Roído de inveja com mais um estrondoso sucesso de banqueiros nacionais, gente que faz enquanto os outros falam.
Aqui, por exemplo, escrevem imenso sobre a chronique scandaleuse. Já aqui, ainda no outro dia ( 24 de Maio) abordaram o assunto.
quarta-feira, 30 de julho de 2014
O cristão moraleiro relativizador
Calé, o senador paraguaio é muito cristão.
Se elas tiverem 16 anos já não é.
( e agora vou uns dias de férias obrigatórias, enfim...)
Se elas tiverem 16 anos já não é.
( e agora vou uns dias de férias obrigatórias, enfim...)
terça-feira, 29 de julho de 2014
É tentar, é tentar
Iam embalados com o título de campeões da pré-época, mas à primeira derrota deixaram de analisar os jogos ( já passaram mais de 24h).
Compreende-se. É difícil inventar uma conspiração envolvendo a Liga portuguesa, o Twente e o Benfica.
Compreende-se. É difícil inventar uma conspiração envolvendo a Liga portuguesa, o Twente e o Benfica.
O PS de Seguro é o melhor que há
Não entusiasma, não promete em excesso ( salvo aquela coisa dos tribunais , que morrerá de morte matada), o secretário-geral toca ferrinhos ( um crime, devia ter posto um burro a correr contra um Ferrari) etc. Sim, mas.
Esta maioria está esgotada, como estaria qualquer outra em circunstâncias idênticas. Ainda por cima, contém uma jolda de peralvilhos ( que afinal não se piraram) satsifeitíssimos com o rumo da coisa.
Resta a extrema-esquerda, o PCP , os costistas-socráticos e os snipers. A extrema-esquerda só conta para os media lisboetas, o PCP é o mesmo desde o pacto Molotov-Ribbentrop. Os costistas-socráticos são quase iguais ao PS de Seguro, é verdade, mas com uma diferença: se Costa ganhar o partido, deixa logo de querer fazer tremer as permas dos banqueiros alemães e assistiremos a um remake da guerra surda Metternich-Kolowrat. Restam os snipers, cujo discurso ( a meias com a extrema-esquerda) ampliado pelos media merece um parágrafo.
O PS de Seguro garante o menor dos males. Uma política alinhada com as exigências do Staatsrat europeu, mas calibrada com justiça social para um país pobre : pequeno, sem recursos naturais e envelhecido. É triste, mas é a realidade e é nela, ou, melhor, debaixo dela, que floresce o discurso dos snipers e da extrema esquerda. Todos o conhecemos: saída do Euro, reestruturação da dívida, nacionalizações. isto nos plateaus das TV's ou nas colunas do Expresso e do Publico é excelente e os basbaques aplaudem. O problema é que, seja por motivos pornograficamente pessoais, seja por fidelidade a ideologias do século XIX ( do tempo em que nem rádio havia) , a sua aplicação levaria à desintegração do país que juram, com lágrimas nos olhos, defender. A boa notícia é que a maioria desta stasis é puramente táctica.
O PS de Seguro não tem carisma nem panache. Pois não. Manuela Ferreia leite também não tinha nem um nem o outro. Excitações e ódios ficam para os vícios maoístas ou para os adolescentes dos festivais pop. O que quero é gente que cumpra a obrigação que Roosevelt dizia ser a primeira de todos os políticos: evitar fazer mal às pessoas.
Moscambilha
Das editoras . E da grossa. No ano passado 300 euros, este ano outra vez.
É uma pena a terrível troika não se ter ocupado disto.
É uma pena a terrível troika não se ter ocupado disto.
Refrescar a memória
Em 2007:
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de compagnons de route, raivosos ou calculistas.
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de compagnons de route, raivosos ou calculistas.
segunda-feira, 28 de julho de 2014
O Joana Vasconcelos
Que sejam felizes com os berloques gigantes, folhos , coisas enormes para delícia dos nababos.
Não faço ideia do que o mundo da arte tenha contra estes decoradores de interiores ( e de exteriores), mas é curioso que muitos dos que criticam a sociedade consumista e o abastardamento da cultura em proveito da massificação, se enxofrem com as críticas dos elitistas a estes pirilampos populares.
