1. Os ingleses, a jogar em casa, estão confiantes de que vão repetir o triunfo de 2003 (único Mundial ganho pelo hesmisfério norte, recordo). Pela amostra do jogo de abertura com as Fiji, estão a sonhar um bocadinho alto. Os homens do Pacífico Sul nem jogaram muito, mas houve alturas (no fim da primeira parte, por exemplo) em que a sua mêlée demoliu a inglesa, para além de terem conseguido mais turnovers nos pontos de quebra do jogo aberto (tradução minha de breakdown).Tendo em conta que o jogo fechado é um dos tradicionais pontos fortes dos súbditos de Sua Majestade, o treinador Stuart Lancaster deve estar a little bit worried. Indeed. Se os fijianos tivessem um chutador de jeito e não oferecessem penalidades infantis (aquele pontapé na bola num ruck mesmo em frente aos postes...), o resultado não teria sido tão lisonjeiro para a equipa da rosa. Valeram as substituições - mérito do Mister, reconheça-se. A troca dos pilares estabilizou a mêlée, Igglesworth esteve bem melhor do que Ben Youngs-dá-sempre-um-passo-a-mais-e-não-acerta-um-box-kick e Vunipola, ao contrário do enferrujado Ben Morgan, ganhou os metros preciosos que se pedem a um número 8. Chegará para vencer Gales e a Austrália, os seus principais adversários no "grupo da morte"? Não sei. Mas sei que, se a Inglaterra ficar pela fase de grupos, é um escândalo nacional.
2. Por falar em escândalo, a vitória do Japão sobre a África do Sul já valeu este Mundial. É mais memorável ainda do que a vitória de Tonga sobre a França em 2011. Primeiro, porque Tonga é melhor do que o Japão. Segundo, porque, no sábado, os Springboks nem estiveram mal - os orientais é que fizeram o jogo da vida deles. Não é qualquer equipa que leva quatro ensaios dos Boks e mesmo assim ganha. Os sul-africanos confirmaram o seu péssimo Quatro Nações de Agosto (último lugar e três derrotas, uma delas, first ever, com a Argentina), mas vão passar. Não tenho dúvidas e é bom que progridam na competição, para que os afrikaners não sejam todos atirados ao mar pela ala lunática do ANC. Os escoceses, próximo adversário do sol nascente, é que devem começar a fazer contas.
3. Ah, a Argentina, a Argentina... Grande jogo contra os hipersupermegafavoritos All Blacks, ontem. Determinados a defender, inteligentes a atacar, estiveram à frente do resultado até bem entrada a segunda parte. Em Twickenham, com a memória bem viva da proeza nipónica do dia anterior, pairou durante longos minutos um "e se?..." que valeu aos Pumas o impensável apoio do público inglês. Se tivessem ganho, acho que os bifes lhes ofereciam as Malvinas. Ou Gibraltar. Talvez mesmo a Escócia. Mas o banco neozelandês é de luxo. Bastou a Steve Hansen trocar Ma´a Nonu por Sonny Bill Williams, que entrou com a exclusiva missão de massacrar os centros e fixar a terceira linha dos alvicelestes, e a resistência acabou. Dois ensaios de negro nos últimos vinte minutos restauraram a ordem cósmica. Mas para quem diz que a Nova Zelândia vem jogar sem pressão porque a sua superioridade se impõe como o meridiano de Greenwich, veja-se que McCaw e Conrad Smith, dois dos mais experientes All Blacks de sempre, foram ontem amarelados por faltas nascidas do puro e simples nervosismo... Vão levar a taça, lá isso vão, mas não são kiwis contados.
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