Mui instrutivo livrinho. To cut a long story short, Rushdie decidiu fazer uma autobiografia,
transpondo-se para um personagem, ficcionado, Joseph Anton. O livro é ( quase só) sobre o Rushdie/ Anton alvo da fatwa dos iarnianos e
apoiada por muitos outros defensores do profeta. Mais de 700 páginas
que se lêem muito bem ( salvo as peripécias amorosas e conjugais) e
ensinam muito.
Escolho o primeiro ano da fatwa. Devem recordar-se dos
muitos “mas” que acompanharam a análise ao polémico filme que
ridicularizava Maomé, no ano passado. E tal , que aquilo não era arte, era uma porcaria ( quando dá jeito, a arte tem de passar a ser “elevada”) . Pois bem, “Os Versículos Satânicos”
são um livro de um escritor e um livro que ganhou prémios literários.
Melhor ainda: Rushdie não era um branco ocidental herdeiro do
colonialismo .
Rushdie conta como ficou siderado pelo apoio de muita da esquerda britânica ( da radical a alguns deputados trabalhistas ) à fatwa. Noutros casos, cúmplices da fatwa foram recompensados. Aconteceu com Iqbalk Sacranie, do Comité de Acção para os Assuntos Islâmicos do Reino Unido, depois feito cavaleiro por indigitação de Tony Blair devido aos “serviços prestados às relações comunitárias”.
As histórias de torpe capitulação são muitas, desde editoras que
recusaram publicar o livro, até ao recuo do ANC (sul -africano) num
convite para falar num congresso, “porque os muçulmanos eram
necessários para a luta contra o apartheid”. Também há o
registo de impecável gente de esquerda que defendeu Rushdie: por
exemplo, Susan Sontag ( fez campanha por ele nos EUA) e o grande Edward
Said.
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