Ontem à noite, vi a entrevista de Francisco Louçã à SIC-Notícias. Dei por mim a concordar mais vezes do que gostaria (quando despe a farpela de capataz partidário, Louçã torna-se estranhamente sensato). Até que, a propósito da Guiné Equatorial, o velho trotskysta regressou por momentos ao dedo acusador: a CPLP é hoje "uma central de negócios do Brasil e de Angola".
Talvez seja isso, provavelmente é isso, mas a questão não é isso - é se a CPLP poderia ser outra coisa.
Portugal não tem na CPLP o estatuto da Inglaterra na Commonwealth. Não tem o seu o peso político, nem económico, nem militar. Não tem o seu ascendente cultural. Não tem um chefe de Estado partilhado com algumas das antigas colónias. Não tem a mesma emigração qualificada. Compete pela liderança com duas potências do Atlântico Sul que tendem a impor a sua vontade, os seus interesses, as suas alianças. Em suma, tratar a CPLP como o ai jesus da pátria porque nos abre "novos mercados" e nos traz "novos investimentos" é tão ingénuo como querer dar lições de democracia à Dona Dilma e ao Dr. Xanana.
Uma vez, perguntaram a Gandhi o que pensava da civilização ocidental. Ele respondeu: seria uma bela ideia. Não tenho muito mais a dizer sobre a CPLP.
Parabéns. Lucidez sempre necessária.
ResponderEliminarObrigado. Elogio sempre agradecido.
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