Venezuela está na miséria e não é só por causa da queda do preço do petróleo. E mesmo que fosse, muitas perguntas se fariam ( a comparação responde em parte).
O que  a Venezuela interroga é isto: pode um estado socialista popular viver bem  ( para sobreviver basta passar a ditadura) sem uma revolução socialista mundial? Lenine explica.

Fascistas a destruir o SNS

Já o entrevistaram?

Affair Kirchner

Têm de ir ao Observador. Agora desaparaceu o ex-chefe das secretas que ia testemunhar.

Cada vez melhor

 A propósito de uma mãe que não quis um filho deficiente, Angela Merkel:

Jugam que isto é só com  bimbos das caixas de comentários ( que irritam os pedantes que antes queriam ouvir o povo e agora têm os ouvidos cheios) ? Enganam-se.  As representações sociais fazem-se  assim: construção selectiva  e naturalização.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Varoufakis, 2013:

Should we be afraid of Syriza’s ‘ultra-leftism’? My answer is a resounding No. I recommend that (even those who have Greek amongst their languages) you do not read their manifesto. It is not worth the paper it is written on. While replete with good intentions, it is hort on detail, full of promises that cannot, and will not be fulfilled (the greatest one is that austerity will be cancelled), a hotchpotch of  policies that are neither here nor there. Just ignore it. 

Agora vou ver o que mudou de 2013 para 2015.

Claro, claro...

O preço do petróleo não tem parado de subir nos últimos meses.

SLBXSporting Calimeros( 2)


Como  já vos disse, pago a mesada da minha mais nova em derrotas do Sporting e do FCP, mas em Dezembro passado acrescentei  um extra:  dez euros se a  inteligentíssima dupla Bruno de Carvalho/Zé Eduardo conseguisse despedir Marco Silva.  Que querem...entusiasmei-me com a quantidade de basbaques  lagartos, seguidores  de El Presidente,  que já afiavam as facas contra  o moço.
Enfim, as coisas  são o  que são, como dizia o Vitor Cunha Rego, e assim teremos  o Artur, o nosso  Artur, o querido Artur, ao que dizem  os jornais, "pressionado".  Já o Tobias, aquele que tem manias, vai estar muito à vontade porque terá pela frente os jovens e inexperientes Jonas e Lima. Não há direito.

adenda: começou o circo que vai acabar como sempre; em semana de derby, tréguas, depois falamos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O regresso da história

Um bom teste para avaliar a qualidade de uma ideia é confrontá-la com a passagem do tempo, esse grande escultor. Das duas grandes ideias que agitaram os anos 90, o "choque das civilizações" de Huntington e o "fim da história" de Fukuyama, a segunda tem vindo a ser regularmente contrariada pelos factos desde o 11 de Setembro. Depois da queda do Muro e da morte anunciada do socialismo, Fukuyama previa a vitória definitiva da democracia liberal e da economia de mercado por falta de comparência do adversário. Mas o que vemos hoje, por todo o lado, é diferente. A Rússia trocou uma ditadura hard por uma soft (com eleições, mas sem alternativa ao czarismo de Putin) e continua a ser uma pesada sombra sobre todos os países à sua volta. A China não dá quaisquer sinais de abertura política e mostrou que se pode ter crescimento económico sem liberalização. A Coreia do Norte mantém-se irredutível no papel absurdo de relíquia comunista e ameaça nuclear. O socialismo e a pobreza progrediram na América do Sul (Venezuela e não só). A Primavera Árabe mergulhou o Médio Oriente no caos. Até na Europa o terrorismo e os extremismos de direita e de esquerda ameaçam as democracias. Como sempre, é um erro confundir os nossos desejos com a realidade. Um erro que tem consequências práticas. Talvez o vilipendiado Huntington tenha razão, afinal: a civilização ocidental continua em luta. E nada nos diz que o seu triunfo esteja escrito nas estrelas.

Good morning, Mr Obama

Já aqui tinha referido o sucesso de Obama. Uma testemunha.
Ainda há bimbos que  acusam Obama porque não vai às manifs Je suis Charlie. Taditos, não sabem da missa a metade ( um dia destes trago mais detalhes para os que não sabem).
Os left biaised  media? A dor das crianças  inocentes, as imagens, o horror ? Ó FNV, não sejas aborrecido   e espera por um presidente republicano, pá...

2 a 1

Ao desespero: no Depressão Colectiva.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Da série "justa repartição de sacrifícios":

A Mercedes (+45,3%) e a BMW (+39,2%), duas das marcas de luxo que tradicionalmente mais vendem em Portugal reforçaram as respetivas quotas de mercado ao terem crescido francamente acima da média (+34,8%).

Tome cuidado, dr Rosário Teixeira

Na Argentina é assim.
Por cá não esperem excitações mediáticas com este affair de filme: não há narrativa do poder fascista/ imperialista/neoliberal  envolvido.

SLBx Sporting Calimeros ( I)


José António Saraiva, no  Record: "O Sporting é favorito para o jogo, talvez 65-35%". Excelente , a melhor notícia possível depois da previsão que o director do jornal de parede "Sol"  fez no último FCPXBenfica.
Mudando de assunto:  logo  a noite  vou  meditar com umas cenouras enfiadas nas orelhas. Objectivo: rezar para que o Sarr, essa vítima de uma soez  campanha mediática  ( tudo no Sporting  Calimeros se liga a sozes  campanhas),  jogue.

