segunda-feira, 16 de junho de 2014
Da bola
Enquanto escrevo, homens ultracivilizados lançam bombas sobre mim.
Não, esperem, não era assim que queria começar: isto era o Orwell ("O leão e o unicórnio").
Enquanto escrevo, agora sim, homens ultracivilizados fogem para os abrigos que são os sofás caseiros e os cafés com televisão, e outros homens ultracivilizados lançam bolas sobre eles.
À minha volta, aos poucos, a vida pára. Nas estradas, ainda há uns incautos que saíram tarde do emprego, mas o trânsito vai diminuindo até à invisibilidade. As lojas fecham ou esquecem-se dos clientes, que também se esquecem das lojas - excepto para comprar a cerveja que não tiveram tempo de comprar porque saíram tarde do emprego. Todos os ruídos se extinguem até se ouvir apenas o zumbido distante do relato, transmitido por milhões de oráculos domésticos. Filosofar é aprender a morrer, dizia o Montaigne. Ver a bola também: a existência fica em suspenso durante hora e meia.
Chega. Vou ver quantos há.
(Oh... não!...)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
ao unicórnio partiram-lhe o outro.
ResponderEliminarcom um seleccionador competente e adorado pela crítica,
o melhor jogador do mundo e arredores;
os 'Merkels' estão a passar a factura