sábado, 10 de outubro de 2015

Contra o tremendismo: de esquerda e de direita


Não se trata de imbecil ilusão de meio termo, antes de uma constatação: o tremendismo não tem cor. 

1) Durante  quatro anos  assistimos ao tremendismo que  redundou na vitória da coligação. Gente inteligente persistia em ver o caos, em prever o caos, os media ajudavam à festa. Entre  ódios velhos, vaidade pessoal e, também,  alguma estupidez, o cenário  foi  esse. 
Era como se nunca tivesse havido fome no país, como se antes de 2011 os velhos  aldeões tivessem reformas dignas. Era como se  o país  não tivesse sido resgatado e o governo fosse o Belzebu fanático neoliberal. Éramos a Grécia,  mas depois a Grécia - e as filas no multibanco -  ajudou a destrinçar o problema de identidade.

2) Agora o tremendismo virou à direita ( curioso que muitos pedantes que juravam esta dicotomia ultrapassada andam agora com ela na boca). O argumento é o de que  um governo  com Bloco e PCP destruiria o país. Ainda que seja uma miragem, convém pôr o tremendismo  na ordem.
 No caso de, finalmente, a extrema esquerda e esquerda real assumirem o poder, nenhum fantasma chavista se assoará aos cortinados como prova o caso grego. Quando Portugal iniciou o processo de  adesão à UE ( então CEE) , dizia-se no PCP que "pelo menos isso garante que não haverá nenhum Pinochet".
Por inovadora que fosse essa solução governativa, não seria antidemocrática e isso, para um velho liberal, basta. Os resultados, confesso, seriam refrescantes...



6 comentários:

  1. Sim, mais do que tremendismos, impõe-se sentido de humor e sensibilidade para apreciar uma boa farsa. O objectivo do PC e do BE, com a disponibilidade para apoiar um governo PS sozinho, e deste, para explorar as possibilidades de um programa comum, não é dirigido contra a PaF, mas para "entalar" o competidor direto, as combinações dois a dois do conjunto {PS, BE, PC}. No fim da linha o PS usará as negociações falhadas à esquerda para aprovar o orçamento e não fazer cair o governo senão no momento que mas lhe convier. Estamos, portanto, no domínio do simbólico, plano que já decidiu as eleições, quando durante seis meses passou a telenovela grega e os eleitores puderam verificar, sem correr riscos, como num sonho, os resultados de uma política radical, constitucional, uma das possibilidades de um regime liberal.

    XisPto

    ResponderEliminar
  2. Não tenho tantas certezas (fiquei bastante apreensivo assim que se confirmaram os resultados eleitorais) e não sou termendista.
    Abraço tipo derby descasca pecegueiro.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. sei que não és ( não somos)

      abraço tipo falas muito levas 6

      Eliminar
  3. Inicialmente, caro FNV, confesso, parecia-me música sonsa!! Hoje, estou em crer, passado, talvez, o ponto de não retorno (as 12 semanas), ser inevitável. Parecem-me, pelo brilhozinho nos olhos, firmes no propósito e já prometem, ao que consta, educar a criança na fé cristã, sem grandes heterodoxias para sossego de uma parte da família, mais sensível a estas coisas!!
    Caro FNV, faz todo o sentido um Governo de Bloco Central (PS, BE e CDU)!! Tem, em última instância, a virtude de arredar do poder a chusma de neoliberais comedores de crianças ao pequeno almoço!! Neoliberais pra Viena ou Chicago, como se dizia noutro tempo (Eu, pessoalmente, prefiro a Sibéria ou o Kamchatka)!!
    Mais à séria. Acho de um histerismo tolo a denúncia encardida à proposta do PCP de estudar, inclusive preparar, uma moeda nacional. É, sem dúvida, a única posição prudente, quer por princípio quer face ao aparente e inevitável desmoronar da UE. Em 2016, após Presidenciais Francesas lá chegaremos. Não por causa da Grécia ou do Bloco Central em Portugal, mas pela mão da crise migratória sem fim!!

    ResponderEliminar
  4. Ah!! Esqueci-me de o secundar neste seu texto, uma vez mais!! Esta coisa de o secundar está a tornar-se monótona. Um dia destes deixo de cá vir!! O caríssimo FNV tem que escrever qualquer coisa de que eu discorde. Assim uma prosa pró consensual, enaltecendo um dos grandes mitos da terceira República ou a caldeirada de bacalhau!!

    ResponderEliminar