quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Boas saídas

So it is better to sleep and leave the bottle unopened;
Tomorrow in the offices the year on the stamps will be altered;
Tomorrow new diaries consulted, new calendars stand;
With such small adjustments life will again move forward
Implicating us all; and the voice of the living be heard:
"It is to us that you should turn your straying attention;
Us who need you, and are affected by your fortune;
Us you should love and to whom you should give your word."

(New Year Poem, P. Larkin, 1940)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal

Dias depois de um homem morrer num hospital de Lisboa porque não havia especialistas ao fim-de-semana (sic), somos informados que vamos ter de pagar a falência de mais um banco.
Feliz Natal.

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Natal

Presépio atribuído a Machado de Castro, séc. XVIII (Lisboa, Basílica da Estrela)

Turvou-se de penumbra o dia cedo, 
Nem o sol apertou o meu beiral.
Que longas horas de Jesus... Natal!
E o cepo a arder nas cinzas do brasedo...

E o lar da casa, os corações aos dobres,
É um painel a fogo em seu costume.
Que lindos versos bíblicos, ao lume, 
P´lo doce príncipe cristão dos pobres!

Fulvas figuras para esculpir em barro:
À luz da lenha, em rubro tom bizarro,
Sou em presépio com meus pais e irmãos.

E junto às brasas, os meus olhos postos,
Nesta evangélica expressão de rostos,
Ergo em graças a Deus as minhas mãos.

Afonso Duarte

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Narcolusolândia

Esta notícia apareceu no Correio da Manhã de ontem   a meio do  jornal, de anteontem, creio, numa pequena nota no final de uma página. 142 quilos. Normal. Estamos bem. A meio caminho entre o Panamá de Noriega e Marselha dos anos  60. Debates? Discussão?  Vai no Batalha...
Um dos maiores narcos europeus foi anteontem preso em Benalmádena. Foram apreendidos 201 kg d ecocaína . Big notícia. E bem.

(coisas  aqui)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Cheguem-me um lenço, por favor

É enternecedor o desvelo com que o Público se tem feito arauto da tese do "radicalismo da direita", já aqui escalpelizada pelo bisturi do Dr. Vicente. Hoje, a propósito do anunciado apoio da coligação a Marcelo, recomenda brandamente em editorial que os senhores não macem muito o simpático Dr. Costa, pois "qualquer sinal de radicalismo por parte do PSD e do CDS afastará o eleitorado moderado de esquerda e transformará este apoio no abraço de urso que pode asfixiar Marcelo".
Pobre Marcelo, tão simpático como o Dr. Costa, mas em risco de ser asfixiado pelos ursos...
Estou comovido, confesso. Estou comovido com a solicitude pela vitória marcelista, prova certa do espírito democrático do jornal. Estou comovido com o súbito amor à união nacional, tão em risco de asfixia como a vitória marcelista. Estou comovido com a generosidade em dar conselhos aos subversivos da PaF, que só pensam, ai estes rapazes, em maçar o simpático Dr. Costa. Estou comovido com a defesa do "eleitorado moderado de esquerda", não vão estes outros senhores ter que votar, imagine-se, em Névoa, ou em Maria de Belém, ou nos imoderados candidatos do PCP e do Bloco.
Cheguem-me um lenço, por favor, que já me está a cair uma lágrima...

Dissolver o povo


Na Venezuela, onde o defunto Chávez criou um Conselho da Moral (sic) para defender "o poder do cidadão" de eventuais maldades do poder representativo, Maduro segue os passos do caudilho e atira-se aos eleitores que deram dois terços do Parlamento à oposição: "Votaram contra vocês mesmos. Eu queria construir 500 mil casas no próximo ano, entregar 100 mil táxis comprados à China, mas agora tenho dúvidas de que o possa fazer com uma assembleia dominada pelo fascismo; eu pedi o vosso apoio e  não mo deram."
É de partir o coração a qualquer democrata. Maduro, a vanguarda do proletariado, queria conduzir o povo a uma nova era de progresso e abundância, mas o povo, nada maduro, preferiu votar na reacção. Camarada, segue o conselho que o Brecht deu ao governo da RDA depois da revolta de 1953: não seria mais simples dissolver o povo e eleger outro?

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Roteiros da oposição ( continuação)

Depois da derrota de 1880, o partido conservador  entrou em reformulação.  Randolph Churchill liderou a corrente populista ( com um sentido diferente  do de hoje) . Lord Salisbury liderava a corrente aristocrática e as distritais desses tempos ( as Assotiations  of great towns)  estavam divididas. Cumprindo a ruptura com os líderes  naturais   ( a recomendação de Disraeli), o partido Tory  enfrentava a passagem : de partido de resistência  a partido do progresso e  virado para os novos problemas do quotidiano. Algumas semelhanças com os nossos dias de hoje.

Cunhal faz aqui o roteiro que tem cerzido a representação social da direita portuguesa desde 1974. Acrescentemos-lhe a cover do tempo do resgate , a ideologia austeritária dos neoliberais,  e temos a tapeçaria completa. É muita fruta, mas podemos  tirar alguns caroços desde  que a  tarefa não seja entregue ex- chefes da JSD, caruncho da carne assada e betos de bibe do CDS.

A mega-operação de agit-prop está em marcha: já não há centro, a direita está radicalizada, é  a direita dos cortes nos salários, do empobrecimento, das privatizações. Se julgam que isto é novo é porque não viveram no cavaquismo. A ilusão da novidade deve-se , entre outros factores (por exemplo, o  resgate), ao facto de muitos cavaquistas ( directos ou indirectos) terem mudado de campo só com uma escova de dentes na mala ( Pacheco Pereira, Freitas do Amaral, Capucho etc). 

Os anos do resgate foram tão poderosos que levaram à tal coincidência histórica do PS com a extrema -esquerda, que, hoje, por enquanto, se observa no parlamento. A crise internacional e as asneiras semi-socializantes/peronistas levaram a uma falência do sistema e fizeram soar os alarmes. As primeiras reacções foram a previsão fatalista do segundo resgate e o levantamento popular. Goradas,  e perdidas vergonhosamente as eleições ( ao menos o PCTP-MRPP reconheceu isso) ,  montou-se  a tal mega-operação do radicalismo de direita a cavalo no andaime   da coincidência histórica do PS com a extrema-esquerda.

Para  o PSD poder tirar os caroços, tem, como os tories fizeram em 1883, de se adaptar ao novo cenário. A uma reorganização do campo político adversário deve corresponder uma transformação do discurso político, da organização celular do debate e da  alteração do modo comunicacional. 
O discurso político de que a austeridade foi necessária equivale ao elogio da broca pelo dentista.  A centralização  do debate no parlamento pelos velhos artistas ( Maria Luís, Portas,Telmo etc)  passará a ideia de um regresso às vacas magras.   Uma comunicação entregue a  analfabetos, que só ganham discussões por falta  de comparência, conduzirá à estagnação. Há gente nova com valor ( Morgado, Maduro, Cecília Meireles, Lomba)  e outra  que não subiu ainda ao caixote e que  não se deve deixar atemorizar pela agit-prop.

