terça-feira, 3 de junho de 2014

Da trincheira (2)

Por outro lado, isto prova o que já aqui disse: há uma esquerda que não vive sem o fantasma da extrema-direita. É uma muleta intelectual, como dizer "portantos" ou invocar as caravelas. Disfarça a gaguez, a insegurança, o vazio de ideias, as perdas de bola a meio-campo. Que o fantasma seja agitado por um idiota qualquer contra Seguro é o mesmo, mais coisa menos coisa, que Alegre o agite contra Rangel. Só os filisteus do costume, os da superioridade moral da seita, ignoram que a mudança de inimigo não muda a estupidez da táctica. Ou merece outro nome clamar por Hitler nas zanga de comadres do PS, quando a verdeira extrema-direita ganha eleições na Europa?
E quer esta malta salvar-nos...  

6 comentários:

  1. O tipo não foi tão esperto como o Pacheco Pereira, que comparou o discurso de Passo ao de Hitler no bunker, ressalvando que não estava a fazer comparações...

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  2. Pedro, o tipo é parvo, mas tirar daqui conclusões tão amplas sobre a esquerda não é razoável, para dizer o mínimo. Para além do mais, não se devendo invocar o nome do Hitler em vão, faça-se ao pobre diabo a justiça de se pensar que a sua analogia não tem nada a ver com campos de concentração e ditadura, mas sim com um determinado processo, o da destruição do que está à sua volta, no caso o PS. Haja alguém que raciocine com ponderação, já que o tipo não o fez. Mais razão de queixa têm das palavras do Alegre e ainda assim não se devem tirar daí conclusões tão tremendistas e tanta vitimização. Se não der jeito, pois que não se pondere, seja.
    Não o vejo é muito indignado quando, todos os dias e a toda a hora, fora de campanha, alguém diz que o Hitler também era socialista, coisa tão banalizada que já mal provoca reações da esquerda, que está mais do que habituada a isso, ou quando teóricos respeitados da direita escrevem que o estado social é um caminho para a servidão, desembocando nos exemplos do estalinismo. Qualquer socialista já levou com essa e qualquer comunista ou simpatizante do bloco de esquerda já foi tratado como candidato a torcionário. Nesse caso, suponho que seja um “dá e leva” natural no calor do debate politico da democracia. Pois.

    Filipe, eu desconfio que o Pacheco Pereira também não estava a dizer ou a sugerir que o Passos é um ditador criminoso que quer exterminar judeus e invadir a Polónia. Imagina que a expressão "bunker mentality" até está consagrada no Merriam-Webster, de tão comum que é o seu uso, pelo menos em sítios onde não provoca tantos prúridos.
    http://www.merriam-webster.com/dictionary/bunker%20mentality

    caramelo

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    1. azar: o JPP não falou da bunker mentality , falou de outra coisa: o meu falanço será o falhaço da Alemanha/Portugal, ou seja, da identificação do destino do país com o do líder.

      Sobre o resto nem digo mais nada. Vou de experimental e tal.

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    2. Se a analogia tem a ver com campos de concentração ou não, o melhor é perguntar-lhe a ele. A esquerda surpreende-me sempre, de modo que deixo a questão aos numerosos hermeneutas do fascismo que há por aquelas bandas. Quanto à analogia estado social=caminho da servidão é coisa que não me assiste, porque nunca a fiz. O meu ponto não é esse. O meu ponto é que a esquerda, não tendo já projecto nem utopias, continua a definir-se por uma romântica mas pouco realista "mentalidade de barricada", como diz o Furet. Ou seja, continua a ver-se (e aos outros) como heróica combatente pelo progresso e pela Humanidade contra os ataques da malévola reacção. O que, a valiar pela história, é um bocadinho exagerado.

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    3. Será que o tipo queria falar em campos de concentração? Será que não? É uma dúvida razoável e para não perdermos tempos com hermenêuticas complicadas, seria mesmo melhor eu ir perguntar-lhe. Continuemos a brincar. Diz o Pedro que não lhe assiste a analogia estado-social/servidão; mas já lhe assiste lamentar-se da forma como a esquerda trata a direita. Ah, o ponto deixou repentinamente de ser esse. O que não impede de terminar colocando sobre os ombros da esquerda o peso da "história", aquela, pois. Sim para além do já banal socialismo no "nacional-socialismo" e do caminho para a servidão, tinha-me esquecido que a esquerda tem nos genes a guilhotina e os gulags.

      caramelo

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  3. O Pacheco Pereira é sempre mais esperto...

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