quarta-feira, 16 de julho de 2014

Guerras assimétricas


Esta crónica de Hugo Rifkind na Spectator mostra bem a cegueira de alguma direita europeia (para não falar da americana...) quando olha para o conflito Israel-Palestina. Rifkind diz que a condenação do uso desproporcionado da força pelos israelitas só os afasta de nós, ocidentais, e que devíamos perguntar o que faríamos se o nosso país fosse bombardeado pelo Hamas. Esquece que a pergunta pode ser feita exactamente ao contrário, mas com uma diferença.
Gaza também está a ser bombardeada, mas enquanto muitos dos rockets palestinianos explodem em locais desertos ou são destruídos pelo sistema antimíssil israelita (e ainda bem), as bombas de Israel atingem zonas densamente povoadas e são muito mais precisas.
Resultado: esta guerra, que dura há uma semana, já provocou mais de duzentos mortos palestinianos (and counting) e apenas um israelita. Um. Não é gralha.
Antes que alguém disparate, acrescento que isto não prova que uns têm razão e os outros têm culpa. Deixo-vos o poder divino de distribuir razões e culpas. Digo apenas que não é por Israel ser uma democracia, como sugere Rifkind, que o Ocidente deve fechar os olhos ao que se passa.  E o que se passa é que a população de Gaza, que vive hoje sem luz nem água e sob ameaça permanente, é refém de uma dupla violência: a cobardia terrorista dos seus líderes e a vingança de Estado dos líderes israelitas.
Como "não temos palestinianos" (Rifkind dixit), talvez nos tranquilize que os barbudos do Hamas sejam muito menos estimáveis do que os colunistas da Spectator. Mas se a "paz no Médio Oriente" é isto, então alguém há-de perguntar muitas vezes o que faria se fosse bombardeado por eles.

9 comentários:

  1. Tu aqui estás realmente muito mais solto...

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  2. Estive em Fevereiro em Israel. As relações são péssimas. Toda quer dizer obrigada em hebraico eles preferem thank you a toda. Há obrigada em palestiniano e hebraico. Tenho dito.
    Propuseram-me ir 1 mês tratar crianças palestinianas em Ramallad. As crianças hebraicas tem melhor sistema de saúde que as crianças palestinianas. São posições extremadas. Ódio.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Desculpe, apaguei este comentário porque era para a conversa mais acima, mas aproveito para agradecer o seu comentário.

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