sexta-feira, 13 de março de 2015

O síndroma do pequeno Napoleão



É uma tautologia no plano físico, sim, mas é mais do que isso. Ando a ler um exaustivo relato de quinhentas  páginas sobre a campanha russa de Napoleão. Aprende-se mais em descrições detalhadas do que em biografias ou volumes genéricos. Por exemplo, que muito mais do que o famoso general Inverno, o que tramou Napoleão foi o calor.  Entre Vilnius. Drissa e Borodino, a  falta  de água e a exaustão - " o calor africano que faz cair os  homens  e rebentar os cavalos" , como avisou Duroc  -  impediu os franceses  de apanhar Bagration e Barclay de uma só penada. Smolensk foi, como se sabe, uma vitória pírrica.
O que conta mais para o assunto deste texto é o delírio de grandeza, mas não por causa  do traço imperial. Esse é comum na História. Original era  a convicção de representar as aspirações dos povos europeus, a reificação de um destino comum imaginado pelo delírio.
Hoje, na Europa, ou melhor, nas europas,  observamos restos do delírio. Do português mediático, que se excita com as cartas que recebe de gente   a dizer que só ele  as representa na luta contra a austeridade,  aos aldrabões gregos, muitos se imaginam como Napoleão em Waterlooo:  só Napoleão para derrotar Napoleão.

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