Estertores

Há destes, mas há mais. Cada decisão do TC é acompanhada do  vibrante " estão a defender o deles" e agora  há uma variante: estão  a fazer o jogo do Costa.
O pedantismo, o cálculo interesseiro e  o desprezo pelas últimas migalhas da dignidade comunitária  são um preço altíssimo a pagar por estes dias de lixo.

A grande mistificação

Nas semanas que antecederam as europeias, é bom recordar, as previsões  eram simples: a "direita" e o governo iam ser corridos à paulada, mas estas eleições não serviam para nada, o espectáculo era miserável. Nem uma palavra foi dita sobre a incompetência deste PS. Depois das eleições, a conclusão dos  persuasores permanentes ( Gramsci copyright)  foi: Seguro não serve. Qualquer indíviduo capaz de comer a sopa sozinho percebe que aqui há gato.

Sócrates  e o PS perderam as europeias de 2009 com 27 % e ninguém se lembrou de tocar os sinos a rebate. Não houve a lengalenga do a continuar esta  trajectória  o PS não vai lá. Por que motivo agora é Seguro imolado no altar do socratismo?
Por uma razão simples. Porque na verdade a direita  e o governo não foram corridos coisa nenhuma. Obtiveram o mesmo resultado que o menino de ouro obteve nas europeias de 2009. Com uma piquena diferença: assumiram a gestão do mais violento resgate que há memória.
Costa desafia  com uma ruptura - um candidato presidencial, uma proposta de aliança com o Bloco ou com o PCP,  a recusa do Tratado Orçamental ?  Claro que não. Desafia a liderança com  o espectacular " há que criar emprego" , repetido todas as semanas na Quadratura.
Seguro arrisca-se a ser o primeiro líder partidário que vencendo duas eleiçoes não chega a poder disputar o lugar de PM.  Sócrates  chama-lhe um simpes facto sociólogico.
Isto já nem é gato, é ratazana de Mafra.

E não faço tenção de me pirar

Para que  os professores da escola da minha mais nova ou os enfermeiros do IPO meu vizinho da esquerda ( o da direita é o cemitério dos Olivais, estou muito bem situado) não tenham os seus salários cortados, vou ter de  dar mais consultas, entregar mais ao Estado, comprar  menos livros e fazer férias baratas.

E sabem o que mais? Acho muito bem.

Diário de um cínico

"Abdul Fatah al-Sissi foi o escolhido por 93 a 96% dos egípcios que foram às urnas e cujo voto foi validado pelos juízes que supervisionaram as eleições em todo o país."
Público, 30/5/14

Breve ensaio de crítica da crítica da crítica

O Ípsilon publica hoje uma recensão de Diogo Ramada Curto a uma antologia sobre Pensamento Crítico Contemporâneo, recentemente editada pelas edições 70. Ramada Curto foi um dos mais estimulantes professores que tive (e dos mais cáusticos, mas eu gosto de gente cáustica). Pode gabar-se, além disso, de ser um dos raros profissionais do ofício a pensar, para lá dos muros universitários, as questões teóricas da disciplina. Pormenor adicional, mas não despiciendo,  tem muita razão na crítica aos organizadores da antologia, sobretudo na crítica ao "idealismo" das ideologias-que-criticam-todas-as-ideologias com "o estranho desinteresse pelas condições históricas da emergência do seu próprio objecto de análise". A ironia parece involuntária, mas garanto-vos que sorri.

No entanto, e como seria de esperar, todo o texto parte da identificação explícita, quiçá mesmo"idealista", do pensamento crítico com o pensamento de esquerda. Ou, para citar a sua própria retórica (prometo que não dói muito), com a "denúncia radical das ideologias conservadoras e a proclamação de dimensões utópicas e revolucionárias", socorrendo-se até de categorias epistemológicas algo duvidosas como a "sinceridade" de "autorizados intelectuais e académicos portugueses de esquerda".  Um pleonasmo, claro está, mas a esquerda tem que aparecer - para o caso de alguém não ter percebido a coisa.
O que sucede comigo, porque a porra da experiência me ensina que o pensamento hegemónico entre os intelectuais e académicos portugueses, em particular os mais autorizados, é - peço desculpa por repetir o pleonasmo - de esquerda. Há até, no campo estreito mas autorizado (ou estreito porque autorizado) das ciências sociais da Lusitânia, quem faça sonoras carreiras ostentando o exclusivo mérito da militância esquerdista. Onde está então, pergunto eu com a falta de autoridade de um vil conservador, a crítica, a denúncia, a utopia? Talvez do outro lado.

Deve ser por isso que Ramada Curto se atira à "lógica de barricadas, de maniqueísmos simplificadores, que reduz a academia a nós e a eles". Viu-se, aquando da polémica sobre a História de Portugal dirigida por Rui Ramos, como a esquerda está acima de tal lógica. E como Frei Diogo praticou o que agora prega. Com toda a sinceridade, tenho a certeza.

Friends, Romans, Countrymen

Agora é Soares, com um artigo assassino no Público, a baixar o seu polegar inclemente contra Seguro. O que me surpreende não é o veredicto: há muito que o desprezo por Seguro e o amor a Costa eram notórios. O que me surpreende é mesmo aquela atitude de proprietário absentista. Os rendeiros do Largo do Rato sucedem-se, mas a renda  continua a ser paga no Campo Grande.
Mais surpreendente ainda, o PS continua a venerar Mário I como uma espécie de imperador emérito. Nunca Pinto Balsemão ou Freitas do Amaral, para fazer um paralelo com outros "fundadores", teriam a mesma influência no PSD ou no CDS. O partido que se proclama republicano é tão dinástico como uma monarquia absoluta. O partido da liberdade, igualdade e fraternidade não se livra do menos igual de todos os socialistas. E entrega-se ao dia das facas longas sob as suas ordens. "Friends, Romans, Countrymen..."

