domingo, 30 de março de 2014

Campos


Repare-se neste texto. O que o Bloco dizia em 2009 é o mesmo que diz hoje. Pensamento revolucionário europeu, luta anti-globalização, previsão de confronto social, interrogar o mundo todo" etc. O PCP, 2006, num assunto específico: o discurso é hoje o mesmo, seja na saúde, nos transportes, nos CTT, etc. Podia continuar indefinidamente.
O ponto é este: por que motivo  o tal consenso do Manifesto dos 74 abrange a extrema-esquerda, sendo que o documento é muito mais, como dizem os susbcritores, do que uma proposta de política económica, é uma visão de futuro para o país? A teoria da trincheira moral  cai por terra porque o manifesto, repito, é ( supostamente) muito mais do que uma solução financeira  conjuntural.
Podemos  calcular que Ferreira Leite, Bagão Félix, Pacheco Pereira e outros,  passaram a partilhar do dasein luso-zizeckiano, mas não parece nada razoável. A alternativa é usar uma grelha política no sentido do campo político
Bourdieu fornece os meios. O campo político é um dos campos que  tem como finalidade impôr a visão legítima do mundo social, definindo a acção política como a manipulação  necessária para impor essa visão. Bourdieu ocupa-se ( Razões Práticas, ed.port Celta 1997) precisamente das pessoas que estão em posições opostas em quase  todos os  campos, mas que podem acordar num. O acordo tácito  ( escondido refere Bourdieu) é sobre aquilo pelo qual vale a pena  lutar. A illusio ( que Bourdieu chega a querer mudar para líbido...) mostra o espírito de campo: não entra aqui ninguém  que não seja geómetra.
Podemos, portanto, esboçar uma hipótese. A visão do futuro para Portugal pode ser partilhada por revolucionários  e ex-cavaquistas, porque existe uma  illusio sobre a mudança social que a troika e o governo estão a impôr, mas também porque essa illusio contabiliza aspectos puramente tácticos, pessoais e de corpo. É por causa destes aspectos que ex-cavaquistas, que assassinaram a alternativa proposta por Sócrates e por uma  esquerda dita moderada,  partilham agora, looping the loop,   a mundivisão expressa em textos do Bloco ( 2009) e do PCP ( 2006). 

2 comentários:

  1. o que anima estes politiqueiros é predominantemente a frustração.
    a exibição da miséria das suas potiliquices

    a miséria tem sempre a mesma %
    significa que o MONSTRO consome o que devia ser para 20%
    de suburbanos que deveria regressar ao sector I.
    quiseram ser suburbanos ... fuderam-se

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  2. Ou talvez porque “há épocas de tal corrupção, que, durante elas, talvez só o excesso do fanatismo possa, no meio da imoralidade triunfante, servir de escudo à nobreza e à dignidade das almas rijamente temperadas.”

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