sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Por procuração

Os anos passam e estes  dois continuam escarapilhados na raiva e no acinte.
Fernanda Câncio  faz-se de pura porque é pura: no seu blogue não calunia, apenas linka caluniadores. Pacheco Pereira  também não calunia, apenas fala de vendidos ou ígnaros em geral ( na última  Quadratura não repetiu a acusação de  hipocrisia da maioria parlamentar no silêncio sobre a prisão de Sócrates e foi pena porque  Telmo Correia estava mesmo ali ao lado).
Continuo a gostar de ler ambos.

13 comentários:

  1. A verdade é que muito do que ela escreveu sobre ele se aplica a ela como uma luva. E alguém que escreve «é o teórico da 'narrativa' da 'política criminosa', que levou os actuais psd e pp para o poder» demonstra que não percebeu/percebe nada de nada. Mas, enfim, não me parece que a maioria dos portugueses se preocupe muito com eles.

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  2. Carlos, a maioria dos portugueses não se preocupa de facto com eles, não só porque não há razão para alguém se preocupar com eles, como porque a maioria nem os lê. A maioria preocupa-se mesmo é com as dificuldades financeiras. O problema não são os comentadores, é a politica de um governo que temos. Esse é o poder efectivo.

    caramelo

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    1. carma sinhó, a salvação tá chegando!

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    2. «[...] porque a maioria nem os lê.»

      caramelo, era precisamente aí que eu pretendia chegar. E no caso da Câncio, a maioria nem sequer sabe que ela existe. Quer dizer, talvez tenham uma vaga lembrança de que era a alegada namorada do Sócrates (refiro-me ao que a imprensa dizia e ele próprio corroborou numa entrevista).

      «O problema não são os comentadores, é a politica de um governo que temos. Esse é o poder efectivo.»

      E onde/quando é que eu disse que eles são «o» problema? Quando muito, poderia achá-los mais um problema (embora nem isso tenha dito), mas nunca «o» problema. Mas digo-lhe o que penso. Quando são desonestos e manipuladores, isto já para não falarmos da ignorância grosseira que uma boa parte deles exibe sem pudor (talvez, em alguns casos, ignorando a própria ignorância), creio que são mais um problema, mas estão longe de ser o princípal problema (não lhes concedo tanta importância; quando estou para aí virado, irritam-me; mas não passa disso).

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    3. Carlos, para mim, a irritação é uma questão pessoal: nada me irrita mais neste mundo do que os gajos que dizem que os sacrifícios são bons para mim. Não suporto essa gente. O Filipe acha que eu acredito na “salvação”. Repete isso tanto, de várias maneiras, que eu faço-lhe agora a vontade. Só não acredito na salvação a chicote, com cortes na pele. Moralismos há muitos, e todos têm (embora alguns finjam que não), mas esse, para mim, é o pior. Quanto ao problema, continua a ser uma questão pessoal: é este governo. É exatamente o problema que o Pacheco identifica. Se vier outro governo que faça o mesmo, fico com o mesmo problema e a mesma irritação.

      caramelo

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    4. pois, já tinha reparado, há por aí muita irritação.

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    5. caramelo, eu falo de alhos e responde-me com bogalhos. Se faz favor, leia o que eu escrevi, de preferência sem irritação, e veja se o que me respondeu faz algum sentido. No primeiro ponto, digo-lhe que concordo consigo: a maioria nem os lê. No segundo, falo dos comentadores, dizendo-lhe que eles não são para mim um problema; quando muito, embora não sempre, uma irritação. E o caramelo responde-me com este governo (que eu nunca disse não ser um problema) e com uma conversa qualquer sobre todos termos moralismos. A resposta era mesmo para mim? Vá lá, votos de uma boa semana (extensíveis ao Filipe).