Qual Costa qual carapuça

O que está em causa é o regresso da tralha socrática. Costa ( velho conhecido destas andanças desde o tempo do sotão guterrista da Almirante  Reis, onde aparecia como "figura  destacada da JS") é apenas a barriga de aluguer; não tarda e José Lello está de novo  a oferecer livros pelo Natal. Não é proibido, mas há mais.

Por que motivo o menino de ouro ( que é o convidado de amanhã do Bloco Central  da TSF, claro)  não avançou é o que me intriga. Bem, talvez não: há sempre razões clínicas para a maternidade  de substituição.

adenda:"é um assalto!" Por acaso  não é por causa de  clientelas, mas lá iremos

Revisionismo de lei

Pacheco Pereira, na Quadratura:
"O PCP está num curso anti-PS e é em boa medida justificável dadas as posições recentes do PS".

Andamos  a ouvir coisas fabulosamente desonestas  e pornograficamente  interesseiras, mas esta é de chupeta, não é?

Recordar ( especial atenção à parte final)

A razão de tantos divórcios

Só falam disso  em vez de falar de coisos  à Luiz Pacheco.

Ele não merece/ mas vota no PS*

Regresso de três dias no Alentejo profundo, sem jornais ou internet, e o choque é violento. Quando saí de Lisboa, o PS tinha ganho as eleições. Hoje de manhã, o PS quer defenestrar o líder. Porreiro, pá.
É isto que me fascina na esquerda: só existe em guerra civil. Quando não estão uns contra os outros, estão contra o país.

*Com a devida vénia ao Sr. Alexandre O`Neill.

Petrarca na prisão dos Dalton

No Depressão Colectiva

"Madrugada dos bons presságios"

Sempre a inovar em nome da lapidação das  adúlteras.

Relógio/PCP/Povo, Povo/PCP/Relógio

E parece que a aliança  começou em 2012 ( ver os   comentários).

Predators

"Os eurocépticos e a extrema-direita são coisas muito distintas".

Os chacais e as hienas também.

Uma igreja

Vejam Pedro Silva Pereira e agora  João Galamba  na TV. Depois vejam Sócrates.
A mimetização é total. Os gestos de mãos,  os olhares, as pausas. Até os narizes se harmonizaram.

O povo, esse miserável

Recapitulemos:

Há seis meses, o povo ia correr com o governo, um enorme cartão vermelho, uma hecatombe.

Depois começou a notar-se , pelas sondagens, que talvez não acontecesse. Passou-se à fase dois: estas eleições não serviam para nada porque Portugal "não discutia política europeia" ( parece que noutras contendas o povo discutia Maastrich com o mesmo entusiasmo com que discutia o Benfica) e porque "a campanha era miserável." Os pedantes nunca fazem a coisa por menos.

Afinal, o povo, essa jolda malcheirosa, que já em 1975 tinha posto o PPD à frente do PCP, voltou a surpreender.

1) Acabou de afundar  o Bloco e ignorou o Tavares.  Os bloquistas de base ( profs, médicos etc), daqueles que põem os filhos em colégios religiosos   " por questões de horários" e seguem a cartilha  pequeno-burguesa nos mais infímos  detalhes, mal a crise estoirou desinteressaram-se da estrelinha com cabeça.

2) Pulverizou o PS. De repente, Cavaco já não precisa de marcar  eleições para Setembro.

3) Elegeu uma  figura televisiva de voz grossa, dinamitando a teoria de que as pessoas estão desinteressadas da política. Alguns bertoldos passaram logo para o extremo oposto : até já li cenários de "governo PS-Marinho Pinto" ou "PSD-Marinho Pinto". Ontem era o Manuel Coelho, amanhã o Júlio das Flores.

4) Subiu o voto no PCP, porque é o partido menos afectado pela abstenção*. Os mesmos que dizem que a culpa disto tudo é do discurso gasto dos partidos, desdobram-se em elogios  a um que, desde 1975, mal um governo, qualquer governo, chega aos seis meses, organiza o coro: A lua continua / governo para  a rua.

* nem de propósito: ver aqui.

A nova "batalha do Vimeiro"

Esta equipa de António Costa é muito esforçada, ainda que  um nadinha  histérica.
A TSF, por exemplo, tem feito uma campanha forte, mas mais discreta.

Palha ao palheiro e meninas ao candeeiro

Expresso apoia Costa

Já está

O número 6.

Começam bem: não têm projectos pessoais de poder

1) Hoje: 
"A candidatura de António Costa é um momento de coragem e não de intriga, é um momento de leitura atenta da vontade dos socialistas e do país, e não um projeto pessoal de poder, é um momento de lucidez muito bem-vindo".

2) Em 2013. 

3) Por outro lado... isto há por aí muitas contas antigas.

Senta aqui

Enrosca ali. No Depressão Colectiva.

O paradoxo da ausência

Se estás num lado qualquer , não estás à frente do PS.
Não   estás em Nafarros; estás num lado qualquer.
Logo, não estás à frente  do PS.

Literal

Vamos ter noivos de Santo António a nível nacional.

Sai mais uma conspiração com ovo a cavalo

Um tipo desmantelou o  consenso pós- WWII antes da WWII.

Começou

A campanha.

João Lúcio

João Lúcio, já cá o trouxe, hoje num tributo mais demorado. Chegou a publicar na segunda série  de A Águia, orgão oficioso da Renascença Portuguesa, a convite de Teixeira de Pascoaes, numa das  poucas incursões que o resgata  da discrição. Publica três livros -entre 1901 e 1913 - e morre advogado, em Olhão, antes dos quarenta anos por causa da pneumónica.
Pascoaes,  Gaspar Simões e Pessoa são dos poucos que lhe prestam tributo. Pascoaes acabou a considerá-lo o único  contemporâneo ao seu nível. Hoje ninguém lhe liga pevide ( excepção a Antóno Cândido Franco).

