Esqueçam o Tsipras e o Varoufakis: a verdadeira tragédia grega é a de António Costa. O homem, qual Édipo, pensou que bastava matar o pai para chegar ao poder (enfim, não é bem o pai, é o irmão, o Seguro, mas tenho que me cingir à Hélade e não dá jeito meter aqui o Rómulo e o Remo). Quando tudo parecia encaminhado, cairam-lhe em cima duas fatalidades: o Sócrates e o Syriza. De que não pode fugir e o atingiram sem aviso, como o destino faz aos heróis clássicos.
O Sócrates lusitano, tal como o de Atenas, farta-se de falar na prisão. Infelizmente, sobretudo para o Costa, não fala com a mesma sabedoria. De cada vez que fala, seja por carta, seja por cartaz, o PS perde votos. Não admira que a coligação PSD-CDS, mesmo depois de cometer o suicídio de se chamar PAF e não Antígona, esteja à frente nas sondagens. Costa desespera, até parece o Cinésias da Lisístrata, e reza a todos os deuses para que Sócrates seja rapidamente condenado por corrupção. Da juventude. Consta que, em privado, já lhe chama "filho da cicuta".
Quanto ao Syriza, é um verdadeiro cavalo de Tróia. O PS aclamou-o, festejou-o, recebeu-o em casa, e de repente, zás! (ou PAF!), começam a sair lá de dentro aquelas ideias malucas de chatear a Merkel e as "instituições". Cá para mim, o Costa devia ter olhado antes para dentro do cavalo, para evitar surpresas, mas já se sabe que os socialistas gostam imenso de mitologias. Tal qual o Barthes, que também não é desta história. Se tivessem olhado, a narrativa seria outra, o que não dá jeito, como já disse. Resultado: o Costa está metido num labirinto e não tem as asas do Ícaro. Aliás, as coisas também correram mal ao Ícaro. Sim, o Dédalo safou-se, mas tem um nome quase tão mau como a coligação.
Por favor, reservemos Barthes para o verdadeiro socrático no activo, João Galamba. É que não há outra forma de compreender a personagem.
ResponderEliminarXisPto
Sim, talvez tenha sido lapso meu. Mas, apesar de tudo, acho que o João Galamba é mais do que apenas um socrático.
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