Comecei a interessar-me pelo caso venezuelano, o chavismo, porque já seguia alguns aspectos do país por causa da geopolítica da cocaína. Julgo ser muito mais interessante do que a experiência grega.
Esta comparação exaustiva mas sintética ( sim, pode acontecer) tem como fonte a CIA, por isso alguns dos dados favoráveis ao chavismo serão lidos sem suspeita. A Venezuela teve tempo, Chavez teve apoio popular e as receitas do petróleo nacionalizado. Fez um trabalho espectacular na redução da pobreza, na habitação, na escolarização, na mortalidade infantil. Dir-me-ão que Cuba também, mas há uma enorme diferença: a Venezuela nem de perto, mesmo durante este úlimos anos, se aproximou do clássico terror comunista ( cubano, chinês ou soviético).
A Grécia não tem petróleo? Por isso mesmo a Venezuela é mais interessante. O chavismo usou uma receita excepcional para cumprir um princípio elementar do socialismo popular ( Hitler fez o mesmo nos primeiros anos): ajudar os mais desfavorecidos. E não compro a tese de que o fez apenas para ter apoio popular. Lendo os documentos da época, aceita-se que a intenção era real. Agora a Venezuela está na miséria e não é só por causa da queda do preço do petróleo. E mesmo que fosse, muitas perguntas se fariam ( a comparação responde em parte).
O que a Venezuela interroga é isto: pode um estado socialista popular viver bem ( para sobreviver basta passar a ditadura) sem uma revolução socialista mundial? Lenine explica.
Eu, caro FNV, não sei se a venezuela, estado socialista ou não, poderá viver bem com uma revolução socialista mundial. A venezuela com um pib contabilizado por valor de uso ( não valor de troca) seria ainda mais pobre. Em algum momento da equação há-de, naturalmente, ser ponderado o investimento em fome por debulhadoras mecanicas, sob pena de perpetuar o consumo como investimento e, fatalmente, fome por fome. Num mundo capitalista, a mesma coisa. As trocas pressupõem produção. O investimento efectuado em educação e "coesão social" da última década ainda não produziu efeitos. Conseguisse a venezuela atingir apenas 30% do índices sociais cubanos e haveria esperança. (não subestime os índices cubanos que tem indicadores sociais apenas comparáveis com o Chile e Argentina.)
ResponderEliminarA Grécia é mais interessante, estou em pulgas para os próximos episódios. Dilemas, rupturas, impasses e outros grandes ingredientes de uma magnífica novela (a tragédia grega ou o romantismo europeu do sec XVIII...), bons actores, elenco, fotografia, banda sonora e efeitos visuais. Um luxo, nos tempos que correm!!