Pós lírico,  pós-naturalista, pré-simbolista, tudo coisas para teóricos. Para mim, o  seu mérito é ter sido, como Rossetti, Ungaretti, Ponge, Char  e tantos outros, um pária das escolas. 

Entre os  clichés do tempo, Lúcio  consegue ser  um mitómano honesto, um maníaco profissional. Para ele, a realidade é o futuro ( Descendo, 1901):

Turbilhonou e foi para essa luz, com ânsia

De tocar a grandeza, em que há as coisas belas;

A luz mentiu ao pó, apagou-lhe  a distância:

o  pó sonhou-se então uma chuva d'estrelas.

(...)

Pressinto, oh pó, que tenho ainda de ir formar

Contigo uma pupila, em outras gerações,

E que ambos nós ainda havemos de levar

A um cérebro as mesmas impressões.

Avante

O TC chumba, o governo demite-se, a obra avança.

É uma oportunidade única. Um governo de sábios e patriotas repõe tudo, rasga a austeridade, renegoceia a dívida, faz tremer  as pernas dos banqueiros alemães e devolve ao país  a dignidade perdida.

Que não vos doam as mãos.

Falar claro (4)

"É hoje evidente que existe um largo consenso na sociedade portuguesa de que o país precisa de uma mudança. Mas, olhando para os resultados destas eleições, também parece evidente que o PS ainda não está em posição liderar essa grande maioria".

Os socráticos têm este jeito manso de despedir as bonnes.

Falar claro ( 3)

O povo revoltado: abstenção de 66%,  o governo ficou a 3.75% do PS. Por isso estas eleições foram,  pelos sabidões, antecipadamente desvalorizadas.
Quanto aos bem intencionados: abstenção, extremos? Quando é que esta gente mete na cabeça  que  a democracia não é uma reunião de escuteiros?

Falar claro (2)

O Livre vinha para unir  e federar a esquerda. Rui Tavares perdeu o lugar de eurodeputado, o Bloco perdeu dois.
Mais uma ou duas uniões de esquerda  e o PCP fica com bar aberto.

Falar claro (1)

Daniel Oliveira, ontem na SIC ( Eixo do Mal) , armadilhando a queda do Bloco e explicando a objectividade com que a esquerda analisa as exportações:

"As circunstâncias eram terríveis para o país mas excelentes para o Bloco de Esquerda".

Queimar navios

1) Se Marinho Pinto fosse pró-LGBT, o Público, a TSF, o DN ( ó lá lá...), a SIC e a TVi tinham-no apoiado com panache, em vez de o ignorar como um cão danado. Ficaram com o Livre, outros, também por causa de sexo, ficam com Marinho.
2) Como se enfiam 27% de  contra-revolucionários ( Otelo nunca falou em  "fascistas" )  no Campo Pequeno?
3) Seguro sai  a mal ou mal. Aposto no Fernando Medina ( cujo staff está algo anémico).

O feminismo fica calado

Nestes assuntos. Convém.

O incidente

Para o "especialista em assuntos religiosos da TSF," o massacre de judeus em Bruxelas  foi um "incidente".

Tiro de Cogswell & Harrison .410

"Em Portugal, só ouvia os meus colegas falarem de casas, de carros e de férias (invariavelmente um pacote na República Dominicana ou na Riviera Mexicana), tudo pago com o cartão de plástico, a condizer com as suas vidas de plástico. Tenho a dizer que é muito bom conhecer gente de carne e osso".

Neuras

No Depressão Colectiva.

Reflexão é com tua tia, pá.

Não reflictas. Flecte. Os outros não decidem por ti. Se decidires ir à praia, a única coisa que decidem por ti é calção de banho: a tua mulher não perdoa.

Se decidires votar contra o governo ele vai dizer que não valeu, são europeias. Se deitares por ele, o BES agradece: o motorista já conhece o caminho.

Se decidires  votar no PS é como preferir  ir aturar o Antunes em vez de almoçar na sogra. Depois o  Antunes fica com ideias.

Flecte. Muito. Apanha uns ciscos do chão. Livres,  Garcias, Marisas. Não são ciscos afinal. São pedacitos de vidro colorido que ficaram de uma festa com os Buraka.

Decide no Marinho. Um voto nele acrescenta-lhe um centímetro na papada.

Decide nos comunistas. Portam-se bem e não faltam às reuniões.

Sobretudo prepara-te para os troca-tintas que estão a chegar. Compra guaches e desenha ratos.

Também não percebo nada ( nem gosto) de aeroportos, mas

Pensei exactamente isto.

O que é ainda mais refrescante é comparar com o TGV dos percebes. Parece que o actual ( o semi-rápido) Porto-Vigo  tem uma média de 28 passageiros/dia.  O refrescante está nisto: a crise pode ter estragado uma ideia ferroviária  genial  (lembram-se dos posts ilustrados  com os parolos que não queriam comboios no século XIX?), mas a mesma crise mostra que a Portela está bem de saúde, a bater recordes,   e recomenda-se.

Mulheres também aplaudiram

Parafraseando Kraus, à hora  de almoço,  elas não deixam que o apetite estrague a fúria.

Enternecedor 2

Os reguladores, calados  e quietos, como a nêspera do Mário-Henrique Leiria.
Vem aí novo BPN..

O número 5

Já lá está.

Enternecedor

As falhas dos banqueiros são movidas pela generosidade, pequenas distracções.

O silêncio

Com isto não há manifs  à porta da embaixada da China, não há lamentos pela islamofobia. No The Guardian também não encontraremos  the East made by the West.
Tudo como dantes em Abrantes.

Também inclusivamente belo a jusante

A campanha feita pelos media, como é normal:

1) O PSD, CDS e PS  são uns bertoldos que mentem, insultam e estão todos combinados, é um desastre, bebem pelo gargalo, o Marcelo gela  a sala, o Soares foi desrespeitado.

