segunda-feira, 30 de junho de 2014

Caracas, Lisboa

Procura na TSF, na SIC, no  Expresso, na TVi,  no Público.  Procura, companheiro.

Somos todos argelinos

Por falar em Alemanha, aproveito este espaço, que tão generosamente o Dr. Vicente partilha comigo em troca de ocasionais louvores ao Glorioso, para dizer que hoje estou pela Argélia. Na bola, e não só, tenho um fraquinho pelos underdogs. A escolha de ontem era difícil, porque tanto a Grécia como a Costa Rica podem reclamar o estatuto, e nem a Holanda nem o México o merecem, mas hoje o destino poupa-me a dilemas. Além de que vitória dos mouros será a justa vingança do Sul mediterrânico sobre a Europa do Norte que nos espetou a austeridade e quatro secos, como a esquerda e o Dr. Mário Soares farão o favor de lembrar.
Se.
Ah, o futebol é belo e simples. Fosse tudo assim. Allahu akbar!

PS: Onze contra onze e ganhou a Alemanha. Lá vamos nós ter que pagar a dívida.

Diário de um cínico*

Um dos mitos correntes da política internacional, sobretudo à esquerda, é o de que os nacionalismos europeus morreram em 1945, sendo a União Europeia a prova da sua morte. Notícias um pouco exageradas, parece-me. O que hoje se vê, talvez porque a própria UE não se sente lá muito bem, é um regresso dos nacionalismos (para quem acreditou que eles se tinham ido embora, claro). Em França, em Inglaterra e na Hungria, partidos nacionalistas ganharam as últimas eleições. A Escócia pode vir a separar-se do Reino Unido por referendo, tal como a Catalunha da Espanha. A saúde da Bélgica, dividida entre flamengos e valões, já conheceu melhores dias. Em Itália, o Norte também ameça de quando em vez com o divórcio. Mais a leste, a Ucrânia vive um clima de guerra civil entre as regiões ocidentais e as russófonas. Etc.
Na verdade, assistimos não só a um regresso dos nacionalismos, mas a uma irónica repetição de 1918. A derrota na I Guerra Mundial causou a o fim dos multiétnicos impérios otomano e austro-húngaro. O ressurgimento de nacionalismos históricos como o escocês, o catalão ou o flamengo pode vir a desintegrar o Reino Unido, a Espanha ou a Bélgica, estados resultantes da união, nem sempre pacífica, de nacionalidades pré-existentes. Curiosamente, a Alemanha, nação maldita da Europa, tem sido das poucas a escapar aos ventos do separatismo e foi mesmo a única a alargar (ou a recuperar) as suas fronteiras depois de 1989. Quem diria que o nacionalismo alemão, causador e vencido de duas guerras mundiais,  seria o grande vencedor da Guerra Fria?

*Post recuperado.

Da série "A concorrência faz melhor"

João Lisboa deixa-nos aqui dois apontamentos preciosos sobre a poesia de Leonard Cohen. Podia acrescentar que a blogosfera serve também para isto, mas, em tempos de anomia, a blogosfera serve sobretudo para isto: dar-nos acepipes gourmet que as grandes superfícies não dão.

Dicionário português pós-troika (10)

"Coragem":

Sinónimo de " é preciso deixar  apodrecer isto  mais um bocado". 
Enquanto a coisa  ainda mexia, não havia aparelho mau. Fazia-se umas chicuelinas e umas verónicas. Na altura certa ensaiou-se um muletazo. Por magia, ficaram os bons e os justos de um lado e o aparelho mau e neoplásico do outro. O governo e maioria, coitados, caíram no ranking das invectivas.
O estilo Biedermeier tem esta vantagem de fazer o tempo parecer um biscoito.


É pouco

 Um craque destes, com uma internacionalização aos 26 anos, devia ter uma cláusula de 120 milhões.
Isto é que ar fresco para o futebol luso.

domingo, 29 de junho de 2014

Diário do Mundial ( 9)

1) Como a Grécia  é treinada por um português, a Costa Rica fez de Benfica  para  o ultra, Pedro Henriques, que se mascara de comentador. Foi tão doentio e  estúpido que até divertiu.

2) A revelação deste Mundial é o jovem Robben, de 30 anos. Hoje correu todo o jogo e contra a Espanha marcou um golo em que correu mais do que o Gareth Bale ( 37km/h contra 34km/h). Parece que sangue de carneiro faz milagres.

Dicionário português pós-troika (9)

"Eleiçoes antecipadas"

Ontem eram fundamentais e Cavaco era um canalha porque não as convocava. Agora não dão jeito nenhum  e Cavaco é um canalha se as convocar.
Neste  mundo sub-lunar, a superioridade moral destes seres de luz é um acidente do terreno.

Mucho poder

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário do Mundial ( 8)

A lengalenga habitual da perseguição, da conspiração, dos  fortes contra os fracos. O que este idiota se esqueceu de dizer é que  foi a terceira vez que Suaréz mordeu um adversário, tal como se esqueceu disto ( aqui a coisa piou mais fino...).
 E por que motivo se esqueceu? Porque esta lengalenga funciona sempre, está sempre à mão. No futebol como noutra categoria qualquer.

De facto, quem se lembraria de abordar a família sob a perspectiva dos valores sociais?



 "Os estudos apresentados no livro 'Homoparentalidades: Perspetivas Psicológicas' revelam, por exemplo, que as atitudes e as preocupações acerca do desenvolvimento das crianças adotadas por casais do mesmo sexo estão fortemente associadas ao género, às atitudes face à homossexualidade e aos valores sociais. Isto apesar da revisão da literatura científica realizada pelo autor demonstrar que a vida familiar e os aspetos desenvolvimentais chave destas crianças pouco diferem dos das crianças educadas por um pai e uma mãe".

A investigadora Ana Cristina Santos segue a cartilha dominante: agora ( ao contrário dos defensores  das barrigas de aluguer, que mandam às malvas os laços entre feto e mãe-a- dias) já é outra vez   a ciência que define  a família.
É evidente que não existem provas que uma  criança  educada por duas mulheres e um homem (por exemplo,  a mãe, uma tia e um motorista TIR)  fica um sociopata, mas isso já não interessa nada  à ciência do Centro de Estudos Sociais da UC.