sábado, 26 de setembro de 2015

Odisseia na linha azul

Volto a casa ao fim do dia, como Ulisses. Gosto de pensar que a guerra está ganha, que os anos de combate e exílio foram vencidos sob as muralhas de Tróia e nos abismos do mar, mas nunca se sabe. Amanhã é outra ilíada. Quem será Helena? Quem será Aquiles? E Heitor "domador de cavalos"?
A meia hora de chegar, salto para o Metro, a minha jangada de Calipso. Encontro Polifemo, que pede esmola na linha azul. Aquela é Circe, a feiticeira: transforma os homens em porcos. Nausícaa vai jantar fora com as amigas, sem saber que, a alguns metros, morro de cansaço.
Chego, enfim, a Ítaca. Penélope está a tecer arroz com ervilhas e manda-me dar banho aos pretendentes. Espera... Aos pretendentes? Sim, desarrumaram tudo. E, a seguir, põe-nos a fazer os trabalhos. Não há tempo, têm que ir para a cama. Há tempo, sim - chegasses mais cedo. Sabes perfeitamente que tive de livrar-me das sereias. Lá vens tu com as tuas histórias... Ora, o que seria da vida sem histórias?

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