quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

De pé, ó vítimas dos exames

O fim dos exames do 4º ano é um exemplo do pior que tem para nos oferecer a esquerda: é demagógico, pouco democrático, irracional e sentimental. É demagógico porque prejudica aqueles que diz defender com mentiras que eles gostarão de ouvir. É pouco democrático porque não foi objecto de qualquer debate público. É irracional porque não apresentou nenhuma razão séria em sua defesa. E é sentimental porque se justifica com a "felicidade" das crianças e a aprendizagem "sem sofrimento", como se fosse possível aprender "sem sofrer" e como se uma escola pouco exigente não fosse o caminho mais curto para o fracasso.
Pior do que tudo isto só mesmo a ideologia igualitária que sustenta a decisão. Nada de exames, diz a esquerda, porque favorecem os ricos. Estão enganados, camaradas: os ricos há muito que tiraram os filhos da escola pública. Basta ver os famosos rankings. Ao nivelar a escola por baixo, quem se lixa, como sempre, são os pobres que não podem fugir à engenharia social da 5 de Outubro. Onde todos são iguais na mediocridade, ninguém pode progredir pelo mérito. E não há mérito sem avaliação. O fim dos exames não é só uma péssima ideia, e uma ideia pessimamente defendida por quem brinca aos bons sentimentos com os filhos dos outros. É o fim da possibilidade real de um sistema meritocrático. Quando a escola apenas dá aos pobres aquilo que eles já têm - a mediocridade -, então a igualdade de oportunidades deixa de ser um ideal para se tornar um mito.
Pensando bem, talvez seja exactamente isso o que quer a esquerda. Os pobres que continuem a ser pobres porque a classe média tem o mau hábito de votar na direita.

5 comentários:

  1. Gostei de ler o que penso!
    Margarida

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  2. Parte então do princípio de que os pobres querem exames para os seus filhos e que os privilegiados querem tirar-lhes esse direito.

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    1. Não, não parto. Ninguém perguntou nada aos pobres, pois não?

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    2. Não, não parto. Ninguém perguntou nada aos pobres, pois não?

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  3. Totalmente de acordo.

    Uma vergonha inacreditável - acabam/querem acabar c/ a única bandeira verdadeiramente de esquerda!

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