Do centro do PS para a esquerda a ideia é unânime: não existe democracia em Portugal. Para os moderados, a democracia está refém do capital; para os outros, as amplas liberdades democráticas ( o único jargão de Cunhal que Pacheco Pereira ainda não recuperou) só são respeitadas em Angola, Cuba e Coreia do Norte. Posto isto, há eleições.
A novidade velha deste ano é o futebol. O ópio do povo vai distrair o povoléu embrutecido. Nunca é demais realçar o desdém desta gente pelos que dizem defender. É velho, mas às vezes leva troco:
Mário Campos*
recorda a Assembleia Magna da Academia que no Verão de 74 decide a extinção da secção de futebol da Associação Académica de Coimbra, como
tendo decorrido num ambiente terrível. A
tese dos 400 magnos era, como é bom de ver , a da alienação:”tu, que durante
todos estes anos apenas te podias reunir com os amigos ao domingo, no futebol, és um alienado / todos os que em
todo o mundo, capitalista ou socialista gostam de futebol, são alienados”.
Acrescia a esta verdade intemporal uma outra, a da corrupção do ideal amador
pelo mundo sujo do profissionalismo.
Para os registos fica
a reacção das gentes de Coimbra, do
anónimo a Mota Pinto e Antonio Portugal, que vencem a indiferença do então Secretário de Estado dos Desportos, Avelã
Nunes (marxista da Faculdade de Direito) e o parecer do Conselho de Jurisdição
da Federação Portuguesa de Futebol, onde, entre quatro insignes conselheiros ,
figurava o versátil Prof. Marcelo Rebelo de Sousa.
O que estava em causa era conseguir, através
da mudança de nome de Académica para Clube Académico de Coimbra, a manutenção
dos direitos desportivos do clube,
sobretudo o direito a disputar o campeonato nacional da primeira divisão.Vasco
Gonçalves ( é verdade!), Spínola, Rafael Durão,
tendências multicolores do MFA conspiraram para ajudar o Académico a
receber a herança desportiva da Briosa, para desespero dos estudantes revolucionários.
Assim, sob o
jugo da iluminada revolução, a 8 de
Agosto de 1974, milhares de alienados viram-se obrigados a mudar de clube …no
papel: nascia o Clube Académico de Coimbra. O que os ventos revolucionários
conseguiram foi o regresso à antiga designação de 1862(5), demonstrando ipso facto, que se pode trocar de tudo,
inclusive de mandantes, mas nunca de clube.
* in "A Académica", vários autores, Ed ASA, 1995
agora uns e outros mudam de Rolls-Royce sempre que urinam
ResponderEliminarcontinuam a explorar a mina chamada contribuintes