Sá Carneiro e o campo fascista:

 Tenho pouca pachorra para chicos-espertos. A propósito disto , tanto aqui como no Insurgente ( não consigo comentar lá) vieram uns sonsos tentar  convencer  os jovens , os desmemoriados ou os ignorantes, de que Sá Sarneiro sempre foi pintado pela esquerda  como hoje o pintam: um social-democrata humanisa.
A palavra a Cunhal:

domingo, 6 de dezembro de 2015

O mito da radicalização

Para o actual espectro político em que os bons se revêem ( de Arnaldo de Matos, Mortágua,  Jeronimo  de Sousa e  Pacheco Pereira  até João Galamba e Adão e Silva), Sá Carneiro, no seu tempo  era um fascista. E um radical: queria extinguir o  Conselho da Revolução, por exemplo.
Convém recordar. Na altura,  Sá Carneiro  não era o  social-democrata com preocupações humanistas e sociais como o pintam agora. O seu longo e adunco  nariz era caricaturado como o de um abutre  ao serviço do capital e/ou do fascismo revanchista. Pelo espectro político supramencionado. Não é caso único. Freitas do Amaral, nas presidenciais de  1986, levou o mesmo tratamento. Era um fascista envergonhado, um ex-colaboracionista com a longa noite.
E assim tem sido, num país em que  a direita  tem vergonha de existir porque associada  imediatamente ao salazarismo e à opressão das liberdades.  Isto é feito, incrivelmente, por  forças políticas que, antes e depois de 1974, continuaram a ostentar com orgulho a sua associação a regimes que mataram, prenderam  e torturaram milhões de pessoas. Os mais novos limitam-se a aproveitar  a pista.
Agora, na senda da boa agit-prop , criaram o mito da radicalização. Talvez porque seja incomodativo chamar fascistas e ricaços  a 38% dos votantes.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

O Principezinho

João Soares, o novo ministro da Cultura, declarou ao DN que a manutenção da colecção Berardo em Portugal é uma prioridade do Governo. Se bem se lembram, Berardo emprestou a sua colecção ao CCB em condições leoninas (por cortesia do inevitável Sócrates), que previam, além da cedência de um espaço privilegiado e da obrigação de o Estado português adquirir novas obras, uma outra obrigação que provocou então grande celeuma: a de o mesmo Estado comprar a dita colecção no fim dos dez anos do empréstimo. Que termina em 2016. Por outras palavras, Soares anunciou publicamente que está disposto a dar o que Berardo pedir. A isto chama-se saber negociar. Como táctica para subir o preço, seria difícil fazer melhor. Nada contra - apenas que vamos ser nós a pagar a indiscutível inépcia do ministro e o discutível gosto do comendador. Antes de brincar aos mecenas, o Principezinho devia ler Maquiavel.

A mãe do assassino de Trotsky e as contradições

No Depressão Colectiva.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

De pé, ó vítimas dos exames

O fim dos exames do 4º ano é um exemplo do pior que tem para nos oferecer a esquerda: é demagógico, pouco democrático, irracional e sentimental. É demagógico porque prejudica aqueles que diz defender com mentiras que eles gostarão de ouvir. É pouco democrático porque não foi objecto de qualquer debate público. É irracional porque não apresentou nenhuma razão séria em sua defesa. E é sentimental porque se justifica com a "felicidade" das crianças e a aprendizagem "sem sofrimento", como se fosse possível aprender "sem sofrer" e como se uma escola pouco exigente não fosse o caminho mais curto para o fracasso.
Pior do que tudo isto só mesmo a ideologia igualitária que sustenta a decisão. Nada de exames, diz a esquerda, porque favorecem os ricos. Estão enganados, camaradas: os ricos há muito que tiraram os filhos da escola pública. Basta ver os famosos rankings. Ao nivelar a escola por baixo, quem se lixa, como sempre, são os pobres que não podem fugir à engenharia social da 5 de Outubro. Onde todos são iguais na mediocridade, ninguém pode progredir pelo mérito. E não há mérito sem avaliação. O fim dos exames não é só uma péssima ideia, e uma ideia pessimamente defendida por quem brinca aos bons sentimentos com os filhos dos outros. É o fim da possibilidade real de um sistema meritocrático. Quando a escola apenas dá aos pobres aquilo que eles já têm - a mediocridade -, então a igualdade de oportunidades deixa de ser um ideal para se tornar um mito.
Pensando bem, talvez seja exactamente isso o que quer a esquerda. Os pobres que continuem a ser pobres porque a classe média tem o mau hábito de votar na direita.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Ó inclemência! Ó martírio! Estará porventura periclitante a saúde dessse menino que eu ajudei a criar?

O último drama da pátria é que António Costa não discursou na cimeira do clima em Paris. Que a tragédia tenha ocorrido na véspera do 1º de Dezembro só aumenta o enxovalho. O horror, o horror...
E agora? Como é que o mundo vai combater o aquecimento global sem as palavras do nosso Primeiro-Ministro? Esperam-se notícias de ursos polares em pânico por não haver quem os proteja da subida dos oceanos. E quando lhes disserem que Obama, Merkel e Hollande têm tudo controlado, eles gritarão, com água pelo pescoço: queremos o Costa, queremos o Costa!
Vai ser o fim do mundo.
E dos ursos.

Miséria sexual

No Depressão Colectiva.

segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Conrad vs. Fukuyama

Neste momento, há um jihadista à solta em Paris ou em Bruxelas, talvez com um cinto de explosivos pronto a rebentar. Lembra o Professor, um dos anarquistas do Agente Secreto de Conrad, mas com uma diferença: Salah Abdeslam, o alegado cérebro dos atentados de 13 de Novembro, é real. Há notícias de que fugiu para a Síria, ou que as bombas encontradas num caixote de lixo parisiense eram suas e se arrependeu, mas ninguém sabe ao certo. O mistério adensa a ameaça. Todos gostaríamos que os rumores fossem verdadeiros - para acordar do pesadelo, para viajar outra vez em liberdade, para nos sentarmos a uma esplanada sem receio de levar um tiro ou ir pelos ares. Mas tiraram-nos isso e não sabemos quando nos será devolvido. Estamos em guerra, disse Hollande. Como Bush, após o 11 de Setembro. E temos medo. A história não acabou, ao contrário do que profetizou Fukuyama. A globalização da democracia e do mercado - de resto, mais superficial do que pensámos entre a queda do Muro e a queda das Torres Gémeas - não trouxe mil anos de paz. A utopia liberal venceu os amanhãs que cantam, mas esqueceu que os homens são mais do que consumidores e cidadãos. Os damnés de la Terre não terão sempre Paris, mas terão sempre aquela íntima, obscura, terrível vontade de poder que leva a matar inocentes em nome de uma ideia. Ontem a sociedade sem classes ou a libertação dos povos, hoje o califado. Talvez seja esta a maior lição do terrorismo islâmico: a guerra voltou e a história nunca se foi embora. Não há utopia que resista à realidade.

domingo, 29 de novembro de 2015

Um mistério e os media calados, claro

O que distingue Tiago Brandão Rodrigues das centenas de bons jovens  investigadores  ( em cancro ou no sistema imunológico da tartaruga) que "estudaram lá fora"? Mario Nogueira, por exemplo, comprendia-se. É quem mais sabe de greves a exames e  colcações de professores

TBR não tem uma linha publicada sobre  política educativa. Não seria  caso virgem se tivesse experiência de liderança de grandes organizações (  como o  ministério ) ou , pelo menos, experiência de governante noutras duras áreas políticas. Nada. Népias.
O que nos venderam, portanto, foi que, um dia,  A. Costa foi a Caminha,  num tecno-arraial conhece o moço e agora lembrou-se dele para um dos mais difíceis ministérios, aqui ou na China. Se isto é verdade, é terrível; se  há gato escondido, ainda  pior.


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Isto devia acompanhar a carga da brigada ligeira contra o ISIS (e os Clash aprovariam)

Cachimbos de lá

John Frederick Peto, Natureza morta, s.d.

Fica para a história

Tem-se dito que este é o primeiro Governo em Portugal chefiado por um descendente de indianos e com uma ministra negra. É verdade e, como sinal, é positivo. Nada mais. Tirar daí conclusões sobre o mérito do dito Governo soa a complexo colonial, quando não a paternalismo. Mas este é também o primeiro Governo do partido que perdeu as eleições. Isso, sim, fica para a história e não tem mérito nenhum.