2) Marinho Pinto, Marisa Matias e Jerónimo são gente boa, sempre bem recebida em apoteose, honesta e competente,  não chamam nomes a niguém, bebem do fino, o surf vai para os currículos escolares e o povo está com eles.

Clarificação

Um leitor alertou-me para o gelo fino. Não há. O cruzamento de ficção com  factos e pessoas reais é  comum, por exemplo,  nos romances históricos.

Não admira

É o mesmo canalha que nega o Holocausto ( e tem por isso muitos admiradores em Portugal).

Ruy Cinatti/ Alfonso Gatto

O inclassificável Cinatti, de novo. O gozo dos teóricos ( A verdade  alheia):

Basta pois. Se queres falar 
do Sartre, mete-lhe o dente
até onde sentires quente
e osso, ou poeira, ou nada
frente a uma porta fechada,
a tua vida vazia.

Outra forma de impressionismo, mais ermética e clássica. Gatto, iconoclasta espectacular (Isola, 1932) e a vida vazia:

Cosi lontano a trasparire il mondo
ricorda che fu d'erba, una pianura.

O Breton da Caparica : vender tremoços

Quando o vi pensei que era um novo scatch do Ricardo Araújo Pereira.
O Breton fez essa cena   há  oitenta anos e sem paleio fossilizado ( não precisava de vender nada).

Mais favas com chouriço : "Penetraste  com a potência de um sismo / escorreste como um rio selvagem.

Uma Campanha de Alegre

Rangel indigna-se, dizem os jornais, porque Alegre comparou a tirada do "vírus socialista" ao anti-semitismo nazi. Está bem que se indigne, todos temos direito à indignação e as campanhas servem para nos indignarmos muito, mas qual é  a surpresa? Há uma esquerda que não existe sem os fantasmas de Hitler ou Salazar. A AD era fascista, Freitas fascista era, Cavaco então nem se fala, Rangel... Rangel... Rangel... ora deixa cá ver... ah, já sei - fascista!
É fatal como o destino (que, por acaso, também é fascista). Um vício, tal como o jogo ou o álcool, mas sem cura. Perdida a esperança nos amanhãs que cantam, a esquerda cai na nostalgia dos ontens que cerram os dentes. Se os esquece, morre de tédio. Tem mais saudades do fascismo do que um ex-Pide em Auszchwitz.
Compreende-se. Esta esquerda vive cada vez menos do futuro e cada vez mais do passado. Como no verso de Kavafis, os bárbaros sempre eram uma solução.

Da série "O som e a fúria"

Nomeei-te no meio dos meus sonhos
chamei por ti na minha solidão
troquei o céu azul pelos teus olhos
e o meu sólido chão joguei-o no amor
A flor a fonte a água a própria água
há pouco justificação da minha vida
já nada significam para mim
Amor mulher mais do que mão olhar
palavras tanto mais inesperadas
quanto mais vezes foram repetidas

Ruy Belo, "Ao regressar episodicamente a Espanha, em Agosto de 1534, Garcilaso de la Vega tem conhecimento da morte de Dona Isabel Freire"

O tal bastonário

O  que se tem esforçado para ser o futuro ministro da saúde de um governo PS, o tal que "está indignado com  a lei da rolha que o governo aplicar" , é o mesmo tartufo que diz que

" O Estado deve modelar o comportamento dos cidadãos".

Excelente: o circo vai continuar

"Se fosse contra tolos estavas contra ti proprio"

Depende de quem o diz

" Em teoria não??? Em teoria não??? Portanto, na visão do Observador, o Tribunal Constitucional (TC) decide umas coisas, mas é tudo a brincar, é apenas um faz-de-conta que não tem de se levar a sério. Os Governos é que são bonzinhos e, para não deixarem o Tribunal ficar mal, decidem voluntariamente seguir os seus conselhos…".

  Se for a Teresa Leal Coelho é carnaval  e ninguém leva  a mal.

Campanha de nível

No Diário As Beiras, a foto da arruada é muito bela: Gil Garcia e mais seis pessoas.
 Também está lá  uma declaração que o "i" não reproduziu:  "A Alemanha já não precisa  de tanques e dos nazis para pôr a economia europeia ao seu serviço". A culpa das seis pessoas: da comunicação social, diz Garcia.

Precisamos de novos passados

No Depressão Colectiva.

O "direito ao esquecimento" já existe há muito tempo

Nazis e fascistas não têm. Ainda bem, mas o que sabes sobre estes:

a) Erich Mielke?
b) Mokryye Dela?
3) "Antunéz"?
4) Tuol Sleng?

Épater le bourgeois

O treinador do Benfica, esse vermelho, desferiu um rude golpe no conservadorismo luso ao comparar-se à Paula Rego. Já nenhum filisteu pode dizer que a arte moderna não interessa ao Menino Jesus.

Fragmento de esquerda

Segundo o Público, Joana Amaral Dias desfiliou-se do Bloco de Esquerda dois dias antes de aparecer num comício do PS. Depois do afastamento de outras caras mediáticas, como Ana Drago ou Rui Tavares, é mais um sinal da lenta agonia do partido. Houve um tempo, não muito longínquo, em que o Bloco chegou a ameaçar a hegemonia do PCP na extrema-esquerda, graças ao carisma de Francisco Louçã, à militância das causas fracturantes e a muita água benta da comunicação social. Entretanto, Louçã foi embora, as causas fracturantes foram anexadas por Sócrates (que também anexou Miguel Vale de Almeida) e até os jornalistas começaram a descrer um bocadinho.

O BE, que nunca teve grande implantação nos sindicatos ou fora dos meios urbanos, sofreu com a crise. Aspirando a ser o Syriza português, descobriu-se um belo dia na bancarrota eleitoral. O voto de protesto tinha fugido todo para a off shore comunista.

Agora, o mais provável é que o BE eleja apenas Marisa Matias para Estrasburgo. Se a este recuo juntarmos a fraca votação que as sondagens atribuem ao Livre, parece que já pouco resta do seu velho eleitorado. Já não é o Bloco - é o fragmento de esquerda.

