quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Muito instrutivo


Cada um tem as suas manias. A minha são as semi-biografias/ meias-memórias/metade-ensaios.  Este  livro de Heraldo Muñoz entra na categorias. Em Portugal, só a Irene Pimentel pratica o género ( na primeira  e terceira categoria). 
Muñoz foi um defensor de Allende, exilado político, regressado para o combate durante o plebiscito de 1988. Depois foi ministro, embaixador etc. Escreve muitíssimo bem e o livro lê-se com gulodice pese o detalhe e rigor ( sem os quais este estilo não interessa). E aprende-se muito, recorda-se um pouco.
Uma coisa que se confirma: pode-se derrubar um ditador  sanguinário sem derramar sangue e sem o substituir por outro tipo de terror. Haja coragem, muitos miolos e respeito pelas pessoas e não pelo fanatismo ideológico. Uma pequena ilustração. O presidente da câmara de Santiago quis proibir a recolha de assinaturas para o que foi uma espécie de federação de partido democratas na altura do plebiscito: não tinham licença para montar as pequenas mesas de madeira nos passeios. Um tipo lembrou-se das antigas vendedoras de cigarros nos cinemas, com o seu tabuleiro pendurado ao pescoço. E tumbas.
Uma nota final para a masturbação  actual com um filme em sala sobre os malvados americanos  a vender políticos como sabonetes. Pois bem, quem ajudou o "Não"  a vencer o "Sim" a Pinochet foi uma equipa de marqueteiros americanos.

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