sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Paulo Teixeira/ Sibila Aleramo

Outro par improvável, hoje em registo de poesia autobiográfica. A italiana ( Rina Faccio de seu nome verdadeiro)  morreu em 1960, dois anos antes do português nascer.
O algarvio Paulo Teixeira  é  habitualmente palavroso, mas desenha aqui uma boa possibilidade de despedida ( As esferas e outros poemas) :

Assim esperamos, mantendo o porte de cabeça
que nos distingue, sem cartas de despedida,
sem apologia e afixação de editais penitentes,
sem aquinhoar por quem fica os bens de raiz,
o tiro certeiro que nos redima em obra póstuma. 

Sibila , que publicou uma das primeiras novelas feministas  italianas, Una donna ( 1906), foi uma pré-gramsciana ( justiça social, os camponeses etc). O último verso ( de Selva d'amore, 1947) é muito bom ( não sou mais do que um olhar, um longo olhar, e veias):

Tu mi sospiri lontano: Sera, sera dolce e mia!
Sembrami d'aver fra le dita la stanchezza  di tutta la terra.
Non son piu che sguardo, sguardo perduto, e vene.

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