Muito instrutivo


Cada um tem as suas manias. A minha são as semi-biografias/ meias-memórias/metade-ensaios.  Este  livro de Heraldo Muñoz entra na categorias. Em Portugal, só a Irene Pimentel pratica o género ( na primeira  e terceira categoria). 
Muñoz foi um defensor de Allende, exilado político, regressado para o combate durante o plebiscito de 1988. Depois foi ministro, embaixador etc. Escreve muitíssimo bem e o livro lê-se com gulodice pese o detalhe e rigor ( sem os quais este estilo não interessa). E aprende-se muito, recorda-se um pouco.
Uma coisa que se confirma: pode-se derrubar um ditador  sanguinário sem derramar sangue e sem o substituir por outro tipo de terror. Haja coragem, muitos miolos e respeito pelas pessoas e não pelo fanatismo ideológico. Uma pequena ilustração. O presidente da câmara de Santiago quis proibir a recolha de assinaturas para o que foi uma espécie de federação de partido democratas na altura do plebiscito: não tinham licença para montar as pequenas mesas de madeira nos passeios. Um tipo lembrou-se das antigas vendedoras de cigarros nos cinemas, com o seu tabuleiro pendurado ao pescoço. E tumbas.
Uma nota final para a masturbação  actual com um filme em sala sobre os malvados americanos  a vender políticos como sabonetes. Pois bem, quem ajudou o "Não"  a vencer o "Sim" a Pinochet foi uma equipa de marqueteiros americanos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Pequeno guia para a oposição à coligação negativa: sim, pasáran!


O No pasarán ! é da autoria de Petáin e Nivelle e foi usado na  batalha de Verdun, na Primeira Guerra Mundial. Dolores Ibárruri  imortalizou-o, sim, mas a origem do mot d'ordre  é francês. É um bom slogan, mas o centro e a direita devem aplicar ao governo cabeça de turco da coligação negativa o inverso: sim, pasarán!

1) Em primeiro lugar, não esquecer que ao centro-direita  está vedado o protesto de rua. Não tem implantação sindical nem mediática ( sempre necessária para abrir telejornais  com manifestações de 25  pessoas).  Pôde, em circunstâncias  irrepetíveis ( Fonte Luminosa) mobilizar a rua, mas esses tempos  já lá vão,  e poderia se Lisboa fosse Caracas, o que felizmente não acontece. 

2) A composição do novo governo é  quase irrelevante.  O anterior tinha secretários de estado  e ministros um grau acima do  analfabetismo. O tecido mole  é o seu apoio parlamentar. É a exploração do equilíbrio precário entre um PS de governo e os  seus  andaimes variados - desde os assumidamente neoestalinistas até aos zizeckianos, não esquecendo os que descreveram o PREC  dos mandatos de captura em branco como "o período em que mais se aprofundou  a democracia" ( pp 45).

3) O ataque ao tecido mole será feito na AR e na discussão pública. Da AR não falo, nunca lá estive e creio que já não tem hoje grande sumo para  a representação social da luta política. 
O espaço público é outra louça:

3.1) Compreender que num primeiro momento tudo  serão rosas. Não adianta  pôr o dedo no buraco no dique, antes estar preparado para o pós-dilúvio. Eviar o revanchismo fácil, que será visto sempre como um ataque  à nova ordem e os portugueses, não esqueçamos   Pessoa, são muito parecidos com os alemães.  Quando a conta começar a chegar, o centro-direita  tem de estar no terreno há muito. 

3.2) No terreno, a exploração do tecido mole deveria ser  conduzida num duplo movimento. Todas as cedências do PS aos caballeristas devem ser traduzidas nas perdas correspondentes dos sectores afectados.  Na direcção contrária,  a mesma técnica: todas as resistências do PS  ao autoproclamados defensores dos novos braceros devem ser ampliadas, cavando o fosso entre os andaimes e obra.

3.3) Os meios ? Marcar presença nos sindicatos moderados, nas ordens profissionais, nas academias, nas corporações judiciais e securitárias. Potenciar os municípios não afectos ao PS e aos seus andaimes. Trabalhar o  espaço mediático de comentário e , claro, as redes sociais. Não contemos com  os iletrados da carne assada e das Jotas: um cão cego seria mais útil.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

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Algumas notas sobre o novo governo

1- Regresso em força dos socratistas, com Augusto Santos Silva à cabeça.
2- João Soares na cultura? Que injustiça para Pacheco Pereira...
3- O novo Ministro da Educação vem directamente de Cambridge, o que pode não querer dizer nada, a não ser que a velha veneração pelos estrangeirados está bem e recomenda-se e que a ciência vai receber mais dinheiro (mesmo com outro ministério).
4-  Francisca Van Dunem é um nome forte na Justiça, mas vai ser preciso estarmos muito atentos ao processo de Sócrates.

Rir e sorrir

Com Zoschenko, no Depressão Colectiva.

sábado, 21 de novembro de 2015

In (decisões)

No Depressão Colectiva.

Adíos Rui Vitória, o Temeroso

Ao contrário dos snobs, não me atirei a Rui Vitória por causa de uma pré-época ( pré!!!!) merceeira à Vieira dos Pneus. Ao contrário dos canalhas, que estiveram calados o ano passado , não justifiquei  as primeiras vitórias de Vitória com favores do  árbitro.  Nunca  durante estes anos saboreei derrotas do Benfica  ( e foram 3 anos seguidos a acumular  vergonhas), nunca desvalorizei as vitórias. Desprezo absolutamente os badalhocos que preferem as suas apostas ao Benfica.
Posto isto, hoje cheguei ao fim com Rui Vitória. Entrar a ganhar e depois ficar cá atrás à Moreirense é uma vergonha inominável. Não ter a coragem de reformar Luisão ( que já é português porque acha que é faltar-lhe ao respeito considerá-lo acabado) e não conseguir ao fim de quase seis meses ter uma equipa coordenada e ambiciosa, é inadmissível.
Perder podemos, tremer como  alforrecas não. Vai treinar o Moreirense e que sejas muito feliz.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A propósito

Há algo de muito podre no reino das secretas europeias. Chamem-lhe incúria, negligência, descoordenação, falta de meios, o que quiserem, mas dificilmente se compreende que meia dúzia de barbudos já sinalizados como "radiciais" vão à Síria, voltem para Bruxelas, comprem um arsenal, aluguem dois carros e se instalem em Paris sem ninguém dar por nada. Em parte, a culpa é da velha relação esquizofrénica que as democracias mantêm com a intelligence: queremos mais segurança, mas sem tocar nas liberdades. O dilema merece uma reflexão muito séria. Mais do que o estado social, o multiculturalismo ou a crise dos refugiados, talvez seja esta a grande questão política da Europa nos próximos anos. Por outro lado, as notícias que hoje li sobre o julgamento do chamado "caso das secretas", e que citam o "super-espião" Silva Carvalho como tendo afirmado que "90% do modus operandi dos serviços de informações é ilegal", deixam muito poucas ilusões sobre o género de mafiosos a quem está entregue a defesa da República. Suponho que, lá fora, o panorama seja semelhante. Mesmo admitindo que se trata de bluff  e que o tipo diz qualquer coisa para salvar a pele, fico pouco tranquilo com a hipótese de dar mais poder a aprendizes de feiticeiro. Se querem falar de combate ao terrorismo, comecem por aqui.

Diário de um cínico

Como era de prever, os grandes beneficiários dos atentados de Paris são Putin e Assad.
Graças à inércia do Ocidente, Moscovo ganhou, na prática, o estatuto de única potência que faz frente ao Estado Islâmico: basta ver como as notícias nos dizem que a França quer coordenar os seus ataques na Síria com os russos, apesar do evidente incómodo de Washington. Consequências futuras? Ou muito me engano, ou ninguém vai falar tão cedo da Ucrânia. Putin ficou com as mãos livres para prosseguir a sua deriva imperialista.
Quanto ao sírio, os mortos de Paris são o equivalente político a ter acertado no euromilhões. Enquanto combater o jihadismo, os países ocidentais vão fechar os olhos a todas as suas atrocidades. Lembram-se das ameaças de Obama e Cameron sobre a famosa linha vermelha? Passaram à história (se é que alguma vez foram levadas a sério). Assad ganhou um prazo de validade vitalício no Bataclan.
Ah, é verdade: a Sra. Le Pen também foi outra feliz contemplada da noite, mas ainda é cedo para avaliar a sua sorte. Esperemos pelas eleições.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Jonah Lomu (1975-2015)


So, we`ll go no more a roving
So late into the night, 
Though the heart be still as loving
And the moon be still as bright.