Cada vez

Pior. Coitada da Constança.

Qualquer semelhança com a ficção é pura realidade

O número 4.

Uma lição

De João Ferreira  do Amaral, ontem, no programa Olhos nos Olhos.
Começa porque, ao contrário dos pedantes enragés, foi debater com Medina Carreira em vez de lhe desejar o fundo de um poço.A democracia não se esgota nos actos eleitorais.
Continua porque explicou  com clareza a evolução das coisas. Ignorante que sou delas, tenho dúvidas sobre a saída do euro. Por exemplo, calculo que os pensionistas veriam as sua pensões valer muito menos do que com um segundo resgate.  Adiante.
Termina com a análise que fez do Tratado de Lisboa: "O programa da troika não teria sido o que foi se não houvesse Tratado de Lisboa" . Lembram-se do Porreiro, pá!, não lembram?

Mais pedantismo

"Nas eleições não se vai discutir a Europa", "as pessoas vão preferir a praia". Sim, será a primeira vez que europeias ou regionais  servem  para outros fins, será  a primeira vez que  a abstenção marcará presença: nunca se viu tal coisa, não é'

Eleições são eleições, pouco me importa se no caderno de encargos está esta ou aquela encomenda. Tanto festejo de cumprir Abril, tanto discurso sobre a democracia e agora tão enjoados com ela...

Com dois "L" e dois "T"

Castello Branco e  Botton. 
Talone e Champalimaud,  coitados, não têm duplos ( o último só no Sommer).
Bom vento, é o que se deseja.

É ir ver ao sítio do costume

Gente boa contra os "nazis-fascistas-Nato-UE  ucranianos, não é?

Já cheira bem, cheira a

A Lisboa.

Já lá está

Outro personagem.

O LAC explica

Melhor do que ninguém.

Bipolar quizz e leões

No Depressão Colectiva.

No país de Lula e Dilma

Como a Alemanha não se encontra, de momento, na América do Sul, de quem será  a culpa disto:

"Chamar a atenção da Fifa para as condições sociais do local, ajudando-a a entender as razões pelas quais milhões de brasileiros mostram-se indignados com o investimento de fortuna de dinheiro público na Copa, enquanto milhões no país vivem em estado de exclusão social, além de depender de serviços públicos de qualidade inaceitavelmente inferior a dos estádios “Padrão Fifa”, que foram construídos para a realização da competição esportiva".

Esta semana  continuou o clima tropical.

O pedantismo e o atestado de estupidez passado às pessoas.

Como não houve revolução ( na Grécia ela é aguardada há cinco anos), levantamentos populares e Cavaco e Passos regressam  afinal  todas as noites a casa com a cabeça unida ao resto do corpo, o passo seguinte é desvalorizar as eleições. Preventivamente. Aprenderam algumas coisas.

Em Abril de 1975,  Vasco Gonçalves foi o único  que avisou antes : Não podemos perder  pela  via eleitoral o que conquistámos pela via revolucionária. Os outros receberam o choque na madrugada de 25 para 26: PCP- 12,5%, MDP-4,1, UDP-0,8% . As FEC-ML, LCI's s e afins nem contaram.  Abstenção: 8,5%. Sim, 8,5% leram bem.

Nesses tempos, com os media completamente avermelhados  ( salvo o República e o Jornal Novo, do grande Artur Portela Filho), sem chantagens da troika, em clima revolucionário, o desastre esquerdista foi terrível. Como sempre, uma coisa foi  o  festim lisboeta e radical, outra foi o país.

Agora a condenação das eleições é prévia. Pacheco Pereira explica-a hoje, no Público, Vítor Malheiros no outro dia. A culpa é dos media, da propaganda, o povo é burro e ignorante, eles são todos patriotas inteligentes.

Aprenderam algunas coisas, mas não aprenderam tudo porque não precisam.

Nomeada Comissão de Rectificação das Narrativas

Exige-se um "sobressalto cívico".
As narrativas têm de ser escrutinadas.

Y de propina

Constança Cunha e Sá está esfuziante  com  o recuo de 0,7% do PIB. Tanto que se esqueceu de explicar como é  o consumo privado  subiu e voltou  a atingir  os níveis de 2010.
Adoro os telejornais em que ela comenta: sinto-me inteligente.

Uma modesta petição

Este país, este PS, estas eleições não merecem Sócrates. Eis um especialista em tortura e bancarrota, um terapeuta de vidas passadas capaz de ombrear com a Alexandra Solnado, e só o ouvimos no fim da campanha. É o horror, a decadência, a banalidade do mal. Que mil Sócrates floresçam, camaradas. Que ele desça o Chiado e todas as avenidas, ruas, becos, travessas, bairros e casas de Portugal.
De Portugal, disse eu?
Não...
Do mundo!
Daqui, blogue modesto mas na vanguarda da eterna luta pela justiça, apelo a que deixem o homem falar. Vai uma petição?

Deve ter sido a RTP

Só no último dia???!!!!
Censura vergonhosa. Queixa às instâncias competentes, já.

Da série "O som e a fúria"

Se ao menos por morrer conseguiste saber
do confronto contigo ou com um deus qualquer
as coisas que por trás de cada coisa havia
Isabel inúmera mulher
tanto mais nos amámos quanto mais o amor sacrificámos
Ontem mesmo castela que era um reino povoado
a raso descampado hoje se reduz
pois tu eras a luz e já não brilhas mais
O momento chegou em que o maior amor se extingue
não que a morte matasse o ser amado
mas porque uma só linha de um rosto já não tem sentido
ou deixou de saber-se o íntimo significado
da curva desse gesto de que tudo tinha dependido

Ruy Belo, "Ao regressar episodicamente a Espanha, em Agosto de 1534, Garcilaso de la Vega tem conhecimento da morte de Dona Isabel Freire"

O seu a seu dono

Tsipras: "O maior défice é o défice democrático. Não vão votar porque acreditam que a sua voz não é ouvida. Governos substituídos por governos tecnocráticos na Grécia e em Itália" ?

