É uma tautologia no plano físico, sim, mas é mais do que isso. Ando a ler um exaustivo relato de quinhentas páginas sobre a campanha russa de Napoleão. Aprende-se mais em descrições detalhadas do que em biografias ou volumes genéricos. Por exemplo, que muito mais do que o famoso general Inverno, o que tramou Napoleão foi o calor. Entre Vilnius. Drissa e Borodino, a falta de água e a exaustão - " o calor africano que faz cair os homens e rebentar os cavalos" , como avisou Duroc - impediu os franceses de apanhar Bagration e Barclay de uma só penada. Smolensk foi, como se sabe, uma vitória pírrica.
O que conta mais para o assunto deste texto é o delírio de grandeza, mas não por causa do traço imperial. Esse é comum na História. Original era a convicção de representar as aspirações dos povos europeus, a reificação de um destino comum imaginado pelo delírio.
Hoje, na Europa, ou melhor, nas europas, observamos restos do delírio. Do português mediático, que se excita com as cartas que recebe de gente a dizer que só ele as representa na luta contra a austeridade, aos aldrabões gregos, muitos se imaginam como Napoleão em Waterlooo: só Napoleão para derrotar Napoleão.
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