For the sword outwears its sheath,
And the soul wears out the breast,
And the heart must pause to breathe,
And love itself have rest.

Though the night was made for loving
And the day returns too soon, 
Yet we´ll go no more a roving
By the light of the moon.

Lord Byron

Todos nos lembramos. Jonah Lomu irrompeu no rugby internacional exactamente ao contrário do verso de T.S. Eliot que descreve o fim do mundo: not with a bang, but with a whimper. O bang foi o Mundial de 95, na África do Sul, tempo de enormes mudanças. O Muro de Berlim caíra há meia dúzia de anos, o apartheid terminara, a África do Sul voltara ao convívio das nações civilizadas e às grandes provas internacionais, Mandela saíra em triunfo da prisão e era agora Presidente da nação arco-íris. Os Mundiais de 87 e 91, ainda sem os Springboks, tinham mostrado a popularidade global do  rugby, apesar do domínio anglo-saxónico e francês. Com a televisão veio o dinheiro e com o dinheiro o profissionalismo. O velho jogo das public schools vitorianas e das cidadezinhas do Midi e de Otago adaptou-se depressa, mas tinha uma desvantagem comercial. Deporto de equipa por excelência, não dispunha de muitas estrelas. Fora do círculo de entendidos, poucos apreciavam as dark arts de um Michael Jones ou a bota certeira de um Rob Andrew. Havia Blanco, Kirwan e Campese, não por acaso grandes finalizadores, mas sabia a pouco. Lomu veio mudar tudo. Chegou aos All Blacks com 19 anos, 120 quilos, quase dois metros de altura e 10 segundos aos 100. Ninguém o conhecia, mas cedo mostrou um estilo directo e devastador que faria as delícias das multidões.
Ainda na fase de grupos, a primeira vítima foi a Irlanda: dois ensaios de Lomu, dois a passe de Lomu e uma exibição que deixou toda a gente de boca aberta. Quem era o miúdo?

Seguiu-se a Escócia, com outro ensaio marcado, outro oferecido e novo tapete de corpos estendidos ao longo do terreno na vã tentativa de o travar. O miúdo tinha mesmo qualquer coisa.
O miúdo não jogou contra o Japão (não foi preciso) e a Nova Zelândia passou aos quartos-de-final, onde venceu Gales. O miúdo não marcou, mas deu mais um ensaio a marcar,depois de outra das suas já habituais cavalgadas.
Mas o melhor estava para vir. 18 de Junho, meias-finais, Cidade do Cabo. Os All Blacks enfrentam a muito boa Inglaterra de Carling e companhia. Todos os olhos estão postos no miúdo. Ao fim de 10 minutos, o desastrado Bachop tenta passar-lhe uma bola longa, que sobrevoa a linha de três-quartos e cai ao chão. A jogada parece perdida, mas o ressalto, caprichosamente, vai parar-lhe às mãos. A trinta metros da linha de ensaio, Lomu embala. Foge a uma primeira placagem de Rob Andrew, foge a uma segunda de Carling, que ainda consegue desequilibrá-lo, cambaleia mas não cai, fica frente a frente com Mike Catt, que se baixa para o placar como mandam as regras, último obstáculo antes da glória do outro lado da linha branca. E passa por cima dele... Não o finta, não se desvia, não o afasta. Limita-se a  prosseguir como se ele não estivesse lá.
Inacreditável. Mas o miúdo faz mais, muito mais. Marca mais três ensaios e manda, sozinho, a Inglaterra de Carling e companhia para casa. Tinha nascido uma estrela. Agora, já se sabia quem era o miúdo: o mais espantoso jogador que alguma vez pisara um campo de rugby. Horas depois, Carling diz aos jornalistas que Lomu é um monstro ("a freak") e que espera não voltar a encontrá-lo tão cedo. O talonador inglês Brian Moore, célebre pelo mau feitio (embora hoje um muito reputado comentador), responde a quem lhe pergunta como parar o "freak": com uma espingarda para elefantes. Não tenho a certeza que fosse uma piada.
Contudo, a força de Lomu vem a revelar-se, na final, a fraqueza dos All Blacks. Contra a anfitriã, apoiada por Mandela e por 44 milhões de sul-africanos à espera de um milagre, a favorita Nova Zelândia concentra-se em fazer chegar a bola ao seu ponta esquerdo. Mas o milagre acontece. Durante oitenta minutos, mais os vinte do prolongamento, os Springboks conseguem sempre placar Lomu. Foi uma das melhores prestações defensivas que já vi na vida. Não houve ensaios, mas foi épico na determinação, no rigor táctico, no sangue frio dos sul-africanos. Quem viu o jogo em directo percebeu que, para eles, aquilo não era só um jogo. O sentimento de que qualquer coisa extraordinária se estava a passar é bem exemplificado por aquele que foi, quanto a mim, um dos episódios do jogo. Ao fim de um quarto de hora, os All Blacks tentam um movimento previsível, mas nem por isso menos demolidor: a entrada de Lomu a seguir ao abertura. O ponta recebe a bola de Mehrtens a todo o vapor, passa pelo abertura e pelo asa contrários como se não existissem e, quando parece ter pela frente uma auto-estrada, é Westhuizen, o mais tecnicista dos Boks e na altura o melhor médio de formação do mundo, quem se lança aos seus joelhos, vindo sabe-se lá de onde, e consegue  derrubá-lo com uma placagem de tirar a respiração.
Imaginem que Miguel Ângelo deixava o escopro com que esculpia o David, por momentos, e ia extrair mármore com uma picareta para Carrara: a placagem de Westhuizen foi mais ou menos isso. E teve um efeito psicológico extraordinário. De repente, o mundo inteiro viu que era possível para Lomu. Os All Blacks bem tentaram dar-lhe a bola de todos modos e feitios, mas havia sempre um, dois, três Boks no caminho. Lomudependentes, os neozelandeses não tinham outra solução que não fosse Jonah - ou a bota de Mehrtens. O jogo foi, por isso, um duelo de chutadores. Stransky, com um drop  a escassos minutos do fim, venceu-o. E, com ele, a nova África do Sul. O resto é história.
Lomu era uma combinação improvável de massa e velocidade. Collin Meads, outro lendário All Black, disse quando o conheceu: "já vi muitos tipos como ele, mas nunca a jogar a ponta". Isso não fazia do "rinoceronte com pés de bailarina", como alguém lhe chamou, o melhor jogador de sempre, título talvez atribuível a Gareth Edwards ou a Richie McCaw. O arsenal técnico do big man era limitado - só que tremendamente eficaz. Implacável (nunca esta palavra foi tão literal) no um para um, podia ultrapassar o adversário directo com um monumental hand-off,

uma inesperada troca de pés

ou um débordement perfeito.
 Com isto, criava espaço, esse luxo cada vez mais raro no rugby moderno. São poucos, muito poucos, os eleitos que criam espaço simplesmente pela sua movimentação individual, e Lomu fazia-o como ninguém. Depois, com os 5-10 metros assim ganhos, acelerava para a linha de ensaio, se não tivesse oposição, ou inflectia para dentro e ia ao contacto, semeando o pânico na defesa. E quando isto não dava, sabia que podia contar com o apoio de Josh Kronfeld, príncipe herdeiro da longa e gloriosa linhagem de 7s de manto negro, a quem Lomu, o conquistador, oferecia graciosamente os despojos dos vencidos.
O resultado era pura beleza em movimento, aquela beleza de que são feitas as ondas do mar ou as cargas de cavalaria, uma beleza que entrava pelos olhos dentro sem necessidade de saber distinguir um maul de uma mêlée. O rugby era grande e Lomu o seu profeta. Defendia mal, não sabia chutar e ignorava a placagem, mas vinha do outro mundo, um mundo de heróis e semideuses. Na verdade, Lomu parecia um herói de jogo de vídeo e, alguns anos depois, tornou-se mesmo um deles.
No mundo real, porém, nem os heróis fogem à morte. No mesmo ano de 1995 em que a glória lhe caiu no regaço, foi-lhe diagnosticada uma grave doença de rins. Passou a fazer intensas sessões de hemodiálise, primeiro três vezes por semana, depois todos os dias. Abandonou o rugby pouco depois de brilhar de novo no Mundial de 99 - que também não venceu, eliminado nas meias-finais por uma memorável segunda parte da França (três ensaios gauleses contra dois de Lomu).

