domingo, 6 de dezembro de 2015

O mito da radicalização

Para o actual espectro político em que os bons se revêem ( de Arnaldo de Matos, Mortágua,  Jeronimo  de Sousa e  Pacheco Pereira  até João Galamba e Adão e Silva), Sá Carneiro, no seu tempo  era um fascista. E um radical: queria extinguir o  Conselho da Revolução, por exemplo.
Convém recordar. Na altura,  Sá Carneiro  não era o  social-democrata com preocupações humanistas e sociais como o pintam agora. O seu longo e adunco  nariz era caricaturado como o de um abutre  ao serviço do capital e/ou do fascismo revanchista. Pelo espectro político supramencionado. Não é caso único. Freitas do Amaral, nas presidenciais de  1986, levou o mesmo tratamento. Era um fascista envergonhado, um ex-colaboracionista com a longa noite.
E assim tem sido, num país em que  a direita  tem vergonha de existir porque associada  imediatamente ao salazarismo e à opressão das liberdades.  Isto é feito, incrivelmente, por  forças políticas que, antes e depois de 1974, continuaram a ostentar com orgulho a sua associação a regimes que mataram, prenderam  e torturaram milhões de pessoas. Os mais novos limitam-se a aproveitar  a pista.
Agora, na senda da boa agit-prop , criaram o mito da radicalização. Talvez porque seja incomodativo chamar fascistas e ricaços  a 38% dos votantes.

2 comentários:

  1. Acho que o Arnaldo de Matos está um pouco metido à pressão (provavelmente para tentar capitalizar as revelações sobre o caráter de "culto" do MRPP) - creio que no tempo de Sá Carneiro o MRPP era quase um satélite do PPD/PSD (penso que nas eleições a que o MRPP não concorria - ou era impedido de concorrer - eles apelavam ao voto no PPD, que seria o partido menos comprometido como "o fascismo e o social-fascismo")

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  2. No tempo da AD o MRPP apelava ao voto em Sá Carneiro? Também quero o que estás a fumar.
    O AM era um nome muito debatido em minha casa...não há pressão nenhuma.

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