O que penso sobre o assunto escrevi-o aqui, com o apoio da FCT, em artigos avulsos ( até na extinta Atlântico) e neste arquivo. A entrevista ao Observador dá também um lamiré.
É bom referir que comecei por ser um homem do terreno. Estagiei e depois trabalhei cinco anos na primeira Unidade de Desintoxicação do então SPTT ( agora SICAD) e para a Comissão Nacional de Luta contra a SIDA, no primeiro programa nacional de troca de seringas. Só depois do terreno, e do enfado com os burocratas da toxicoterapia, incrivelmente ignorantes do que tratavam, comecei a estudar a geopolítica de drogas.
É bom referir que comecei por ser um homem do terreno. Estagiei e depois trabalhei cinco anos na primeira Unidade de Desintoxicação do então SPTT ( agora SICAD) e para a Comissão Nacional de Luta contra a SIDA, no primeiro programa nacional de troca de seringas. Só depois do terreno, e do enfado com os burocratas da toxicoterapia, incrivelmente ignorantes do que tratavam, comecei a estudar a geopolítica de drogas.
A declaração da ministra da Justiça vale pelo efeito de palco. Como comparo o haxixe ao álcool ( eu e gente muito mais qualificada, da neuroquímica), não alcanço a lógica de transformar as farmácias em dispensário de charros. Se, por outro lado, a declaração for para abanar o sistema - pôr a falar e a discutir -, então vale a pena abordá-la.
A proibição, sistema falido e ineficaz ( excepto para os riquíssimos produtores, comerciantes e autoridades corruptas), só será modificada através de experiências localizadas e controladas. Foi assim que ela se construiu entre 1908 ( Manila) e 1961 ( Nova Iorque). Pode começar pelo haxixe, mas o bulk será sempre desenhado pela cocaína, heroína e novas drogas de síntese.
A produção, ao contrário do que se diz, não é o osso. Os proibicionistas dos anos 50, é verdade, atacaram-na, mas apenas no plano político. Ou seja, em termos simples, ilegalizaram-na. Sobretudo no ópio, o lucro da produção passou dos Estados para as guildas privadas ( ver o arquivo).
Não esquecer a coincidência. Depois da Single Convention de 1961, com as terríveis drogas muito proibidinhas graças aos esforços dos americanos ( o FBN e Aslinger à cabeça), foi precisamente nos EUA, que, nos finais dos míticos anos 60, se deu a explosão de consumo...
Perfeitamente. Um plano congruente que passe ou parta do SNS com o controlo da produção pelo SNS e a respectiva prescrição médica. Sim, converter as drogas (duras, sobretudo) naquilo que, verdadeiramente, são, drogas. E, consequentemente, colocá-las nos circuitos de distribuição próprios, das drogas, nas farmácias, sob controlo médico e administrativo do SNS. A coisa sempre me pareceu evidente!! Mas não falem da construção de um plano a partir do termo "liberalização das drogas". Liberalização, só se for da aspirina!!
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