 Não. Pacheco Pereira. Ontem, na Quadratura; e acrescentou, ortodoxo, "há uma deriva antidemocrática".

Alice e o coelho ( II)

Marco António Costa está satisfeito com a continuação do crescimento homólogo da economia.
Notem bem a introdução do adjectivo e a recusa do antónimo , por exemplo, desigual.

Alice e o coelho

Bastou um recuo de 0,7% no crescimento para que a  tal economia que não estava  a crescer ( era tudo propaganda) ter parado de crescer. É até decepcionante.

Vai ser o meu melhor blogue

Just imagination.

Culpa do Ocidente

Deve dizer a senhora  do The Guardian.

O meu almoço

Amanhã, graças a uma senhora de Alcobaça que não se esqueceu de mim, meses depois de eu ter, leve  e inocentemente, falado no assunto.

Um progresso

Diz Vasco Lourenço que, se a coligação PSD-CDS tiver menos de 20% nas europeias, o Governo deve demitir-se. Não se percebe porquê 20 (e não 15 ou 25), mas já é um progresso. Da última vez, queria correr o Governo à paulada.

Vejam a coisa pelo lado positivo

Se o Benfica ganhasse, eram mais três dias a falar de bola. Assim, temos até Domingo para descansar.

No arame ( 5)

A coutada do pai ibérico ou batemos com o cinto sem intenção de magoar e só  na pernas.
Foi "para assegurar o seu saudável desenvolvimento", disseram  os senhores juízes.

Liberdade de associar

Comunismo e liberdade.

No arame (4)

Muito bem, local apropriado. 
Adicionassem  a Vasconcelos das lantejoulas e um presidente  da bola e teriam o grand complet.

Um arquivo diferente

Aqui mesmo.

Uma triste verdade

Só não é ampliada porque alguns desses estão na trincheira anti-governo, o que lhes confere uma aura de respeitabilidade e competência. Burros não são.

Desapontamentos

Ou talvez não. No Depressão Colectiva.

O génio

Não sei como vão ser os penalties, mas um dia gostava de ser um génio da táctica para apostar na última substituição a um minuto do fim  do prolongamento de uma final para ganhar.

Ganhámos !

Já cá canta frente a um Sevilha,  porque caso contrário não andaríamos a fazer nada nestes salões.

Uma festa cara

Pode chegar a 300 milhões. Nem Chico Buarque conseguia.

No arame (3)

Já dizia Marcial ( 8: XXIII): Pareço cruel  e glutão porque puni o  cozinheiro por causa da ceia, Rústico? Por que outro motivo haveria de  dar uma estalada a um cozinheiro?

Porquê?

Não sabe  a peixe porque é proibido ou porque somos um país sem tradição de mar?

Lóbi gay é

Isto. A única justificação, fétida, para uma acérrima defensora ( julgava eu) do papel do  TC  resumir o assunto a uma piadinha inocente, é Teresa Leal Coelho ter apoiado  a lei da co-adopção por homossexuais.

Também se lembram  de outras declarações inocentes de Teresa Leal  Coelho sobre o TC? E recordo uma, que discuti  com o Pedro Caeiro,  penalista de Coimbra, meu  amigo  e amigo do Paulo,  em que  TLC, referindo-se a um acordão do TC,  disse, impante, ser "apenas uma opinão".
Há mais gente a vender o país do que se pensa.

Divórcios

No Depressão Colectiva.

Até estou com pena deles, a sério

A lista para o Mundial. Sem Cedric, Adrien e André Martins.
Este é o blogue que vai valer a pena ler nos próximos dias. Eles é que adoravam o Paulo Bento.

Da série "O som e a fúria"

Só quando a conheci é que nasci 
se tarde a conheci é porque sempre 
a toda a parte tem chegado tarde 
quem afinal jamais chegou a parte alguma

Ruy Belo, "Ao regressar episodicamente a Espanha, em Agosto de 1534, Garcilaso de la Vega tem conhecimento da morte de Dona Isabel Freire"

Mais vale uma pessoa

Desinteressar-se destes assuntos. Ora vejam.

No arame ( 2)

Preocupação pela saúde dos mortos:

The state argued that pentobarbital has been used successfully in 33 executions in Texas, and that testing showed the batch of the drug to be used, which came from a compounding pharmacy, was potent and “free of contaminants.”

No arame (1)

É assim a vida: os teus sonhos, os meus pesadelos.

Homem de empedrado fino*

Sócrates  vai ter  o programa interrompido na RTP enquanto Marques Mendes vai continuar  o seu trabalho  de aguadeiro do governo.

* cortesia do O'Neill

Publicidade em causa própria

E muito própria. A história do colóquio que aqui anuncio é simples. Há meses, alguns excêntricos que partilham a paixão por Chesterton decidiram fazer uma actividade simultaneamente académica e de divulgação sobre este escritor inglês. Apontámos logo para 29 de Maio, 140º aniversário do nosso padroeiro, e delineámos um programa o mais amplo possível. Depois, pedimos apoio logístico à Universidade Católica e fizemos os convites, tanto a figuras públicas como a amigos e colegas. O resultado está aí acima. Falaremos de algumas obras populares de Chesterton (O Homem Que Era Quinta-Feira, Ortodoxia, O Homem Eterno), mas também das suas ideias sobre economia, história, literatura e política internacional. Dá-me um especial gosto contar o Miguel Morgado, o Fernando Cruz Gabriel, o Tiago Cavaco ou o Filipe Costa Almeida, velhos companheiros de bloga, entre os oradores. Mas a razão principal do reencontro é mesmo Chesterton. Apareçam.

