João Lúcio, já cá o trouxe, hoje num tributo mais demorado. Chegou a publicar na segunda série de A Águia, orgão oficioso da Renascença Portuguesa, a convite de Teixeira de Pascoaes, numa das poucas incursões que o resgata da discrição. Publica três livros -entre 1901 e 1913 - e morre advogado, em Olhão, antes dos quarenta anos por causa da pneumónica.
Pascoaes, Gaspar Simões e Pessoa são dos poucos que lhe prestam tributo. Pascoaes acabou a considerá-lo o único contemporâneo ao seu nível. Hoje ninguém lhe liga pevide ( excepção a Antóno Cândido Franco).
Pascoaes, Gaspar Simões e Pessoa são dos poucos que lhe prestam tributo. Pascoaes acabou a considerá-lo o único contemporâneo ao seu nível. Hoje ninguém lhe liga pevide ( excepção a Antóno Cândido Franco).
Pós lírico, pós-naturalista, pré-simbolista, tudo coisas para teóricos. Para mim, o seu mérito é ter sido, como Rossetti, Ungaretti, Ponge, Char e tantos outros, um pária das escolas.
Entre os clichés do tempo, Lúcio consegue ser um mitómano honesto, um maníaco profissional. Para ele, a realidade é o futuro ( Descendo, 1901):
Turbilhonou e foi para essa luz, com ânsia
De tocar a grandeza, em que há as coisas belas;
A luz mentiu ao pó, apagou-lhe a distância:
o pó sonhou-se então uma chuva d'estrelas.
(...)
Pressinto, oh pó, que tenho ainda de ir formar
Contigo uma pupila, em outras gerações,
E que ambos nós ainda havemos de levar
A um cérebro as mesmas impressões.
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