Alertado pelo Observador, fui ler este artigo da Spectator. Vale a pena - para quem tenha estômago. Não é o mau caso. Parei na parte em que o autor, Tom Stacey, descreve como a lapidação por adultério na Arábia Saudita é organizada por uma polícia de vigilância dos costumes, os mutaween, "defensores da virtude e perseguidores do pecado". Todas as sociedades têm a sua e nós até temos várias. Mas a punição legal do adultério por apedrejamento, corrente em vários países islâmicos, recorda aos mais esquecidos a diferença profunda entre o mundo regido pela sharia e o, peço desculpa pela expressão, mundo ocidental. Mais primavera, menos primavera.
Todos conhecemos o episódio da mulher adúltera, narrado pelo Evangelho de S. João (VIII, 3-11). Questionado pelos fariseus sobre a pena aplicável, segundo a lei de Moisés, a "uma mulher surpreendida em flagrante delito de adultério" (o homem é convenientemente esquecido, de acordo com a tradição patriarcal), Cristo responde: "quem de vós estiver sem pecado que lhe atire a primeira pedra". E eles, "ouvindo isto, foram-se retirando um após outro, começando pelos mais velhos."
Os tempos mudaram, é certo. Tanto que hoje repetimos a história sem lembrar a conclusão. Jesus não desvaloriza o adultério nem a lei de Moisés, apenas dá mais valor à misericórdia, ou seja à salvação do pecador, do que à letra da lei: "vai e não tornes a pecar". É uma doutrina que o Papa tem recordado com invulgar frequência e vulgar incompreensão. Longe da armadilha moralista dos fariseus, Jesus chega a dizer que "todo aquele que olhar para uma mulher, cobiçando-a, já cometeu adultério com ela no seu coração" (Mt. V, 27). Um mandamento mais exigente do que a lei de Moisés e, suponho, extensível às mulheres.
E o que diria Ele hoje? Na América, talvez que julgar a vida sexual do Presidente em sede parlamentar não foi previsto por Moisés. Em Inglaterra, que Camilla não vale uma missa. Em França e em Itália, que enganar a mulher não deveria ser obrigatório para fazer carreira política. Em Espanha, que caçar elefantes enquanto o povo aperta o cinto não é menos grave. E em Portugal nada, visto que por cá não acontecem essas coisas.
Suprema sabedoria a nossa, não há outra conclusão, na linha do povo 90% católico masque não usa ir à missa.
ResponderEliminarXisPto
a lapidação devia ser aplicada a esquerda
ResponderEliminarque 'delapidou' irremediavelmente os contribuintes.