quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

"Falta-nos um Churchill ou um Roosevelt"

Após  ter lido as quase  600 páginas do Beevor,  depois do Orwell e do Preston ( falta-me o Browne) , uma confirmação: não fora os EUA e a Grã-Bretanha e Franco não tinha ganho.

18 comentários:

  1. Gosto do assunto. Não conheço o livro. Só conheço do Orwell e do Malraux, romanceados e sem o rigor necessário para a compreensão profunda do assunto. Do pouco que conheço parece-me que Franco ganharia de qualquer maneira. Tinha com ele os mais experientes e determinados das forças armadas e tinha o apoio das mais relevantes instituições sociais e económicas de espanha.

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    1. O assunto fascina-me há anos, julgo estar na génese de muita coisa.
      A Inglaterra foi crucial porque se o bloqueio nºao tivesse dependido de uma comissão fantoche, os nacionalistas perderiam a vantagem. Os EUA ajudaram na logística de uma forma impressiva.

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    2. Ainda assim, não sei!! (também não sabia desse apoio dos EUA e do RU, não sei se o foi em termos relevantes, sinceramente.) Sei que o Alemão e Italiano foi quase inútil. O maior talvez tenha sido o Português (não oficial mas quotidiano).
      Todavia, o Franquismo representava a Espanha histórica e a sedução era avassaladora (personagens como astray suplantavam em fanatismo e determinação os da coluna durruti). O Orwell, sobretudo, tem retratos impressivos sobre a boa vontade mas recheados estultície que adivinham o desfecho.
      Um bem haja

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    3. Concordo Sr. Justiniano! A falange e o seu Caudillo tiveram também o precioso apoio da Divisão Condor e foi aí que os nacionais socialistas alemães deram os primeiros passos da BlietzKrieg que tanto sucesso iria dar na invasão da Polónia pelos alemães.
      Franco contra a Républica era um embate comprometido logo á partida para o contingente internacional.

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    4. quase inútil? ehehhe caro, os panzer Mark, a legião condor e os marchetti italianos viraram a guerra

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    5. Um pequeno exagero, meu caro! Mas também não viraram a guerra. Foram muitas batalhas! Coisa complexa...Si me quieres esbribir ya sabes...

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    6. Caro José Matos, são consabidas as operações da divisão condor, especialmente em Guernica. Teve um efeito atemorizador noutros pontos (asturias, madrid) mas pouco útil. Noutros útil e pouco expressivo (Terkel). Contraproducente, de um modo geral, especialmente em Navarra onde a Igreja teve de suportar parte da odiosa.(assim como os republicanos suportaram o opróbrio pelo assassinato de clérigos) Na ofensiva de Aragão o apoio externo recebido pelos republicanos era, até, superior ao recebido pelos nacionalistas (os números serão quase sempre citações de beevor). As batalhas foram decididas pelos erros e incompetência dos republicanos, isto para além dos conflitos republicanos entre si (comunistas pró soviéticos contra anarquistas sindicalistas).
      A guerra civil espanhola é lendária e dá, sempre, milhões de horas de discussão. Reduzi-la à influencia externa é exagerado para além de desvirtuar a natureza da cisão. (Por isso ter dito que o caro FNV sobrestima a influencia alemã e italiana.)
      Pessoalmente estaria com os liberais democratas republicanos e republicanos democratas (e simpatia com o Prieto) não fora o jacobinismo, ou com os liberais católicos não fora a sua indefectível fidelidade à hierarquia da igreja. Os moderados, contudo, valiam pouco!!
      Um bem haja a todos,

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  2. O Beevor é, na minha opinião, o melhor. Apesar de achar a edição antiga superior à actual.

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  3. Caríssimo Filipe, quem "a la longue" poderia aturar Manuel Azaña senão Frida Kahlo? Quem não tem cão, caça com Putin...

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  4. Tenho a versão portuguesa, mas nunca consegui passar da parte do golpe de 36. Mas apesar d gostar mi do Beevor, tem um defeito terrivelmente inglês: nota-se ali uma certo anti-catolicismo exagerado.

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  5. Perdoem-me as gralhas, efeitos do teclado.