Uma especialista da Lusíada opina sobre currículos

"Na apresentação do orador anterior, o deputado Paulo Mota Pinto, a diretora da Universidade Política de Lisboa, Teresa Leal Coelho, referiu que este tem apenas uma "mancha no seu currículo: ter sido juiz no Tribunal Constitucional". A dirigente do PSD admitiu na altura que pensava não estarem jornalistas na sala e que se tratava apenas de "sarcasmo".  

A anedota do mês

Em declarações à TSF, João Almeida, porta-voz da Comissão Nacional de Eleições (CNE), explica que «normalmente em declarações, por exemplo, de autarcas, a CNE costuma entender que a simples prestação de contas ou o anúncio de quaisquer medidas imediatas no exercício da função pública não são suscetíveis de serem entendidas como propaganda eleitoral».
No entanto, explica João Almeida, «sempre que se acumulam algumas promessas ou perspetivas de atuação futura, para além do período eleitoral, isso é suscetível de configurar como intervenção na campanha eleitoral».

Ou seja, em campanha, o PSD e o CDS não podem falar do que vão fazer com os seus mandatos.

Cristalino

"A ser verdade, o corolário lógico desta tese é que, se na próxima bancarrota portuguesa o bancos alemães não estiverem envolvidos, estaremos por nossa conta, isto é, teremos que contar com a esquerda portuguesa para encontrar uma solução que não envolva dinheiro alemão ou europeu".

A lei é boa para as mulas

Se tivéssemos um ministro da Admnistração Interna a  sério, em vez de um  que anda de charrete como o príncipe do Liechtenstein, isto não acontecia: 200 individuos forçam a entrada, zero detenções.

Se fosse com sindicalistas apareciam  os ex-maoístas e os betos  a clamar pela ordem pública.

Arno Holz

Don't try to listen for hidden meanings. Don't strain to know. Don't try to find yourself.

You don't exist!

You are the evanescent blue smoke that curls out of your cigar

the drop of water that struck the window pane

the quietly crackling song your lamp sings through the silence.

De Phantasus, 1300 páginas, composto entre 1886 e 1925 (traduçãode Rothenberg e Robinson).

Outros tempos, não é? Se quiserem espreitem aqui.

Junta-te a eles

Contra os bancos, abaixo o capitalismo neoliberal, fim à União Europeia.

Lapsos

O Público começou  a campanha para as europeias entrevistando Legrain, que diz que o resgate grego  e português foi para ajudar os bancos alemães. Como não percebo de economia, mas sei um bocado de poesia, gosto destas fórmulas  erméticas e futuristas. Para mais, o homem é bom nisto porque  publicou um livro que foi premiado pela Goldman Sachs, conhecida instituição de beneficiência.

Chamo, no entanto,  a atenção ao orgão oficioso. Deixaram escapar uma frase de Legrain: "É preciso sublinhar que, dado o crescimento gigantesco do crédito  que aconteceu em Portugal antes de 2007, Portugal sofreria na mesma".  Pode  ter sido a  Jonet, o César das Neves ou o Campos e Cunha que o aconselharam mal.

A nova versão da mulher peluda( literal)

Foi a primeira  vez que ouvi uma peça sobre  o festival da Eurovisão na TSF ( consegui desligar só a meio. Depois percebi: um travesti ganhou.

Tropeçou e descobriu o Rimbaud, qualquer dia escorrega e descobre o Char

"Sócrates terminou o seu discurso com um olhar sobre a "vida extraordinária" de um poeta francês descoberto recentemente e quase por acaso. "Há uns tempos, estava a passar o fim do ano com os meus filhos, na Argélia, e às tantas tropecei num verso: 'Agora sei como saudar a beleza.' Verso magnífico deste poeta de que vos quero falar: Rimbaud."

Bela terra para viver e trabalhar e as pessoas são muito felizes lá e tudo

Uma cover especial de Dylan; para começar bem

Exemplos não, obrigado

No Depressão Colectiva.

Coisas que só interessariam se o Sócrates tivesse sido convidado

O ex-sócio maioritário da Tecnoforma refere que o actual primeiro-ministro chamou para fazer parte dos órgãos sociais do Centro Português para a Cooperação - uma organização não-governamental (ONG) financiada pela Tecnoforma - "pessoas com influência", como o então líder parlamentar do PSD, Luís Marques Mendes, e os também social-democratas Ângelo Correia e Vasco Rato (nomeado recentemente pelo Governo para presidir à Fundação Luso-Americana). Fernando Sousa, na altura deputado do PS, e Eva Cabral (então jornalista do Diário de Noticias e actualmente assessora do primeiro-ministro) estiveram igualmente na fundação desta ONG.

Desespero

O Bloco e  o PCP  ( os mesmos que achavam normal os tempos de antena  de Chavez nos dias de eleições) estão indignados com a presença dos vampiros da troika ( falso) e do BCE em Lisboa no dia das eleições. Dizem que o governo pode tirar vantagem eleitoral da presença em Lisboa, no dia das eleiçoes, daqueles que capturaram e afundaram o país, daqueles  a quem o governo presta vassalagem.

Perceberam bem.

Edward Said dá voltas no túmulo

O Oriente só existe através do Ocidente.
Que tristeza.

Tiro de .475 Remington Magnum

Se acabassem com ela era o "retrocesso civilizacional".

Mulheres ( III)

Andrómaca  zangou-se  com o cadáver  de Heitor por não ter  havido uma despedida a sério.

E tu, pobre diabo, julgas resolver as coisas levando-a ao restaurante do costume.

Mulheres (II)

Bioy Casares  estudou-as na cama ( lia-lhes livros). Para  saber mais temos de procurar na pequena gaveta da mesinha cabeceira. É lá que elas guardam o que foram.

Mulheres (I)

Há uma espécie comum: a que nunca sabe o que estamos a pensar, mas acerta sempre no que vamos fazer.

