sábado, 13 de junho de 2015

Da amizade

Toda a técnica de defesa tem sido batida nisto : não é crime acolher a generosidade de um amigo ( o livro de Fernando Esteves, que não percebo por que é atacado pela seita, pois elogia Sócrates  a cada duas páginas) tem o único mérito de sumariar o torneio num capítulo específico :  a cada acusação a defesa reconhece os factos, mas responde sempre que não é crime aceitar dinheiro de um amigo.

Diz  a seita que está a anotar os nomes dos que não se têm insurgido contra o atentado ao estado de direito que é prisão do chefe. Pois eu também comprei um caderninho preto: para assentar os que só vêm coincidências no facto de um empresário fazer negócios e lucros fabulosos enquanto oferece fortunas ao PM (em exercício à altura dos factos) depois  de este deixar o cargo. 
Imaginem o que não diria a  seita, que fez um escarcéu com o cartão de credito da Tecnoforma de  Passos Coelho  de 5000 euros, se soubéssemos  que Dias Loureito tinha, durante estes anos, ganho dezenas de milhões de contos em negociatas  para-estatais e depois passou a entregar  dez mil/mês  em envelopes  a Passos ou lhe pagou carnavais em Carcacas, festivais em Veneza e montes alentejanos  à ex-mulher.
A seita ainda nos diz mais: que outros meninos ( leia-se empresários) também tiveram lucros entre 2005 e 2011. É um argumento poderoso: isto tudo só seria uma vergonha se Santos  Silva tivesse sido o único empresário a ganhar dinheiro em negócios para-estatais entre 2005 e 2011. Para a seita, a trafulhice só existe  num mundo que não existe.
É, portanto, óbvio, e repito, que o MP nunca encontrará um anqueo entre as actividades do empresário e um cabelo de Sócrates. A natureza da amizade é avessa a recibos.


3 comentários:

  1. Concordo que a natureza da amizade é avessa a recibos. Mas é bastante mais avessa à privação da liberdade por «culpa» dos nossos amigos. Sócrates tem de jogar tudo ou nada. Ele pensa, como a seita, que se não for considerado culpado, é libertado e é nomeado o madiba luso. Acha que Portugal inteiro pensa como o Chiado, isto é, que é normal um político admitir, como ele admitiu, que recebia envelopes com dinheiro de um amigo que era empresário que ganhou concursos quando ele esteve no governo.
    Agora, quem não deve estar muito para continuar este jogo é o empresário. Não estou a dizer que ele colabore, ou que seja bufo, estou apenas a dizer que se ele tem na acusação, imaginemos, 20 milhões de fraude fiscal em seu nome e se disser que desses "apenas" 5 são dele e que aquelas entregas eram para compensar o proprietário dos outros, é o próprio advogado de defesa e a família dele que lhe vai dizer: até aqui chegámos....
    Carlos

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  2. aviso á navegação; veio aqui um esperto com a treta do vender casa de família para pagar estudos, como se isso tivese alguma coisa a ver com os factos já assumidos pela defesa.
    Comentárisos que me tratem como um idiota ( e aos leitores) são, obviamente , apagados.

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