quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Se o Primeiro-Ministro fosse um homenzinho

Se o Primeiro-Ministro fosse um homenzinho, só tinha duas opções. Ou reconhecia que cometeu uma ilegalidade (violação do regime de exclusividade de deputado, fuga ao fisco, tráfico de influências, o que seja) e pedia a demissão, ou negava que cometeu uma ilegalidade e ia à cara a toda a gente que anda por aí a chamar-lhe nomes.
Agora, a sonsice de meter a justiça portuguesa num imbróglio que não tem meios para investigar, pois não pode levantar o sigilo bancário, nem punir, pois os eventuais crimes já estarão prescritos, e que apenas se deve à falta de memória ou vergonha do próprio, é como fugir para as saias da mamã quando os outros meninos ficam com a bola.
Lembra-me o Clinton, que fumava mas não inalava e estava convencido que sexo oral não é sexo. Passos Coelho não se lembra se cometeu um crime, mas se cometeu foi sem intenção, e se foi com intenção já não é crime.
O Clinton, pelo menos, tinha piada.

2 comentários:

  1. Sem dúvida. Mas é curioso, Clinton esteve à altura da situação e explorou o moralismo sexual que a opinião pública não acompanhou. Passos pensa que pode fazer algo equivalente com a fuga aos impostos, um tema igualmente popular.

    XisPto

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  2. Confesso que nunca esperei vê-lo defender o método Sócrates de lidar com todas as dúvidas: negar e ir à cara a quem o contrariasse.
    Se forem dizer ao menino do lado que fez uma coisa e não tiver como provar que a não fez, acha absurdo perguntar ao menino do lado o que se passa?
    Eu, provavelmente, nunca agiria como Passos Coelho, mas ou parto do princípio de que é completamente estúpido (uma coisa que é sempre bom deixar para último recurso) ou tento compreender o que está a fazer.
    Porque na verdade, quer ele tenha recebido dinheiro, quer não, a resposta óbvia é dizer que não o recebeu. Ou seja, se ele não tiver recebido dinheiro e disser que não recebeu, fica exactamente na mesma posição em que ficaria que se tivesse recebido e dito que não.
    Que fazer?, perguntaria Lenine (na hipótese de não ter recebido o dinheiro, claro, porque na hipótese de ter recebido o que fazer parece-me óbvio: negar e ir à cara de quem o contrarie).

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