quinta-feira, 3 de setembro de 2015

O poder da fraqueza

Por entre a tragédia em curso, uma imagem vem chocar-nos ainda mais: a da criança síria morta na praia. De repente, a realidade parece mudar. A crise dos refugiados é a mesma, os nossos problemas são os mesmos, o debate na Europa continua, mas esta simples imagem leva-nos para outra dimensão. O seu poder é imenso. Abandonamos por um momento todos os cálculos e vemos, em grande plano, o incomensurável custo humano da história a acontecer sob os nossos olhos.
Não é a primeira vez.
O que é que lembramos da Grande Depressão?
 E da revolta do ghetto de Varsóvia?
E da guerra do Vietname?
Porquê?
Talvez porque as crianças representam a inocência e a fraqueza sem reservas. Só elas estão isentas de qualquer culpa na desgraça própria e alheia. Não fazem a guerra, não desfazem a paz, não escolhem fugir, não decidem ficar. Indefesas, estão totalmente à mercê de um destino imposto.
Ou talvez seja porque todos temos filhos e, nos filhos dos outros, vemos os nossos. Vemos um pouco de nós. Vemo-nos a nós.
Talvez.

3 comentários:

  1. no Neolítico também havia desgraças

    mas não havia lobbies das mesmas

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  2. Valha-me Deus... O problema é que nunca saímos do Neolítico, ao que parece.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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