segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Não vai ser bonito


A vitória de Costa foi tão grande que o seu maior desafio, agora, é baixar as expectativas. Do PS, primeiro, que estará a sonhar com a maioria absoluta nas legislativas; dos eleitores, depois, que provavelmente esperam do voto em Costa o fim de todos os problemas; de Pacheco Pereira, por fim, que ontem vislumbrou a chegada de D. Sebastião ao Largo do Rato. Mas a dinâmica de vitória é inegável. Costa vem de duas eleições triunfais (nas autárquicas de Lisboa e nas primárias do PS), tem um comício semanal na televisão e enfrenta um Governo impopular e um Primeiro-Ministro desacreditado. Como dizia o outro, só tem que fazer de morto para ganhar em 2015.
Aliás, será curioso ver como reagem o PSD e o CDS. Ou muito me engano ou Portas, com a sua conhecida lealdade, tentará a todo o custo demarcar-se das políticas mais onerosas da actual maioria, talvez com um olho na coligação à esquerda se o PS não tiver maioria absoluta (uma forte possibilidade). E Passos terá a tentação de cair na demagogia para conseguir um bom resultado. O próximo ano não vai ser bonito.

11 comentários:

  1. Pedro, os eleitores do PS, na verdade, verdadinha, não esperam que o Costa resolva todos os problemas. Não confunda o contentamento natural dos militantes e simpatizantes (e não só..) e alguma euforiazinha, se faz favor, com estupidez. O Costa conseguiu algo que nenhum dirigente partidário, de qualquer partido, até agora conseguiu e fez um excelente e mobilizador discurso de vitória. Esperava-se contenção e parcimónia? Entre a esperança alucinada e o cinismo, ainda sobra alguma coisa.
    Não sei se o próximo ano vai, ou não, ser bonito. Este, sei eu com certeza, não está a ser. A esperança faz bem à saúde e recomenda-se.

    caramelo

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    1. "Problemas", quais problemas? Então não se trata de reverter atos ditados unicamente pela maldade neoliberal?

      XisPto

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    2. Está tudo muito bem, desde que o Costa não dê cabo disto tudo outra vez. É que a esperança não paga dívidas.

      PP

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    3. XisPto, não é maldade, é parvoice mesmo, que não é neoliberal nem coisa nenhuma em especial. A maldade tem cura, a estupidez, não. Mau é o Costa, que é infinitamente mais inteligente que o Passos; já o outro, o animal feroz, era mau. O Seguro, não, esse é bom rapaz. Já viu o que diz agora o FMI? Afinal, ao contrário do que andaram a dizer, o investimento público é uma solução. Baratas tontas, tontas.

      caramelo

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    4. a sério? investir é solução? Nunca me tinha passado pela cabeça tal coisa.
      Vou aplicar isso comigo. O chato é que estou carregado de empréstimos e dívidas. Vai corrrer tudo bem.

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    5. Caramelo, ok, vou tentar assimilar as suas categorias subtis aos próximos tempos. Mas eu acho que já o percebo um bocadinho, não baixa expectativas como disse PP mas quer prolongar o estado de graça... E tem razão, o homem quanto mais omite as soluções para os "problemas" mais se acresce como solução para eles. É obra. JPP já o tinha dito e Cunha Vaz também concorda, uma aliança também a assimilrar. Costa não é mau, é esperto, alguns dirão que xico-esperto (Ferrari/Burro na calçada de Carriche, o nosso problema não é a dívida é a falta de crescimento, etc, uma antologia de trivialidades) e ultra eficaz, reconheço, fiquemos alegres por isso que daí não vem mal ao mundo. Quanto aos apelos ao investimento público dos Lagarde&Draghi eles estão a pensar na Alemanha que tem excedente...

      Xispto

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    6. Filipe, pois, mas se ninguém investir por ti, não consegues pagar as tuas dívidas. É uma equação simples. Deixa agora o Estado. Ao nível comunitário e familiar, de que a direita tanto gosta, ou seja, na tua versão doméstica, funciona assim: se uma empresa não tiver crédito para abrir as portas, não aumentas a clientela. Na aldeia: se a junta não tiver dinheiro para construir uma estrada, ninguém lá vai (embora quem lá esteja arranje maneira de sair, o que é curioso). Versão x rated, para adultos: se a junta não tiver dinheiro para construir a estrada, o Abílio empreiteiro fecha a porta e os seus empregados têm que ser contratados como faz-tudo pela junta. Esta parte não conta o avozinho ao serão, aos netinhos, quando os aconselha à poupança. A malta de esquerda, com a família desestruturada, não tem estes mimos.
      Mas quem disse aquilo foi alguém do escritório da Big Mamma Lagarde, uma multinacional que funciona em sistema binário descontrolado. A mesma que diz que os povos estão unidos no esforço do sacrifício para reduzir a dívida, como uma família que todos os dias alegre e voluntariamente deixa no mealheiro uns trocos para pagar a dívida ao merceeiro. Mas trágico mesmo é que o bonzo que nos governa funciona da mesma maneira.

      caramelo

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    7. Xis, o Costa é cauteloso. Já sabe, como todos sabemos, que quando entrar vai passar bastante tempo a verificar as rachaduras da casa e a pedir orçamentos. A UE e o FMI vão lentamente infletindo as suas posições. O novo Quadro Comunitário vai apoiar e incentivar o investimento público, deixando de lado a treta de só apoiar a competitividade das empresas, o mantra do costume. Se o FMI estava só a pensar na Alemanha, não aprendeu nada. Mas não é só isso.
      Claro que o problema não é a divida, mas a falta de crescimento. Não substime as trivialidades. Para além de nunca o objetivo principal de um governo de qualquer país ter sido o pagamento de dívidas, estas não se pagam se não houver crescimento.

      caramelo

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    8. O Tozé plantou uma couve galega no quintal. Cuidou dela. Regou-a com zelo e a couve cresceu. Pró Natal, o Tozé já tem galega.
      O caramelo arranjou um galo inflamado no frontal, mesmo acima do sobrolho direito. Cuidou dele. Regou-o com zelo e o galo inchou.
      O Tozé, que é merceeiro, investiu 0.10E nas sementes e 0.10 em 5l de água. O caramelo investiu 400E num barrote de carvalho e 300E nas dobradiças e mecanismo retráctil em inox para a geringonça de fazer galos.
      Moral da estória, o investimento é sempre bom. O que é necessário é investir. Investir, sempre e mais e além e tudo.

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    9. E o Justiniano foi a casa do Tozé passar a consoada e levou uma pedra, que lhe pagaram para levar, para juntar à couve galega e tiveram saldo positivo. Linda história de noel. E o BCE acaba de descer a taxa de juro diretora para um novo mínimo histórico hi hi hi

      caramelo

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  2. A caramelandia é um lugar encantador. As leis da física condescendem com os humores das gentes. Só faz sol quando assim deve ser e só chove quando é conveniente. Não há melindre algum e toda a gente se compraz. Nos lugares expostos os Ácer são adornados por crisantemos, que se revezam com rosas. E mesmo nos cantos mais esquecidos brotam petúnias e as fúscias limpam os muros. E todos muito se maravilham. E tudo se deve, dizem, ao Grande Regedor que acabou com o tempo da maldade e da escassez. Investiu tudo o que haviam. E tudo que investia multiplicava por outro tanto. Bastava-lhe investir que logo todas as coisas e razões se moldavam à razão do investimento como se fossem esclarecidas pela natureza da razão do investimento e da sua bondade. E logo tudo se multiplicava.

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