quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Metafísica balnear

Ando a reler Netzsche na praia (para o que me havia de dar....). O exercício, talvez porque a contemplação imoderada do mar e do céu me obrigue ao pensamento, provoca-me sempre duas surpresas. Uma: o talento retórico do homem. Outra: a fúria com que se contradiz em cada linha. Se não há verdade na linguagem ("não poderemos matar Deus enquanto acreditarmos na gramática"), se o bem não passa de uma ilusão dos fracos, se a moral é uma invenção dos padres para domar o instinto, então de que serve escrevê-lo? Em nome de que verdade, de que bem, de que moral se é oráculo e "mestre da suspeita" (Ricoeur, claro)? Para quê um mundo futuro, livre de milénios de mentiras, se nada tem sentido?
(Não me respondam: não quero estragar as férias. Vou dar um mergulho. Espero que nenhum pós-moderno me roube a toalha.)

9 comentários:

  1. Descanse, Filipe, não é uma resposta, mas um simples aplauso.

    msp

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  2. Se existe um "sentido" da vida, deve ser moldar a nossa vida e as nossas escolhas de maneira a optimizar esse bem estar.

    Somos dotados de um corpo e mente, e fazemos escolhas que influenciam o nosso bem estar (físico, mental) e dos outros. Cada um dá o sentido que quiser à sua vida, mas um em que todos podemos concordar é a optimização desse bem estar.

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  3. Vai, então, o aplauso para o Pedro. Para si,Filipe, fica também, por conta de outras ocasiões que deixei passar sem lho exprimir.

    msp

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    1. Obrigado pelo elogio. deve ser a primeira vez na vida que alguém confunde um post meu com um do Filipe.

      PP

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    2. estás mesmo a precisar de um refresh e ainda por cima és um JJ: já aconteceu mais vezes...

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    3. "… já aconteceu mais vezes"? Enfim. Mas só honra os dois.

      msp

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  4. Caríssimo Pedro, e que tal ler René Girard para abrandar a sua vertigem estival pelo "Kiko" Nietzsche?

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    1. Obrigado, é uma boa sugestão. Dele, li apenas La Violence et le sacré (um grande livro), mas gostava de ler mais.

      PP

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