Obrigado rapazes, gozem a taça calimero

Gosto de os visitar, deve ser o único blogue  de futebol sem ordinarice paranóide, e ainda  tenho de lhes agradecer : fazem com que consiga dar-me gozo apreciar as taças   domésticas.

Voluntariado compulsivo

Sem rodeios. Em democracia: dois resgates, a prenda UE  dos anos 80-90, uma moeda nova, falência, outro resgate. Deixemos de lado o insalubre passa-culpas partidário e as orientações europeias, olhemos para as coisas como o Victor Cunha Rego olhava: são o que são. E o que são? São a estelífera capacidade dos portugueses fazer o que é necessário fazer, não o que poderiam fazer.

Quando seria suposto o apodrecimento dos anqueos sociais, quando foi desejada por alguns a revolta, os portugueses cerraram os dentes. Esta é uma qualidade de  sobrevivência, um fado cravado na espinha.

O que temos  de demonstrar nos anos que aí vêm é a outra qualidade que nos tem faltado: a da vivência. Se a tivéssemos, não teríamos tolerado  o bafio insuportável do Estado Novo durante  uns humilhantes 48 anos. Existe neste povo um alheamento da vontade positiva, uma dependência  da conjunção astral de factores, do aleatório dos detalhes.

Com O'Neill, recuperemos o  VC:

Em regime de Voluntariado Compulsivo

é mais fácil viver: tu acabas por ter de 

de fazer não o que não  queres,

mas o que queres fazer.

Este ano não há

Renovações de contrato milionárias no SLB.

Dobros

E perguntas. No Depressão Colectiva.

O neosoarismo é

Contagioso.

De hoje

São dias assim, apesar de parecer estar sol.

Pródico de Ceos engenhou uma teoria divina ( encontram-na em Cícero e em Sexto Empírico) . Dizia ele que os homens fizeram deuses ( seres divinos)  os homens que descobriram coisas que melhoraram a vidas dos outros. Charnecas alagadiças estas,  as doutrinas da physis,  porque próximas do ateísmo, mas Pródico não se importava.

Quem nos está a fazer bem? Quem nos está  a fazer melhores? Nevoeiro, nevoeiro...

Não adianta

Nesse espectro tudo é permitido, esquecido, apagado. Democratas, dizem.

Nunca esquecer: o milagre do

 PEC IV, o que nos ia salvar, dizem os socráticos, sem um pingo de vergonha na cara.
Um défice de 2% em 2013, meninos. E com as reformas intactas, os salários ao sol, o país a cantar e  a rir e sem troikas.

Eufemismo para pretos angolanos a comprar nas avenidas

Se fossem cavalheiros  de Wall Street  ou ex-banqueiros do BPN já era com dinheiro honrado:

"Existem porém, e embora em reduzidíssimo número, certos indivíduos estrangeiros que visitam a Avenida e que adquirem variadíssimos produtos a preços exorbitantes, pagando com capital manchado por pequenos coágulos sanguíneos, pois os fundos provêm das próprias nações e dos seus povos. Passeam-se de forma sublime e dispendem somas astronómicas em artigos de luxo com dinheiro obtido ilegalmente".

Quer, portanto, V.Ex.ª dizer que

andámos  a viver acima das nossas possibilidades ou a nossa dívida  pública também é resultado das sinistras manigâncias do capital? 

"Para Louçã, o principal problema da economia portuguesa é o elevado índice de dívida pública, pelo que para o fundador do Bloco de Esquerda para melhorar a condição dos portugueses seria necessária uma reestruturação da mesma".

Visões

Se a maternidade susbtituitiva, eufemismo para aluguer de barrigas, é boa e civilizada  ( não duvido, porque os progressistas mo asseguram), então temos de caminhar para a parentalidade por procuração.

Por que motivo um maior de 14 anos não pode passar a escolher novos pais quando assim o entender? O Ruben Tiago, por exemplo, chega a essa idade e deseja  que o pai passe a ser o doutor Alves do 3ºesquerdo. A Carina Micaela, por seu lado, passa a desejar para mãe a Rita  da casa das unhas de gel.

Não devemos privar os adolescentes de escolher para pais os seres que mais se adequam ao seu projecto educativo e afectivo. O sangue é apenas um conjunto de hemácias e leucócitos.

O Banco Central Europeu foi criado ontem

"Ao considerar que este regresso aos mercados nada tem a ver com ação do Governo, Sócrates disse que «isto deve-se à ação do Banco Central Europeu, que assumiu uma posição de garante de último recurso relativamente às dívidas soberanas».

No ano passado, os mesmos patriotas que papagueavam isto, asseguravam o caos, a Grécia, o segundo resgate, a dupla perda...  da soberania.

Coitados

O hábito de disparar.

Saída limpa helénica

Já dizia Aristóteles: Ó meus amigos, não há saídas limpas.
Por outro lado, já diziam os Aula Magna: o caos, o segundo resgate inevitável, a Grécia aqui tão perto.

Vénia

"Fica a sua intenção, aliás explicitada no seu texto final, de defesa das humanidades, do mundo clássico e antigo, sem o qual  somos pouco mais do que ignorantes deslumbrados"

( Pacheco Pereira, sobre Vasco Graça Moura, Público, hoje)

Lobo Xavier antidepressivo

No Depressão Colectiva.

E la nave va

 "Cina quer parecer pobre. E  é pobre" ( Marcial, VIII:19):

O debate político  actual é entre os que se queriam  pirar daqui para fora porque são taxados - e se calam depois de lhes darem um lugar dourado - e os que refilam porque  lhes cortam uns milhares de euros na pensão e por isso  se juntam agora  aos que ontem lhes chamavam fascista.
O futebol apresenta  hoje um bocadinho mais de complexidade.

Dia dos trabalhadores

Com um lateral esquerdo a sério, um guarda-redes  e sem o tractor a pedal.
O resto, o mais importante no futebol: cojones.

É isto

Pan-humano

No Depressão Colectiva.