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    6. Carlos, com o atual estado do país em fundo, estávamos ambos a falar do que irrita a cada um e de ignorância de comentadores. Não é isso desde o princípio? Eu estava a dizer que o Pacheco acertou na mouche e que por isso, não o acho ignorante: este governo faz mal às pessoas, e estava também a falar sobre o que mais me irrita em termos de comentadores, o que inclui a tal coisa de certo moralismo.

      caramelo

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    7. Só mais uma coisa, Carlos. Eu não consigo debater isto com distanciamento, enquanto observador. Quando o Pacheco diz que esta política é má, eu acho acertado o que ele diz, porque de facto, nunca antes tive tantas dificuldades e porque vejo serviços públicos de que usufruo, como a educação do meu filho, a degradar-se. Quando outros me dizem, até na cara, que tenho de me sacrificar, isso irrita-me. Quando me dizem que sou privilegiado por ser funcionário público, comparado com os que recebem 300 euros por mês a recibo verde para criar a família, apesar de eu próprio já ter tido tantos cortes e aumento de impostos e de já pertencer à função pública mais pobre da Europa, eu fico acabrunhado, dou-lhes razão, mas irrito-me, porque isto não devia existir. Quando, ainda por cima, cada vez mais gente diz, ou finalmente reconhece (até no FMI), que estas políticas são erradas, mais irritado fico. Não me dá um dia de raiva ou um surto psicótico, mas fico irritado. Não sou um gajo muito dado a consensos, como já dizia o velho Soares. Pronto, se estou a falar de uma coisa completamente diferente do que falava o Carlos, desculpe lá; se calhar estou a ficar xéxé, como o velhote ;)

      caramelo

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    8. Eu também, Nacionalizámos os petróleos, distribuimos socialismo há 15 anos e agorq estamos assim:
      http://www.ultimasnoticias.com.ve/noticias/actualidad/economia/crece-la-pobreza-y-la-pobreza-extrema-en-venezuela.aspx

      yo tambien sinto rabia
      ass
      un venezuelano

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    9. Filipe, foi um um erro meu. O termo correcto é bugalhos.

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    10. caramelo, só me pareceu que me estava a responder ao lado, nada mais do que isso. Eu também não acho que o Pacheco seja ignorante -- nem a Câncio, diga-se; porém, acho que, por vezes, é desonesto e manipulador -- como a Câncio, diga-se de novo.
      O país está pior, parece-me óbvio. Por um lado, devido às consequências de políticas levadas a cabo pelo executivo de Sócrates; por outro, devido às medidas tomadas pelo executivo de Passos. Creio que nenhum dos executivos primou pela competência e pela lisura. Muitas coisas feitas em cima do joelho com o objectivo de obter obter ganhos eleitorais ou para agradar a clientelas acabam nisto. (Podemos sempre discutir qual deles foi o pior -- não é sempre essa a discussão em Portugal? Eu posso adiantar que me identificava mais com o anterior em matéria de costumes, digamos assim, mas fico-me por aí.)
      Em relação ao distanciamento, mesmo tentando não entrar em muitos detalhes, deixe-me dizer-lhe algo. Antes de sair do país, mesmo desempregado, tinha cama, mesa e roupa lavada (e, de vez em quando, até me podia dar a algumas extravagâncias). Saí porque queria mais e melhor para mim a nível profissional, mas também porque o ambiente começava a ser-me insuportável. Nunca fui amargo ou cínico, nem nos momentos menos bons, mas começava a sentir-me assim. Agora, enquanto puder e os «meus» forem poupados, tentarei manter algum distanciamento.
      Por fim, não creio que o Soares esteja mentalmente diminuído. Sei que há pessoas que dizem isso dele, como diziam do Saramago, e também há quem diga (ou tenha dito) que o Cavaco sofre de Alzheimer. Para combater as ideias de alguém não é necessário diminuir esse alguém. Fazê-lo é coisa de gente inferior a eles, sem a capacidade de debater com eles de igual para igual.
      Vá lá, tenha mesmo uma boa semana. São os votos de alguém que também nunca foi muito dado a consensos. :-)

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