sexta-feira, 4 de abril de 2014

Ficção política


Puxar o filme atrás.
Quando se percebeu que o país começava a reagir, o que fizeram  PCP, Bloco, soaristas, ex MFA e  grupo de Paris, apoiados pelo PSD e CDS não-inscritos ( JPP, Capucho, MFL, Freitas, Bagão etc).
Começaram por ignorar, enfadados. Depois troçaram. Era só Sines. De seguida começaram a reconhecer, mas desvalorizaram sempre ( "não chega"). Finalmente viraram-se contra o INE, o Banco de Portugal e contra todos os jornalistas  que noticiem saída de contentores. Lembro-me bem, porque estava no D&Q e sempre que dava conta de uma melhoria, apanhava com o gozo, primeiro, e depois com a raiva. Tentei  explicar que era o país a reagir ( não estava "bom", óbvio, como nunca poderia estar  um país sob resgate), não o governo, mas debalde. A ficção estava escrita e passava por um desprezo absoluto, e imperdoável,  pelas pessoas que foram à luta. Um enorme erro político.
Isto aconteceu porque o espectro político de oposição ao governo  adoptou a cartilha da extrema-esquerda. Por isso o PCP e Louçã reivindicam, e bem, a originalidade da ideia do Manifesto dos 74. A adopção reflectiu a ficção política: vem aí o caos, o segundo resgate, a espiral recessiva,  a revolução, não se pode andar na rua em segurança, o governo está para cair  a qualquer momento etc. Cavaco  e Seguro levaram  por tabela.
Se em vez de viver debruçados sobre o umbigo,  nos jornais e nos estúdios  de TV,  tivessem lido os sinais e os números, se tivessem trabalhado sobre  a realidade  e não sobre  a ficção, não estariam  na  situação em que estão agora. E qual é ela?  A de um possível empate técnico nas legislativas, a da ruína da ficção que criaram.


4 comentários:

  1. E quem está a ser sonso, agora?

    ResponderEliminar
  2. "trabalhado sobre a realidade"... uhmm, há qualquer coisa de irreal nessa frase, quando aplicada á classe politica em geral... povo, realidade, trabalho e outros termos que tais são só berloques para por na lapela de pulhiticos.
    outro anónimo.

    ResponderEliminar
  3. Até o Dr. Mário Soares embarcou nessa ficção...

    ResponderEliminar