domingo, 11 de maio de 2014

Lapsos

O Público começou  a campanha para as europeias entrevistando Legrain, que diz que o resgate grego  e português foi para ajudar os bancos alemães. Como não percebo de economia, mas sei um bocado de poesia, gosto destas fórmulas  erméticas e futuristas. Para mais, o homem é bom nisto porque  publicou um livro que foi premiado pela Goldman Sachs, conhecida instituição de beneficiência.
Chamo, no entanto,  a atenção ao orgão oficioso. Deixaram escapar uma frase de Legrain: "É preciso sublinhar que, dado o crescimento gigantesco do crédito  que aconteceu em Portugal antes de 2007, Portugal sofreria na mesma".  Pode  ter sido a  Jonet, o César das Neves ou o Campos e Cunha que o aconselharam mal.

9 comentários:

  1. A sua argumentação podia estar melhor, pois sobre o problema estar nos bancos e a má gestão da crise europeia Wolfgang Munchau e Martin Wolf, no FT e Ambrose Evans-Pritchard no Daily Telegraph já escreveram profusamente sobre o assunto.

    Para a maioria dos representantes dos países ditos em desenvolvimento, na administração do FMI, o resgate grego cheirou-lhes a esturro bem cedo http://blogs.wsj.com/economics/2013/10/07/imf-document-excerpts-disagreements-revealed/ , um resumo de eventos aqui http://blogs.wsj.com/economics/2014/01/31/the-history-of-the-imf-and-greeces-bailout/ .

    Se se queria melhorar a situação grega e cortar/reformar, os gastos em Defesa eram um ponto a melhorar fortemente, coisa que não se viu http://www.theguardian.com/world/2012/apr/19/greece-military-spending-debt-crisis basta olhar para a trajectória dos gastos http://data.worldbank.org/indicator/MS.MIL.XPND.GD.ZS .

    Só se estivéssemos sobre o efeito de liamba, e mesmo assim não sei, poderíamos pensar em processos indolores. O que o entrevistado faz é remeter para o FMI, pois devido à cláusula de não-resgate os países europeus não se responsabilizariam pelos empréstimos. O que aconteceu foi uma redistribuição da dívida pública de credores privados para públicos, o que dificultará a reestruturação futura. O que se passou até agora mostra quem manda http://economia.elpais.com/economia/2014/01/31/actualidad/1391203282_052648.html .

    Para mim, a questão é e sempre foi de intensidade e sensatez das medidas incluídas no pacote de empréstimo, que com outra estratégia e outros capatazes, perdão, governantes portugueses poderia ter sido menos dolorosa, mas sempre dolorosa...

    Mesmo os chamados, por alguns, como uma espécie de "maluquinhos" do Manifesto não acreditam em almoços grátis http://pedrolains.typepad.com/pedrolains/2014/05/austeridade-para-finalistas.html .

    Como se escreve na China, quando o casino começar a cobrar as fichas não vai ser bonito http://www.scmp.com/business/economy/article/1481110/welcome-euro-casino

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  2. 1) A "sua argumentação" de quem ? Dele? Não disse que foi o primeiro ou único. . Minha? Não argumentei nada.
    2) Sim, teria sido muito simples resoilver os problemas. É sempre muito simples. O azar é que parece que depois de 2007 as fichas estavam esgotadas.
    3) Também acho que com um governo preparado e sem sede do pote as coisas podiam ter corrido melhor.
    4) Não sei se há maluquinhos do manifesto, mas gostava de ter visto um pedido de reestruturaçao de dívida em Abril e saber onde estávamso agora.
    5) O apocalipse europeu? Se for como o do euro ( que estava matematicamente acabado em 2013), menos mal.

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  3. como é evidente, markets assume all debt is public debt , venha ela de onde vier , a partir dai já íamos meio condenados

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  4. Desculpe, o meu comentário foi mal enviado, completo seria assim:
    Também achei essa a melhor parte da entrevista, mas esta também não é má.
    "Qual e a solução agora?
    É preciso um discurso de verdade. Não acredito que Merkel seja capaz de o fazer porque teria de admitir os erros. Seria preciso que algum líder ou político alemão explicasse a verdadeira história sobre o que aconteceu. Mas tem de haver um reconhecimento da verdade."
    Traduzindo: não faço ideia

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    1. A tradução mais correcta é "Desemerdem-se vocês. A merda atingiu a ventoinha e eu não sou mulher a dias". Mas eu acho que o Henrique está num dilema: pegar na frase sobre Portugal e achar que confirma a sua tese de que a culpa do que nos aconteceu é do despesismo anterior e que esta politica seria inevitável, ou tratá-lo como aldrabão? Não é fácil.

      caramelo

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  5. hehehe, Filipe, não escapou nada ao Público, aquilo é uma entrevista e estás a citá-la. Escapou-te foi a ti foi a transcrição correcta: "Bom, é preciso sublinhar que dado o crescimento gigantesco do crédito que aconteceu em Portugal antes de 2007, Portugal sofreria de alguma forma." e continua: "Não estou a dizer que seria tudo perfeito. Mas a recessão foi desnecessariamente longa e profunda e, em resultado dos erros cometidos, a dívida pública é muito mais alta do que teria sido. A austeridade foi completamente contraproducente, as pessoas sofreram horrores e isso prejudicou imenso a economia."
    Isto não é exatamente "sofreria na mesma",. A teoria do "this is the end of the world as we know it", é mais da Jonet, Cesar das Neves, Medina, que agora devem achar que o rapaz anda mal aconselhado. O problema, como toda a gente com dois dedos de testa sabe, é o monstro do estado social e os candeeiros do Siza, né? O Vasco Pulido Valente, numa das suas crónicas mais analfabetas de sempre (uma difícil competição) escreveu há semanas que só analfabetos pensam que a democracia está ligada à igualdade e ao estado social. Não percebi bem a razão pela qual ele acha que as pessoas querem exercer o seu direito de voto, associação, expressão, etc, na democracia, mas desconfio que o seu conceito de democracia (e tudo o resto), cristalizou no direito que tinha um respeitável burguês do tempo do passos manuel de publicar livremente uma crónica num jornal da capital.
    Isto não é engenharia aeroespacial, nem alquimia (não sejas tão modesto), já foi muitas vezes dito e desenhado que a crise não resultou da divida pública mas da privada e que esta era uma operação para salvar os bancos. Este só é mais lido porque não é exatamente um trotskista grego em mangas de camisa, mas sim um gajo do meio, digamos, o que torna a coisa mais escandalosa.

    caramelo

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    1. "Bom, é preciso sublinhar que dado o crescimento gigantesco do crédito que aconteceu em Portugal antes de 2007, Portugal sofreria de alguma forma."

      Não é "de alguma forma", o que lá está é "na mesma".
      Podes citar a entrevista toda, pôr mais creme ou mais kinky, está lá e contraria a teoria do andávamos muito bem até virem os malandros estrangeiros.

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    2. bem, eu não me fio num premiado da Goldman Sachs, diga-se.

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    3. Não tenho culpa, só abri aí o teu link e fiz copy da frase do gajo, mas ainda não atualizei o sistema operativo para o windows 8 e deve ser por isso. De qualquer maneira, como é que ele diria "na mesma", se ele trata os da troika (sobretudo os da comissão europeia) como mentecaptos e a austeridade que foi depois implementada como uma estupidez? Mais do que aldrabão, deve ser maluco, deve-lhe ter caído um candeeiro do siza na pinha.

      caramelo

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