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  6. Carissimos: Não sei se já bloguei este assunto, mas de facto é um tema fascinante pois eu também concordo que o Caudillo venceria a Républica de qualquer forma, pois não podemos esquecer que Hitler "emprestou" a Franco a famosa Legião Condor da Wermacht, que era constituida essencialmente por forças da Luftwaffe - os famosos Junkers Stuka, Jagdbombers de ataque rápido e em mergulho, que aterrorizavam as colunas républicanas e veja-se só, os campos de refugiados da Cruz Vermelha e as colunas de civis em fuga.Esses mesmos aviões também ficaram por demais famosos em Guernica pelas piores razões . Não podemos esquecer que foi na guerra civil espanhola que os alemães ensaiaram a famosa BlietzKrieg que tão devastadores resultados viria a dar na invasão da Polónia e França. Quero crer que a Répulica e o contingente internacional teriam perdido de qualquer maneira o conflito.O Caudillo era militarmente mais forte do que a Républica, indubitávelemente.
    Aliás no cerco a Madrid também ficou famosa a Quinta Coluna, o que demonstrou mais uma vez a superioridade táctica dos generais de franco e notem que não sou franquista e muito menos nazista.

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    1. Não, não era. No início só tinha 40.000 operacionais, os coloniales ( marroquinos).
      Se a Inglaterra e a França tivessem batido o pé na defesa do bloqueio ( não-interferência), a ajuda italiana e alemã não teria chegado.
      Os soviéticos também ajudaram a República, mas com menos efectividade até por razões geográficas e logísticas.

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    2. Os 40.000 rapidamente se multiplicaram. E nao foram por alemães nem italianos. Caro fnv nem os relatos do Orwell ou do malraux ( o Hemingway estava sempre bebado e só lá esteve de férias) se referem de forma relevante ao apoio alemao, quanto ao italiano referem-se-lhe como produtividade negativa. Do lado da república os mesmos relatos referem-se negativamente ao apoio soviético e de forma benévola ao mexicano, coisa que nunca percebi. Há diversos documentários testemunhais que repetem o mesmo, não sei se por mitopoetica ou não. Facto é que nem o grosso dosbtestemunhos do governo de Valença se referem extraordinariamente ao apoio alemão e italiano aos rebeldes ilegítimos nacionalistas contra o governo legítimo é reconhecido pelas principais potências europeias. Sinceramente não sei. Talvez vá ler o beevor.

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  7. Do Beevor li em tempos "A Guerra Civil de Espanha", numa edição da Bertrand. Não sei se é o mesmo livro. Gostei, mas chateou-me ligeiramente a falta de referências e a indisfarçável simpatia do Beevor com os anarquistas da FAI. Como obra de referência prefiro o monumental "The Spanish Civil War", de Hugh Thomas. Quanto aos romances, para além das memórias obrigatórias de Orwell (impressionante a descrição das barricadas de Barcelona em 1936, quando a linha pró-soviética decapitou as forças trotskistas e anarquistas, tomando de facto a liderança da República; um episódio frequentemente ocultado quando se fala de Guerra Civil Espanhola) e de Hemingway, há "Os Grandes Cemitérios Sob a Lua" de Georges Bernanos, a visão profundamente crítica de um escritor católico perante a vitória franquista.

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  8. Carissimos: De história militar portuguesa e internacional eu percebo " a litlle bit". Aliás é um tema que reconheço, me fascina e sobre o qual já li umas coisas desde a adolescência. È verdade e nisso FNV tem razão que a intervenção/ajuda comunista (estalinista) teve uma conotação algo negativa. Tive um tio-avô que lutou pelo POUM (trotskista e óbviamente anti-estalinista), durante a guerra civil espanhola de 37 a 38.
    Julgo que o apoio da Russia, foi bem menos valioso para a república , (mesmo com o contingente multinacional - Batalhão da XIV ou das "nove nacionalidades" ),do que o apoio alemão (e italiano)para as falanges franquistas.
    3/4 das brigadas internacionais eram comunistas e o Komitern tinha controle sobre quase tudo. (Por cada oficial havia um comissário politico a espiar- eram seguramente mal geridas)
    Continuo a acreditar que O Caudillo sempre teve mais probabilidades
    de sair vencedor que as forças republicanas.
    Concordo sem reservas, que a ajuda/apoio Russo não foi muito significativo nem devidamente aproveitado , nem bem conotado, mas existiu. (A titulo de curiosidade , note-se que os veiculos militares cedidos ao batalhão atrás citado, pela Rússia, tinham todos pintada a foice e o martelo a vermelho nos flancos ou capots).
    Aceito que de algum modo os USA principalmente, podiam ter travado o grande apoio alemão (e o diminuto italiano) ás forças de Franco.E aí sim, o rumo da guerra poderia ter mudado.

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