Morreu ontem, de ataque de coração, no regresso de um outro Mundial em que a sua Nova Zelândia se tornou a primeira equipa da história a repetir o título e o seu record de quinze ensaios em fases finais foi igualado pelo sul-africano Bryan Habana. Lá no Olimpo, Mandela há-de tê-lo recebido com um sorriso malandro: "Do you remember, Jonah...?"

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Helmut Schmidt (1918-2015)


A morte de Helmut Schmidt vem lembrar-nos dolorosamente que houve um tempo, também por cá, em que a esquerda foi assim: social-democrata em política mas liberal em economia, patriota mas europeísta; culta mas avessa a todas as utopias. E fumava (ah, se fumava...). Foi há muito, muito tempo.

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quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Padrões fóbico-obsessivos:

No Depressão Colectiva.

E mentem, mentem, mentem...

A rábula da suposta agressão a Isabel Moreira na manifestação de direita, ontem, já começa a enjoar. Não estive lá, mas o que vi na televisão foi a senhora deputada a passear-se com tranquilamente pelo meio do povo inimigo. Agressões? Só apupos e insultos, sem dúvida, mas ninguém lhe tocou. E pergunto-me se a Pasionaria do Restelo não estaria exactamente à procura da sua Marinha Grande. Já agora, o que teria acontecido se um dos deputados da PAF fizesse o mesmo na manif da CGTP?
 Enfim, é uma socialista portuguesa com certeza: a mentira como política e está pronta para o seu close up.

Reescrever a história

António Costa voltou a dizer ontem, no Parlamento, que o acordo das esquerdas "derrubou um muro", ou qualquer coisa assim. Alguém devia explicar-lhe que o outro Muro caiu para tirar os comunistas do governo e não para os levar para lá.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Uma associação de malfeitores

O PS tornou-se uma associação de malfeitores. Antes, deu-nos um Primeiro-Ministro que roubou os contribuintes para encher os bolsos. Agora, dá-nos um Primeiro-Ministro que rouba os eleitores para chegar ao poder. O roubo é o mesmo, os cúmplices é que mudam. A corrupção de Sócrates serviu-se dos bancos e das grandes empresas. A golpada de Costa serve-se do Bloco e do PCP. Não lhes chamo idiotas úteis porque uns e outros sabiam e sabem o que estavam e estão a fazer. Quanto ao partido da Fonte Luminosa, paz à sua alma (se é que ainda a tem).

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Olhe que sim, olhe que sim

É impressão minha ou o Dr. Soares anda muito caladinho sobre a maravilhosa frente de esquerda? E ninguém lhe pergunta nada?

domingo, 8 de novembro de 2015

Uma porcaria


O período de graça chegou ao fim. Não comeces a pôr a equipa a saber sair a jogar de trás para a frente e quem fica bloqueado, e a treinar o Omonia Nicósia, és tu. 
É patética a maionese deslaçada, o Gaitán não disfarça tudo e conheço parkinsónicos mais coordenados do que os nossos defesas.

domingo, 1 de novembro de 2015

A treta do "destruíram a cultura"

Dando de barato que num país  sob resgate ( ler outra vez) a produção cultural dificilmente aumentaria, vamos então  ver a treta da destruição da cultura  que todo o pagaio papagueia, mais agora que o governo-sonso resolveu criar um ministério da dita:

Teatro, receita de bilheteira:
2010: 10, 5  milhões euros
2014:  10, 8

Teatro, concertos e espectáculos :

2010: 30.088 sessões
2014:  29. 666 sessões

Livros originais  catalogados na BN:

2010: 8983
2014:   9782

Música e dança:

2010: 11.926 sessões
2014: 11.640


Fonte: óbvio.





A escola cínica aplicada

No Depressão Colectiva.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

O tempo


Aos 9m André Almeida faz uma excelente assistência que um lagarto aproveita para desmarcar outro.  Num contínuo de esperança, Sílvio não interrompe o lateral lagarto, Luisão e Jardel estão a discutir quantos  cavalos tem o novo Ferrari  488 GTB e o Temível, coitado, até se envergonharia se não assestasse uma pedrada. E o jogo acabou. O Benfica vive no tempo polissíncrono.

O tempo não é  só memória. Se fosse, o que fazer com isto? Sim, tinha ganho um título antes.  Sim, mas também esteve depois três anos sem ganhar nada excepto aquela taça com nome de cerveja. Por que motivo Vitória não tem tempo? Porque não temos tempo para ter  memória.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Habemus Ministerium

A nomeação de Teresa Morais para a pasta da Cultura destina-se simplesmente a contentar a esquerda, que vê a sua velha catilinária de um ministério para o sector ser atendida. De resto, a própria onomástica do novo "Ministério da Cultura, Igualdade e Cidadania" mostra que se trata de um concentrado de wishful thinking politicamente correcto. O que até nem está mal visto. O Governo pode não durar muito, mas Passos Coelho dá um sinal de abertura a causas que tocam os corações do outro lado. Servirá de alguma coisa? Claro que não. Mas é um gesto bonito.

Apocalypse now

Os socialistas entendem-se com a extrema-esquerda, Ferro Rodrigues é a segunda figura do Estado, Sócrates diz que é um preso político, o Sporting ganha por três secos na Luz...
Cheira a napalm e já vi o fim do mundo mais longe.

domingo, 25 de outubro de 2015

Relações sintagmáticas

A propósito desta chamada de atenção feita pela Helena Matos, recordar:

"Requeriam as cartas d’El-Rei de Castela a D. Manuel, que não consentisse morarem no seu Reino tão malvada gente, a Deus e aos homens  mal querida. Matéria foi esta, que El-Rei teve por mui digno ponderá-la; e achou em seu Conselho muitos, que sentiam não nos devermos descartar de um povo, que o mesmo Papa não desdenhava acolher em muitas Cidades da Igreja Romana, exemplo que muitas Cidades de Castela, que muitos Príncipes Católicos não só de Itália, mas ainda na Alemanha, e na Hungria, e em outras muitas regiões da Europa tem abraçado, concedendo aos Judeus a faculdade de ali morarem, e exercerem sua indústria. Que com lançá-los da terra, nem por isso os desvestiam da ingénita perfídia, que onde quer que os pés pusessem, deixariam pegadas de maldade: nem algum homem assisado se inquietava mais com a maldade feita antes neste sítio, que naquele. Passados os Judeus em África (o que ninguém duvidava, apenas os lançássemos do Reino), eis cortadas todas as esperanças da sua conversão. Enquanto entre Católicos, com a conversação e exemplo dos  Cristãos, e acareados de seu bom ensino, muitos abordavam à Cristandade o que (uma vez entre homens eivados dos erros de Mafoma) lhe ficava desesperado. Além de ser grande desconto para a República trasladar esta gente aos Mouros o dinheiro, em que eram muitos deles opulentos, e as Artes, que de nós tomaram, e em que doutrinariam nossos inimigos, para depois com elas nos talharem grandes prejuízos". 