Comprimidos para a memória

Ao minuto quatro, Varoufakis ( 2013)  diz que o caído em desgraça Samaras é da extreme right wing  e que há fotografias dele com nazis nos anos 80.  Nessa altura havia princípios. Agora  é de mau tom falar em "extrema" qualquer coisa.
Já aqui, o estudioso , no ponto 1.2, classifica o actual parceiro de coligação do Syriza como uma partido de extrema direita cujo programa eleitoral assenta em políticas  anti-imigração, anti-multiculturalismo, repatriação  compulsiva de imigrantes ilegais e num sistema educativo orientado pela igreja ortodoxa.
O que me interessa  é a política , deixo a economia para quem sabe. E na política estamos a assistir a coisas muito interessantes. Uma delas é  esta lavagem orwellliana: para justificar a estranha  coligação, o Syriza deixou de ser da esquerda  radical e o Anel passou a ser um grupo folclórico.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Uma cabeça de cavalo na cama?

Depois do PM  que afinal  tem chegado a casa em segurança e até passou férias numa casinhota tipo Massamá algarvia,  o juiz Carlos Alexandre que se cuide...”, conclui.
É elucidativo verificar  que os teóricos dos dias de lixo optem por não o recolher  em determinadas ruas: ou acham que o colega está doido ou concordam com ele.
Claro que também podem estar a esconder-se atrás dele, deixando liquidar a boa memória que muitos portugueses tinham do homem. É só classe.

O Syriza : Gramsci e o "bloco histórico" de rabo de fora

Quem não tiver paciência para ler os Cadernos  do Cárcere, do meu marxista preferido, pode ler  o plano grego  que explica, aqui, em... 2013, o programa cuja primeira fase foi agora concluída. Muito mais do que resistência à asuteridade, é de um velho sonho gramsciano que se trata. A crise grega local foi apenas a incubadora, uma oportunidade que só aparece de vez em quando.
Panagiotis pára  na citação do caderno 13, mas se formos mais além temos a definição gramsciana de realidade: é  a aplicação da vontade humana à sociedade das coisas. O bloco histórico é uma ferramenta para superar a resistência e o peso-morto  dos velhos arranjos políticos, mas também permite arbitrar a disputa entre Savonarola e Maquiavel. Gramsci  diz que essa disputa não era entre o que é o que deve ser,  mas entre dois conceitos do que deve ser
A actualidade grega, com o seu bloco histórico ( Syriza-Anel), mostra que a vontade do  que deve  ser é bem anterior à crise da dívida. O pai do Syriza, em 2001, não se debatia com "sacrifícios  terríveis" nenhuns e tinha a agenda clássica da extrema esquerda. O conflito começa  exactamente porque Tsipras e outros  escolhem jogar o jogo das eleições burguesas. Mais tarde, o Syriza reincorpora os elementos  extremistas que reconhecem o pragmatismo do movimento de Tsipras: a aplicação da vontade humana à sociedade das coisas.


segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Já nem sei o que dizer:

"(...)que tenha sido um partido que descrevem com desprezo como de "extrema-esquerda(...)"

Syriza: Coligação  de Esquerda Radical

Master chef político: mostra que te sabes mostrar

Os novos políticos saem dos programas de variedades políticas, das colunas dos jornais,  dos freakshows televisivos, das catacumbas universitárias,  das  soezes refregas partidárias, das pastelarias finas. São apoiados por amigos, vizinhos,  familiares e antigos amantes.
Com o caminho aberto pelo maluco da Madeira e por Marinho Pinto, aquecem  também  o sonho da fama.  Estão convencidos, claro, de que o país não pode desperdiçar o talento que oferecem.
São os expoentes máximos da época que se representa a ela própria, o carácter da totalidade máxima ( Hermann Broch) : eu sou tudo.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

El Flaco

En la volteada del periodismo alcahuete cayeron todos los jugadores de esa Selección. No tuvieron el reconocimiento que se merecían. Me da bronca, pero no por mí porque me importa un carajo la verdad, pero lo lamento por ellos”.

Sempre adorei Menotti. Tinha contra si a suspeita de jogar em casa e o ódio dos media pela  ditadura argentina  ( a moscovita nos JO de 1980 foi o sol na terra, um belo serviço de saúde etc).

Metades manhosas

É  ir perguntar aos jornalistas, ao Pacheco Pereira, ao PCP, ao Louçã, ao Bagão Félix,a razão deste estranho  título.
É evidente, excepto para quem faz política partidária pura  e dura enquanto se finge defensor do  povo, que  se o governo tivesse tentado metade das reformas da troika não teria durado meio mandato. Quantos pobres seriam mais ?

Fascismo, destruição do SNS:

Se for verdade, parece ser,  entrevistem o senhor bastonário. Gosta muito de elaborar teses.

Atracção fatal

Temos  orgulho de ter este especialista em sodomia.
Bem, há quem diga que Deus criou os homens apenas para povoar  o Inferno.

Paula da Cruz: nem Alonso Quijano nem Sancho Pança

Divulga a imagem de uma cavaleira andante, mas não chega aos calcanhares do Rocinante.
É muito estranha a apatia  do PS com esta incrível cobardia política.