segunda-feira, 14 de julho de 2014

Não há esquerdas


Aqui ou acolá, a única esquerda unida é a pura e dura, a comunista. Seja em Cuba, na China  ou em Portugal.
O resto é folclore teórico, com lutos patológicos pelo assasinato no México de permeio, ou pior:  lutar e falar pelo povo, mas  viver, comer e f**** como um burguês.

Adenda (para o nosso comentador  caramelo):

O traço estético-moral não tem peçonha. A experiência do belo acessível a todos ( da reinvenção do conceito  por Baumgarten) é um bom conduto para a sociedade do homem novo socialista. A moral, por seu lado, é omnipresente  no discurso actual anti-capitalista/neoliberal.  Infelizmente, não fui por aí.
O osso é simples. Ou tens a esquerda pura  e dura, a comunista, com a sua parafenália de cutelos - fim da exploração do homem pelo homem, da propriedade privada e  da cultura  burguesa que usa o Estado como aparelho de dominação ( Gramsci), ou tens  paralíticos deficientes: Blair, Holande, Guterres, Sócrates. Ou seja, segundo a língua de pau,  negócios  escuros, cedências ao grande capital, imoralidade ( oh!, sim...).
As migalhas esquerdistas  passam o tempo entre a transumância para os partidos do regime e as querelas de café. Por que motivo não vês um quadro comunista  ao volante de um BMW  série 7 ( não me esqueci) ou pendurado na colecção nova-rica  de adereços burgueses quotidianos? Porque a sua proposta de sociedade  é brutal e concreta. Como qualquer ideia fundamentalista, emana do centro para  a periferia e bebe do exemplo.
Por fim, um pedacinho de ucronia. Imagina o país a recusar a troika em 2011   e a confiar no PCP. Agora imagina que  o país  se entregou ao mosaico lisboeta  de plataformas, movimentos, partidos, fóruns e manifestos de esquerda. Pois é.



10 comentários:

  1. É o tal 'radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista'.

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  2. Não deixo de me espantar. Como é que comem e fodem os comunistas? É curioso ver-te escrever um post desses mais de 40 anos depois de o Roy Medveded escrever "A Democracia Socialista", uma critica ao estalinismo, escrita por um comunista, onde se combate esse tipo de apreciação e se defende a discussão entre as várias correntes de esquerda na união soviética, escondidas nos samizdat, acusados daquilo que escreve o Carlos Botelho. Acho que não vale a pena maçares-te, porque já não há muitos comunistas atualmente que te levem a sério, até porque eles próprios já foram muitas vezes vitimas desses processos, interna e externamente: "é comunista, mas..." (etc)

    caramelo

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  3. Qual estalinismo, pá? É um elogio aos comunistas, homem.

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  4. God Almigthy! Mas onde é que vais buscar esses elogios? à lenda do grande herói proletário que comia pregos e era casto como uma virgem?

    caramelo

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  5. Fico sempre com uma espécie de sensação de paralaxe quando te vejo escrever assim. Como é que um tipo inteligente como tu adopta esse tipo de discurso estético-moral?

    caramelo

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  6. Grato pela atenção. Na tua barragem retórica esqueces uns pormenores. A esquerda sempre foi variada, assim como o próprio movimento comunista sempre foi variado. O BE e o Livre, etc, não são criação de yupies urbanos na semana passada, têm raízes profundas na revolução e mesmo antes, assim como a social democracia, o reformismo, as chamadas causas fracturantes, etc, etc, etc. Sobre a ligação dos reformistas ao capitalismo internacional, tendo ou não razão, não estás a dizer nada que já não tenha sido dito há cem anos. A categoria a que chamas o PCP, é apenas a herdeira direta dos bolcheviques, depois de cristalizados no PCUS, assim se mantendo muitos anos por razões históricas e hoje por razões estratégicas e afetivas, o que quiseres. Num célebre congresso do pcus de 1976, o berlinguer, secundado pelo marchais e o carrillo, declarou a independência do pcus e pegou na bandeira da classe média, a pequena burguesia, com desejos de liberdade e pluralismo e desejos de poder de compra para comprar, na altura, um topolino ou um 2CV para cada membro do casal e educação superior e um BMW para os filhos e, sim, a bandeira dos direitos das minorias, que hoje está dispersa pelo "mosaico" de que falas.
    A moral é importante, claro. Mas tem a ver com a discussão de modelos de sociedade, de poder, representação, direitos, etc, não com esse verniz.

    caramelo

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  7. Aqueles que se animam de um misticismo apoteótico, que empregam a estética formal como representação do sublime. Vivem a palavra, meticulosamente, como construção da realidade. Não se acanham pelos limites do possível!!
    Não concedem!! Conhecem os mecanismos da acumulação e as suas sementes. Que chove na eira e no nabal, previsivelmente e em simultâneo!!
    Mas também é possível que ali o caro caramelo tenha razão. Que tudo isto não passe de mera afectividade estratégica de uma agremiação recreativa, de falsos crentes, contingentes, animados de lata excentricidade e relutância esclarecida, que sabem, há muito, seguir falsos profetas.
    Não sei!!
    Mas numa coisa, pelo menos, o caro FNV tem razão. O osso é simples e duro! O PCP persiste e vive na sociedade portuguesa, todos os dias!!

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    1. Justiniano, eu não tenho razão, nem deixo de ter; apenas tentei alinhar factos. Mas o seu comentário é que é um exemplo de estética formal mística, etc, etc. Não complique mais do que o necessário. As pessoas votam PCP, BE, PSD, etc, porque acreditam que assim defendem melhor os seus direitos ou têm um melhor país para viver, para além daqueles que também o fazem para ter um tacho. Isso dos limites do possível, ou lá o que é, vale tanto para o PSD, como para o PCP. Neste momento, por exemplo, estes que lá estão não estão nada acanhados com os tais limites do possível.

      caramelo

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    2. Meu caro caramelo, não faço a mínima ideia de onde lhe vem esse necessário!! Vcmcê, qual custódio das evidencias, a alinhar factos!!?? Em singelo! Mas acaso a afectividade estratégica é algum facto!!?
      Por via da roda dentada recomendo-lhe a debulhadora mecânica!! Depois passe para a combinada! Lá chegado se se entender capaz de lavrar e colher meio mundo, descanse!! Beba duas de tinto que isso, esteticamente, passa!!
      Também presumo que, regra geral, as pessoas votam, no que votarem, acreditando que assim melhor precavêm os seus interesses e um país melhor para viver (presumo tratar-se de outra evidencia, não?) (Também há, segundo o caramelo, quem se desligue dessas merdas e outros juízos e vote por razões afectivas, quando não históricas)!!
      Quanto aos limites do possível, qual é a sua dúvida? Ou dúvidas?

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