Continuando o iniciado aqui.
1) O passado colonial, o fardo do homem branco, a culpa. Quer queiramos quer não, são tópicos que foram agora brandidos, como têm sido sempre. Não interessam pelo seu valor retórico, apenas pelo que deixam por dizer: a legitimação do ataque reside no passado.
Em Israel, muito mais do que contabilidade da guerra e dos massacres, é também o passado, o início do passado. No caso de Israel, o tropos colonial estende-se até hoje. Neste debunking dos mitos sionistas omite-se, convenientemente, a razão da necessidade da criação de Israel, desvalorizando a importância do holocausto. De facto, o sionismo é pré-nazi, porque, em sede de perseguição aos judeus, os nazis foram apenas o apex letal de uma longuíssima e recente ( os judeus praticam o incesto, os judeus usurários querem tirar-nos a Argélia etc ) história.
1) O passado colonial, o fardo do homem branco, a culpa. Quer queiramos quer não, são tópicos que foram agora brandidos, como têm sido sempre. Não interessam pelo seu valor retórico, apenas pelo que deixam por dizer: a legitimação do ataque reside no passado.
Em Israel, muito mais do que contabilidade da guerra e dos massacres, é também o passado, o início do passado. No caso de Israel, o tropos colonial estende-se até hoje. Neste debunking dos mitos sionistas omite-se, convenientemente, a razão da necessidade da criação de Israel, desvalorizando a importância do holocausto. De facto, o sionismo é pré-nazi, porque, em sede de perseguição aos judeus, os nazis foram apenas o apex letal de uma longuíssima e recente ( os judeus praticam o incesto, os judeus usurários querem tirar-nos a Argélia etc ) história.
2) Não deixa de ser curioso que, numa espécie de essencialismo invertido, as categorias colonial e imperial ( são coisas diferentes), na sua expressão moderna, só sejam aplicadas aos ocidentais. Antes do Great Game ou do Sykes-Picot, entre o século XIX e o XX, Kangxi colonizou a Manchúria russa e o Tibete. O Japão colonizou a Coreia, a China sufocou ( e sufoca) muçulmanos. Noutra zona, Ibn Saud funcionou como qualquer chefe de potência colonial e imperial para engordar o seu emirato de Riade, mais tarde o reino saudita, anexando Al-Hasa e Qatif.
Muitas etnias e culturas destas aventuras coloniais e imperiais eram tão distintas com os zulus dos britânicos, muita da crueldade foi exactamente igual.
3) Como em Israel, um pecado original afectará então os europeus. Pouco importa a tolerância diante das diversidades culturais, a aplicação de mecanismos de solidariedade, o reconhecimento - expiação - mediático e académico do pecado.
Em 1958, Camus escrevia sobre a penitência perpétua:
"O tempo dos colonialismos acabou. E o Ocidente, que em dez anos deu a autonomia a uma dúzia de colónias, merece por isso mais respeito, e, sobretudo, mais paciência, do que a URSS, que, no mesmo tempo, colonizou ou colocou sob um protectorado implacável uma dúzia de países de grande e antiga civilização" ( Chroniques algériennes, 1939-1958, tradução minha).
Agora comparem Camus com esta escangalhada de Manuel Loff .
Agora comparem Camus com esta escangalhada de Manuel Loff .
( cont.)
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