( aqui)

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

A vida é feita de surpresas

Caro leitor, a vida é feita de surpresas. E eu decidi, em nome do misterioso destino que nos juntou sob este tecto, partilhar a minha última descida aos insondáveis enigmas da Criação. Não é um momento fácil, devo dizer. Raramente a sólida película do mundo quotidiano se rasga assim, de alto a baixo, sob o peso do mais puro espanto. Mas aconteceu-me. Ontem. Imagina que descobri, com o precioso auxílio dos comentadores, que o Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República Portuguesa, não quer comunistas e bloquistas no Governo.
A sério.
Não quer mesmo (comentadores dixerunt).
Já imaginaste?
Sim, eu sei.
Também foi difícil para mim. O Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva, anticomunista?
Ao que isto chegou... Qualquer dia temos o Cardeal-Patriarca a dizer que a homossexualidade é pecado.
Claro que 80% dos votantes nas últimas eleições também não querem comunistas e bloquistas no Governo. Claro que o PS, bem lá no fundo, comunistas e bloquistas no Governo não quer. Claro que o Bloco, já se sabe, quer um Governo sem comunistas. Claro que até o PCP, obviamente, quer um Governo sem comunistas (talvez mesmo sem bloquistas, mas isso já não garanto).
Claro que sim.
Mas por qualquer razão ainda mais misteriosa do que o misterioso destino que nos juntou sob este tecto, só o Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva consegue deixar os nossos compatriotas de boca aberta quando não quer comunistas e bloquistas no Governo.
Mal refeito do abalo cósmico que assim mudou a minha vida, eu, que nunca, nem por um momento, imaginei o Prof. Doutor Aníbal Cavaco Silva a empossar um Governo que, além de não incluir comunistas e bloquistas, cometeu o supremo acinte de ganhar as eleições, regresso agora, na tua companhia, à sólida, confortável, familiar realidade e descanso dos sobressaltos recentes com a leitura do acordo entre os partidos de esquerda que levará a São Bento o Dr. António Costa, líder da segunda força política do país.

(O quê?
Ainda não há acordo?
Caro leitor, a vida é feita de surpresas.)

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Cachimbos de lá

Jean Metzinger, O fumador, 1913.

Sócrates forever

Pelo que li ontem no Correio da Manhã (sim, seus hipócritas, não são só vocês...), o levantamento do segredo de justiça interno ao processo de Sócrates está a alimentar uma nova catarata de notícias sumarentas sobre a sumarenta vida do nosso ex-PM, ao ponto de os seus sumarentos advogados estarem já a pensar em sumarentas providências cautelares para impedir a devassa. Fiquei confuso. Afinal, não era o segredo de justiça a fonte de todos os males? E temem exactamente o quê?

Pensando bem

Pensando bem, talvez o processo de engenharia política em curso não deva surpreender-nos. A esquerda que tenta torcer os resultados das eleições para chegar ao poder é a mesma que, na Aula Magna, prometeu "correr com eles [o Governo anterior] à paulada". A frase foi dita às televisões por Vasco Lourenço, que derrubou uma ditadura pelas armas em 74. Implicitamente, faz equivaler a legitimidade de derrubar uma ditadura pelas armas à legitimidade de "correr à paulada" um Governo democrático. E que não tenha sido condenada pelos magnos democratas ali presentes, de Mário Soares a Pacheco Pereira, mostra como, em algumas cabeças, esta coisa de respeitar o votinho do povo é muito relativa.
Incapaz de "correr com eles à paulada", incapaz de "correr com eles" em eleições, a esquerda lança agora uma terceira via: a secretaria. Terceira via pós-moderna, pois claro, segundo a qual a prática de quase meio século da democracia portuguesa - governa o partido mais votado, mesmo sem maioria absoluta - não passa de uma conspiração da CIA e do grande capital para impedir a vitória das forças progressistas. Os herdeiros do jacobinismo e da ditadura do proletariado nunca se deram muito bem com a liberdade. Sobretudo com a liberdade dos outros.

"Perdi anos de vida"

No Depressão Colectiva.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Vitoria é derrota, humilhação é glória


A essência do PREC foi isto. A raiva depois das eleições de Abril,  para a Constituinte, que arrumaram a mole de max-len. de aviário que surgiu do nada. O povo esteve-se nas tintas para estes  jactantes que confudiram a serra de  Sintra  com a sierra Maestra. 
Agora, em 2015, o novo PREC é isto: torcer números, apagar factos, mentir como quem respira. Costa já não é o humilhado derrotado, o PàF  não venceu eleições, estivemos dez anos sem democracia etc.  O que este  indivíduo diz não é muito diferente do que diz nas redes sociais a  maralha enraivecida com o resultado de dia 4 . O que já é mais triste é não ser  muito diferente do que pensam  muitos pavões  que ainda há pouco enchiam a boca  com Sá Carneiro e Mário Soares.


sábado, 10 de outubro de 2015

Contra o tremendismo: de esquerda e de direita


Não se trata de imbecil ilusão de meio termo, antes de uma constatação: o tremendismo não tem cor. 

1) Durante  quatro anos  assistimos ao tremendismo que  redundou na vitória da coligação. Gente inteligente persistia em ver o caos, em prever o caos, os media ajudavam à festa. Entre  ódios velhos, vaidade pessoal e, também,  alguma estupidez, o cenário  foi  esse. 
Era como se nunca tivesse havido fome no país, como se antes de 2011 os velhos  aldeões tivessem reformas dignas. Era como se  o país  não tivesse sido resgatado e o governo fosse o Belzebu fanático neoliberal. Éramos a Grécia,  mas depois a Grécia - e as filas no multibanco -  ajudou a destrinçar o problema de identidade.

2) Agora o tremendismo virou à direita ( curioso que muitos pedantes que juravam esta dicotomia ultrapassada andam agora com ela na boca). O argumento é o de que  um governo  com Bloco e PCP destruiria o país. Ainda que seja uma miragem, convém pôr o tremendismo  na ordem.
 No caso de, finalmente, a extrema esquerda e esquerda real assumirem o poder, nenhum fantasma chavista se assoará aos cortinados como prova o caso grego. Quando Portugal iniciou o processo de  adesão à UE ( então CEE) , dizia-se no PCP que "pelo menos isso garante que não haverá nenhum Pinochet".
Por inovadora que fosse essa solução governativa, não seria antidemocrática e isso, para um velho liberal, basta. Os resultados, confesso, seriam refrescantes...



Dia mundial da saúde mental

Notas vadias no Depressão Colectiva.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Crónicas do planeta oval: Mundial de rugby, o que já vimos e o que veremos

