O traço mais conservador da sociedade portuguesa actual é o primado do intelectual sobre a política nobre. Desdobra-se em dois. O mais grosso é do atestado de esquerda para falar em nome do povo, o mai fino o do apartheid a que dita nova direita vota os os trinetos de Lenine . Comecemos pelo primeiro, noutro número iremos ao segundo.
1) Os guardiões culturais:
Qualquer político que queira falar em nome do povo mas não tenha um parente na família da esquerda é arrumado como populista. Pior: se pertencer à família, mas falhar em alguma das categorias sagradas ( aborto, LGBT ou nacionalismo), é excluído. De certo modo é um reflexo especular do pré-25 Abril: pelo menos para efeito de propaganda, todo o oposicionista à esquerda era considerado vermelho.
Este direito de nomear, como seria esperável, não é exercido pelo povo, mas pelos guardiões culturais. Como sem uma burguesia forte não há proletariado forte, no pós-74 e agora ainda mais, a condição cultural de esquerda é couto privado dos guardiões. Desde os episódios ridículos ( vg Vasco Graça Moura) aos mais tensos -Marinho Pinto -, passando pelo aconchego sistemático que os guardiões da cultura oferecem ao vate escolhido( António Costa).
2) A inscrição:
Exceptuando o PCP e a CGTP, que representam o neo-proletariado fraco, os detentores do certificado cultural não se interessam pelas fabriquetas arruinadas e empresas insolventes no meio de nenhures. Sobra-lhes o referido no ponto anterior e mais uns pós.
O poder de nomear assenta, claro, nas academias e nas escolas secundárias : uma vez mais o reflexo especular do pré-74. A Historia que é ensinada, desde tenra idade, é a História marxista ( o contraditório, cá em casa, foi feito por mim) e nas academias e nos media, Focault é Deus.
O problema é de inscrição. Os cidadãos não são todos iguais na esfera política. Como o discurso de Robespierre ( Abril de 1791) pontuava, a distinção ente cidadão activo , passivo e meio passivo reside nas diferentes capacidades de se poderem eleger ( Zizeck, Virtue and Terror, 2007). O corpo político regulava a identidade política do cidadão.
À esquerda é permitido tudo - do ataque à democracia ( dita burguesa) até à mais pornográfica ostentação na lapela do cravinho vermelho quando se passou num ápice de advogado de vão de escada para oligarca milionário de serviços prestado ao Estado. À direita, ou mesmo ao centro impuro ( ver ponto 1), usa-se a ignominiosa e conveniente cruz da ignorância e da incultura.
no verão quente de 75 dizia-me um velho comunista
ResponderEliminar'a 25.iv rebentou o cano de esgoto e só veio merda ao de cima'
os mais ilustres até adoravam o livro 'urss:50 anos' da editorial Aster (Opus Dei)
Zizek, senhor doutor? E isso pode tomar-se em jejum? Andas em ricas companhias, andas... eu, felizmente, passo meses sem que alguém me cite o zizek, quanto mais o foucault. Não tentes é fazer contraditório da história marxista. Aprende: a maior parte dos pais esforça-se por nem abrir os manuais e os filhos têm crescido a achar que o salazar foi o maior estadista do século.
ResponderEliminarcaramelo
Inegavelmente caramelo e bons dentistas!
ResponderEliminar