Grande entrevista de Mujica, o ainda presidente do Uruguai, publicado na revista do Expresso de 7 de Março. Um homem de esquerda que vive numa casa de telhado de zinco, que legalizou o haxixe mesmo que o deteste, que recusa a ideia saudosista. Tem o ar de um velhinho de aldeia, não excita os bem pensantes.
Mujica não vive na miséria, como troçam os esquerdinhas quando lhes apontamos a sublime coerência se de desejar uma república socialista sem classes enquanto se faz uma vida devotada ao último luxo disponível. Não é uma questão de coerência, é uma questão política, como demonstra Mujica. Querer para o outros uma vida que recusamos para nós é uma insuportável ideia moralista, tão asquerosa como a do conservador que de manhã papa a hóstia, celebra a virtude e execra os os pobres piegas, mas à noite papa putas e desvia dinheiro para paraísos fiscais. Em ambos os casos, a assertividade das palavras esconde a recusa do compromisso. Com Mujica, não.
Sobre a ideia do passado melhor, Mujica acerta nos pedantes que desprezam sempre o presente em nome do passado glorioso. Trata-se muitas vezes de simples reflexo egóico, o velho ( ou o maduro), fixado na juventude, pretendendo um regresso impotente e narcísico.
Sem comentários:
Enviar um comentário