Tenho escrito pouco sobre o Mundial de rugby e é pena, porque tem sido óptimo. Além da vitória do Japão sobre a África do Sul, toda a gente rejubilou com a eliminação da anfitriã Inglaterra. Toda a gente menos os bifes, claro, que perderam a fleuma com a excentricidade de a equipa organizadora não passar a fase de grupos pela primeira vez na história. Mas as derrotas com Gales e a Austrália foram justíssimas, o que não será bem uma surpresa se nos lembrarmos que, nos últimos Seis Nações, os da rosa ganharam o péssimo hábito de ficar em segundo. Perderam para a Irlanda este ano e no ano passado, perderam para Gales em 2013. E há coisas em que só podem queixar-se de si próprios. Não me refiro à ideia peregrina de optar por um dúbio pontapé para alinhamento nos derradeiros segundos da batalha com os galeses, em vez tentar os três pontos da penalidade que garantiriam o empate, imitação nipónica que tem valido ao capitão Robshaw o linchamento mediático. Refiro-me às erráticas opções de Lancaster nos três-quartos: Farrel a 10, depois de ter dado essa camisola a Ford durante quase um ano; Burgess a centro, quando o homem só sabe defender; Brad Barritt a 13, um desperdício perigoso; Jonathan Joseph a ponta, um desperdício inofensivo. Olhe para os cangurus, sir: deixaram o trabalho pesado para Pocock e Hooper, que fizeram os bifes em picadinho, e libertaram os pesos-pluma Foley e Gitteau para a extravagante tarefa de pensar o jogo. (Sim, consta que nos antípodas há uns bárbaros que fazem isso.) Resultado: três ensaios e bye bye England, com o supremo acinte de o segundo de Foley ser de uma simplicidade genial - e, na minha modesta opinião, candidato a ensaio da prova.
Quanto os outros, confirma-se que os Pumas estão a praticar um rugby de alta voltagem. Rápidos, criativos, incansáveis a defender, jogam em profundidade, ocupam o campo todo, garantem sempre o apoio e mantêm a bola viva. Em suma, fazem tudo, e muito bem, o que faltou à Velha Albion. Vão longe. A vitória sobre Tonga, mais difícil do que os números sugerem, foi um hino ao rugby de movimento. Veja-se o segundo ensaio, que nasce de uma arrancada magnífica, quase na área de 22, de Santiago Cordero (revelação do torneio, por agora, e outra prova viva de que o tamanho nem sempre conta) e acaba do outro lado, com vários jogadores em posição de marcar. Ou o que resulta de um alinhamento captado pelo terceira-linha Juan Fernandez Loebe, na zona de acção do pilar, e é concluído, com um único passe, pelo talonador que tinha introduzido a bola. São jogadas só possíveis com executantes de grande qualidade e bem treinados - ainda por cima por um mister que já passou por Portugal, Daniel Hourcade de sua graça.
A Nova Zelândia está apurada, como se previa, mas sem entusiasmar. Ou muito me engano, ou será assim até levarem a taça. A menos que sofram uma derrota épica às mãos dos Wallabies, os únicos dignos da proeza. Nem a Irlanda, a mais forte candidata do hemisfério norte, parece estar ao mesmo nível. Claro que há a França, a tradicional bête noire dos neozelandeses, mas esta não é a irredutível Gália de 99. E a África do Sul? Depois do tsunami, prossegue em velocidade cruzeiro. Bateu a Escócia em toda linha, embora o marcador seja mais que lisonjeiro para os homens do cardo, e esmagou os Estados Unidos por 64-0. Jogo sem história, não fosse Bryan Habana ter conseguido um hat trick que lhe permitiu igualar o lendário record de quinze ensaios de Lomu em Mundiais. Como os Springboks ainda têm dois ou três jogos pela frente (prevejo a eliminação lá para as meias-finais), só por azar é que o veterano do Toulon não chegará à glória de ser o homem que mais vezes pousou a oval na área de validação contrária desde que o Dr. Kirk, capitão dos All Blacks, ergueu a William Webb Ellis no distante ano de 1987.

Diário de um cínico

Os ataques da Rússia na Síria têm três objectivos principais: reforçar Assad, mostrar o músculo de Putin e provocar a NATO. O mínimo que se pode dizer é que têm tido sucesso. Porquê agora? Porque, com a crise dos refugiados, o combate ao Estado Islâmico tornou-se a preocupação número um da política externa da UE e da América. O que explica o súbito acordo nuclear com o Irão, por exemplo, ou a reacção contemporizadora de Obama à invasão do espaço aéreo da Turquia pelos Migs russos. Putin vai continuar esticar a corda enquanto o deixarem. Ou os europeus e os americanos arranjam uma estratégia clara para o Médio Oriente, vontade de a pôr em prática e um mínimo de coordenação, ou a Rússia torna-se o principal player da zona. Eu, se fosse ucraniano ou israelita, teria medo.

O cepo das marradas: onde estaríamos agora se Cavaco lhes tivesse feito a vontade?

Típico  da ditadura moral de esquerda em que vivemos desde 1975  ( e  ainda bem, porque é só moral) é o achincalhamento de Cavaco. Como não podem prender o povo nem as empresas de sondagens, viram-se para onde calha. 
Não esquecer que foi acusado milhares de vezes de bandalho porque não demitia o governo. Os patriotas do PCP, UDP, PSR e os activistas LGBT ( que não perdoam a Cavaco) enfiam agora a viola no saco. Lançava-se o país  na confusão para a coligação ganhar de novo, como ganhou no dia 4. 
Se isto é o tal patriotismo, então sou um orgulhoso traidor à Pátria.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

De pé, ó vítimas da fome...

Este país só se cura quando importarmos cortiça.
Eu sei que não vai  acontecer, mas o sonho comanda a vida...

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Cada vez melhor

Belisquem-me, que eu não posso acreditar: o PS que pedia a maioria absoluta há uma semana é o mesmo que não vai apoiar nenhum dos candidatos às presidenciais? Querem que o Marcelo seja eleito à primeira volta, é isso?

O rei na barriga, variação da choldra:

"Ora, este fracasso marcou igualmente o fim de qualquer sonho desse tipo, pelo menos num futuro próximo, num país onde "esquerda" e "direita" deixaram de ter qualquer significado, são meros chavões e rótulos vazios de conteúdo. Pior, deixou bem claro que ideias bem formuladas, propostas inovadoras, projetos participativos e apelo aos valores da cidadania não ganham eleições em Portugal. Nada que surpreenda num país com 4 milhões de abstencionistas. Nada que surpreenda num país onde a PàF venceu as eleições".

Algumas notas que se impõem

1. Se a PAF não ganhou as eleições, como consta por aí, não há qualquer dúvida de que o PS as perdeu. Costa conseguiu o impossível: ser derrotado por Passos-Tecnoforma, Portas-o-irrevogável, quatro anos de austeridade, as maiores manifestações desde o 25 de Abril, um aumento de impostos "brutal" e o desemprego que se conhece. É obra.
2. Mesmo assim, o PS não aprende. Costa perde o que nem o rato Mickey perdia, e a claque aplaude. O quê? Que "manifestamente" não se demita. Que esteja pronto para lançar o país no caos se não fizerem o que ele quer. E que diga tudo isto com aquele sorrisinho de superioridade que distingue um socialista de um mortal.
3. O voto de protesto foi direitinho para o Bloco, que duplicou o resultado. São más notícias para um país em convalescença económica e em equilibrismo político. Os tempos exigem sentido da realidade, coisa que não abunda por aqueles bandas. De qualquer modo, é um voto flutuante. Não me parece que vá durar até às próximas eleições.
4. Claro que há o lado bom: agora, temos as duas gémeas Mortágua no Parlamento. Se a segunda for como a primeira, os capitalistas que se cuidem.
5. O meu amigo Miguel Morgado também foi eleito. É um lado ainda melhor.
6. A abstenção foi o partido mais votado. Os políticos que se cuidem.
7. É muito mau que Sócrates e os seus advogados não se tenham ouvido durante a campanha. Mau para a democracia portuguesa. Bastava um comunicado do Dr. João Araújo e a coligação chegava à maioria absoluta.

A teoria

Das maiorias ideológicas na AR é à vontade dos camaradas, não é?

Preguiça, vaidade, enfim...

No fórum TSF está Adelino Maltez a dizer que o programa de governo vai ser uma barganha negociada às escondidas.
AM está muito aborrecido porque não há Podemos por cá. Vai daí, desqualifica  a negociação parlamentar. Como? Ah...pois, é tudo fake e nas costas do povo. Já se fosse entre um Podemos e um Ouvimos, seria às claras, no parque Eduardo VII.

Comunicar, tocar

No Depressão Colectiva.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Depois da batalha aparecem os valentes

1) Os comentadores.
Tem de se garantir o pão. 
Agora nunca ninguém disse mal das sondagens. É genial. E, também agora  a vitória do PàF foi curta "e esperada". Pacheco Pereira, que desancou  na Aximage e repetiu durante todos estes anos que "eles vão levar uma corrida", afinal sempre esperou a vitória do Pedro e do  Paulo...

