sexta-feira, 11 de setembro de 2015

O debate


Devo ser o único português que não viu o debate Passos-Costa, mas vi excertos nos noticiários da noite (aliás, era impossível escapar). O erro de Passos não foi ter invocado o nome de Sócrates em vão: a estratégia de colar Costa ao passado socialista seguia um atalho óbvio, se bem que preguiçoso. O erro foi ter dito que não ia trazer o caso do 44 para a campanha e, afinal, acabar por trazê-lo sonsamente. Passos cometeu o pecado mortal dos políticos - achar que os eleitores são estúpidos. Não são. Toda a gente percebeu que, por trás da crítica às "ideias" partilhadas pelo antigo e pelo actual PS (uma crítica justíssima), estava o truque de envolver Costa num caso sob investigação judicial. Um truque que Costa desmontou com o refrão das "saudades". Isto vê-se em qualquer resumo da coisa; do resto não sei. Mas, pensando bem, houve resto?
Feito o ponto de ordem, estou muito longe de acreditar que este combate dos chefes foi "decisivo". Costa ganhou porque Passos é fraco, mas não inspira mais confiança aos célebres indecisos do que inspirava há uma semana. Com toda a razão. Os eleitores não são estúpidos, lembrem-se.

10 comentários:

  1. Caro Pedro Picoito,
    Parece-me que dizer "O erro foi ter dito que não ia trazer o caso do 44 para a campanha e, afinal, acabar por trazê-lo sonsamente" ao mesmo que "crítica às "ideias" partilhadas pelo antigo e pelo actual PS (uma crítica justíssima)" é pretender que alguém faça a quadratura do círculo.
    Eu não vi Passos Coelho fazer a menor referência à situação jurídica de Sócrates, mas convirá que não se pode criticar o modelo de estímulo à procura interna com base nos recursos do Estado, de que um bom exemplo é o Governo de Sócrates, sem dar o flanco ao processo de intenções que faz.
    Ou há maneira de fazer isso?

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    1. É difícil, claro, mas quem se meteu nesta situação foi Passos, quando fez saber que não usaria o caso de Sócrates na campanha. Tendo-o proclamado, depois tem que ser muito cuidadoso na matéria. Passos não foi e permitiu o contra-ataque de Costa. O que é que devia ter feito? Minimizar o tema e largá-lo quando percebesse que Costa se defendia bem. Mas não...

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  2. O Pedro Mexia tem razão, quando nos habituamos a comunicar por subtilezas perdemos a capacidade de ver o óbvio e o evidente!! No caso, o caro Picoito consegue ler todas as subtilezas...e quase só subtilezas!!

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  3. Caro Pedro, peço-lhe só para fazer um exercicio de suponhamos. Na improvavél hipótese de termos chegado aqui sem que existisse qualquer processo judicial em curso contra Sócrates, e tendo em atenção "apenas" o estado do País agora, por comparação com o estado de há 4 anos atrás, não seria previsivel, mais, aconselhável mesmo, seguir exactamente a mesma estratégia quando se tem pela frente um dos magnos representantes da trupe Socrática?

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    1. Já disse que sim, mas repito que foi Passos que limitou as suas opções ao jurar que não trazia Sócrates para a campanha.

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  4. Discordo, Pedro: agora temos um novo tabu? Não se pode falar do pré-resgate porque isso é soncice ( é o argumento dos valupis, cancios etc)?

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  5. Não, nada de tabus. O que é sonsice é afastar Sócrates da campanha com a mão direita e trazê-lo de volta com a mão esquerda. Ou ao contrário, para ser rigoroso.

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    1. não se pode, portanto falar do pré-resgate.
      também não faz mal,não é necessário.

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