 2) Os pirilampos 
O Livre/Tempo de Avançar conseguiu pior resultado do que  o PAN, aquela coisa dos cães&gatos. Só isto devia  fazer com que aqueles egos inchadíssimos ( "vamos unir a esquerda") metessem a viola no saco. Ainda por cima tiveram um lançamento promocional espectacular ( a TSF,  o Expresso e o Público, essa referência, que volta e meia trazia o momento "Rui Tavares diz"). Depois na campanha não tiveram essa cobertura, claro.
Por que motivo este Livre/Tempo de Avançar não infiltra  o PS?  Baixam a grimpa da vanitas e põem ao serviço do partido a sua capacidade, porque têm, é um facto, gente com miolos. Custa muito, não é?

3) As trombetas
Deppis de quatro anos de austeridade, as  forças anti- UE obtiveram apenas 18%.  Quatro anos. De facto, mais depressa lá chegavam pela revolução...

O jornal Público:

É isto.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Está tudo explicado

"Os portugueses conhecem o PS." (António Costa)

Gosto sobretudo desta parte:

(...)luta pela memória e pela reparação dos que sofreram (e sofrem) formas violentas de opressão;

Dúvidas que me apoquentam

Se o PS ganhar, vai fazer como o Syriza?
Se o PS ganhar, o filho da senhora espontânea de Setúbal volta a Portugal?
Se o PS perder, vão buscar outra vez o Seguro?
Ou o Corbyn?
Quanto tempo ficará Alexandre Quintanilha no Parlamento?
Sampaio da Nóvoa está por quem?
Marinho e Pinto dispõe-se a viabilizar um governo socialista que favoreça as "negociatas" de Almeida Santos?
Não é sexista que o Rui Tavares nunca se tenha despido na campanha?
Não é sexista que Marinho Pinto nunca se tenha despido na campanha?
O porco que aparece nos cartazes do PAN é candidato a deputado?
Onde é que o Sócrates vai votar?
E o Ricardo Salgado?
Etc.

Shy people

British opinion polls have a long history of overestimating Labor support. One theory is that shy “Tories” (as supporters of the Conservatives are known) tell pollsters that they will vote Labor (or that they don’t know whom they will vote for) but cast their ballot for the Conservatives on election day.

Instruções:

No Depressão Colectiva.

Messieurs-dames, o tal "democrata":

"Haverá, pois, quem legitimamente esteja preocupado e quem, também legitimamente, continue a pensar que no Domingo se verá, mas há três conclusões que, aparentemente, se podem já retirar: 
1.º Não haverá maioria absoluta, descendo a coligação abruptamente em relação às últimas eleições. 2.º As forças que rejeitam as políticas do governo da coligação são significativamente maioritárias ou, pondo a questão de outra forma, haverá uma larga maioria de esquerda.
3.ª Quando forem divididos os lugares por partidos, dissolvendo-se a coligação, tudo indica que o PS será o partido mais votado. Resulta daqui que o Presidente da República deverá encarregar António Costa de formar governo mas, se pensarmos na personalidade do ainda Chefe de Estado, há boas razões para pensar que ele fará outras interpretações".

Ainda há muito democratas destes em Portugal.

quinta-feira, 1 de outubro de 2015

O sonso e o altar

Senhor Primeiro-Ministro, pede-se encarecidamente o favor de não exibir o terço na campanha eleitoral. Aqui em casa somos cristãos-velhos e não gostamos de misturas. Já nos chega o D. Januário. Obrigado.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Dia 4 , psico-explicação técnica possível ( 2) : o tremedismo de pernas para o ar

(Continaundo a prever um empate que na prática é uma derrota para o tremendismo).
Há um outro detalhe que parece escapar ao analistas na tentativa de explicar a abstrusa possibilidade de a coligação vencer dia 4: também é psicológico e também tem a ver com  a negação da realidade .

A espiral recessiva e o segundo resgate eram dados como certos. Isto envolvia o caos social e  a violência política  legitimada. Espero que não se tenham esquecido. Nada disto se tendo verificado, a mensagem ficou. Os dois  anos  seguintes mostraram o falhanço da análise.

Ora, foi esta previsão tremendista que permitiu à coligação exibir  o sucesso de manter o país à tona de água e sublinhar o valor da estabilidade. De certa forma, o tremendismo histérico, táctico ou, nalguns casos, obscenamente  rancoroso, acabou por elogiar o trabalho do governo.
Não deixa de ser irónico que quem afinal  foi  miserabilista na atitude foram os cosmopolitas bem pensantes e viajados.


Mais um prego no caixão

Das viúvas de JJ. Ou talvez não. O Atlético de Madrid é uma equipa macia, defende mal, enfim, vamos ver no que isto dá.

Dia 4 : psico-explicação técnica possível

Aviso: a minha previsão é um empate, que, na prática, é uma derrota para os tremendistas.

A meio desta legislatura os media de serviço e as esquerdas  abandonaram a ideia do levantamento popular, da espiral recessiva  e do segundo resgate ( Maria Flor Perdoso está nesta altura, sem se rir, na Antena 1 a dizer que isso era ideia do... PSD). Até essa altura, cenários  apocalípticos eram razoávelmente assimilados pelas pessoas. A situação era nova, por isso todos as fichas   eram admisssíveis. O problema foi depois.

Nos últimos dois anos, os cenários apocalípticos não se verificaram. Isto devia ter feito os media e as esquerdas parar  para pensar ( O Pedro Magalhães tem falado nisto). Por exemplo, pensar no que estava  a acontecer. Optaram por outra via.  Na boa tradição  agit prop, passaram a pintar todos o sindicadores positivos como falsos, continuaram  a martelar o caos, a desgraça, o horror. Aqui a porca torce o rabo.

É letal, em democracia ( em Cuba ou na Coreia não faz mal), negar a realidade porque induz desconfiança  nos  eleitores. Na vida privada também: não consigo fazer passar 200 sms de uma tipa com fotos elucidativas e palavras doces por um assunto de trabalho. Mas há pior.
A insistência em descrever tudo como péssimo pior que mau ( autoria de  um comentador futebolístico), por estupidez, raiva ou pura vaidade, criou nas pessoas  não só uma sensação  de dessensibilização  sistemática ( usamos isso  no tratamento  das neuroses obsessivo-compulsivas) como um efeito perverso: as pessoas passaram a associar a desgraça  a quem dela tanto fala. Abyssus abyssum invocat...

MFL 2009- PàF 2015

O meu voto no PàF é igual ao meu voto em Manuela Ferreira Leite  em 2009. Em 2011 votei PCP , na altura disse-o nos blogues e fui gozado, porque entendi que era necessário reforçar  um partido capaz de proteger os mais fracos nos tempos que se avizinhavam. O voto não é futebol, nunca entenderei quem pertence a um partido como se pertence ao Benfica.
Tal como em 2009, estamos numa situação de pré-crise. 

1) Não quero promessas , destinos salvíficos, projectos para o país.  Quero a cicatrização do resgate e a convalescença de sectores como a saúde pública. O Estado não pode obrigar radiologistas a escolher a Guarda para viver, mas deve assegurar que se pode viver na Guarda.

2) Quero uma mudança lenta e compassada da dependência que temos do Estado, valendo isso tanto para os cidadãos como para as superestruturas vulturinas do mundo privado, que  vivem à mesa do OGE. Se a coligação vencer e se esquecer deste segudo ponto,  cá estarei na primeira fila da minha condição de anónimo blogger a morder-lhe as canelas.

3) Tal como em 2009, o sistema mediático tem um preferido. Em 2009 MFL era uma velha homofóbica e fascista  ( queria suspender a democracia),  agora a coligação come crianças ao pequeno-almoço.  Por falar em crianças, o sistema mediático que amplia qualquer notícia de um miúdo que ficou sem o pequeno-almoço , esquece-se de dar notícias destas. Derrotar este poder não eleito é essencial.