Portugal e o passsado: a I Guerra Mundial em Moçambique
Apesar de pouco estudada (o historiador Marcos Arrife chega a dizer que "o soldado desconhecido de África é bem mais desconhecido do que o da Flandres"), a guerra colonial é decisiva na história da I República. Não só porque morreram mais portugueses em África do que na Flandres, mas também porque a defesa das colónias foi o motivo principal para declararmos guerra à Alemanha. Até contra a vontade da Inglaterra, dizem as más línguas. Com boas razões. O exército português estava mal preparado, as infra-estruturas no ultramar eram quase inexistentes e a campanha de Moçambique, desde o desembarque dos primeiros 1500 homens em Porto Amélia, foi um desastre. O relatório posterior do seu comandante, o coronel Massano de Amorim, ilustra a a distância entre a realidade e a mitologia dos Mouzinhos e Gungunhanas: "Sem caminho-de-ferro, que aqui é considerado um bluff, sem linhas telegráficas, sem estradas, sem força militar... com ratoneiros e bandidos em vez de polícias e sipaios, sem protecção de espécie alguma aos indígenas... não é para admirar que à data da expedição do meu comando aos territórios da Companhia do Niassa [a concessionária da zona] os postos administrativos fossem uma vergonha, os militares uma irrisão, a ocupação uma mistificação, a cobrança de impostos uma violência, a subordinação do gentio uma utopia e a viação um esforço grosseiro." Ah, o som e a fúria... O desconcerto do soldado, condenado a uma missão impossível, arrancava-lhe parágrafos que podiam ser do Pe. António Vieira.
Não era o único a carregar na metáfora para descrever o caos. Em 1917, Brito Camacho, líder do Partido Unionista e mais tarde comissário da República para Moçambique, confessava na Câmara dos Deputados: "Não é segredo para ninguém que se têm mandado tropas para África como se não mandam reses para o matadouro". A falta de planeamento era tão escandalosa que, segundo o historiador António José Telo, o exército português registou "21% de baixas por doença nos primeiros seis meses, sem entrar em combate e mesmo sem sair de Porto Amélia".
Embora o resultado final da guerra viesse a saldar-se por uma paradoxal vitória, tendo em conta que os alemães derrotados na Europa se renderam em África, o conflito moçambicano de 14-18 teria profundas consequências na metrópole, de resto nunca vistas de perto.
No exército, em primeiro lugar, a humilhação viria a provocar um doloroso exame de consciência sobre o regime, os políticos e o colonialismo. O peso do ressentimento da tropa no golpe de Estado de 1926 é uma hipótese a pedir investigação. Vejam-se, por exemplo, as linhas que o General Gomes da Costa, nada mais nada menos que o homem forte do 28 de Maio, dedica em 1918 à última campanha da guerra ultramarina, que ele próprio comandou: "Não se conhecem nem os recursos militares das colónias, nem os seus recursos económicos, nem a sua topografia; nem há cálculos feitos para a quantidade de víveres necessários para um dado número de homens; nem estudo da ração mais própria; nem contratos ou combinações para os fornecimentos a fazer com regularidade; nem fixação das formas de acondicionamento; nem estudo dos nossos navios para se conhecer o que cada um pode transportar em homens, animais e carga; numa palavra, nada há feito, nada se sabe, para nada serve."
Não conheço retrato mais demolidor, à época, do esforço bélico e colonial do país. Dez anos depois, nem tanto, os generais derrubavam a I República e iniciavam uma ditadura que, ironia das ironias, também viria a cair por causa de uma guerra africana. Talvez o Estado Novo esperasse, da sua guerra, a redenção da que o antecedera. Talvez o trauma fosse demasiado para uma pequena nação com sonhos de grandeza. Simbolicamente, o monumento aos mortos da I Guerra em Mecula, Moçambique, foi erigido apenas em 1969 - em plena guerra colonial. Nem sempre a história se repete primeiro como tragédia e depois como farsa, ao contrário do que escreveu Marx. Por vezes, é uma sucessão de tragédias.
150 mil
Seguro conseguiu pôr Costa a falar da dívida pública. Para isso, bastou um pequeno comentário ao exercício de sebastianismo que teve lugar em Aveiro, no último fim-de-semana. No dia seguinte, lá veio Costa garantir que a dívida tinha que ser paga, com certeza, ou renegociada, com maior certeza ainda, mas que antes era preciso pôr a economia a crescer, blábláblá.
Como?
Não disse.
Evidentemente.
A única coisa que tem dito é que "não basta aumentar as exportações". O sonho comanda a vida. Mas o zé povinho, escaldado dos anos de leite e mel de Sócrates, tem algumas razões para suspeitar do sonho. O tal que ia recuperar 150 mil empregos e apenas deu emprego aos senhores da troika.
Adeus, pá
Se tivesse ido para viver para Lisboa ( como fazem os parolos) , o meu primo Chico ( que me ensinou o primeiro vernáculo), nome enorme da guitarra coimbrã, teria tido a homenagem que merecia.
Pois foi
Por isso não houve revolução e a raiva social foi menor ( como disse Catarina Martins). Nem explodiram os de baixo nem os de cima: o pessoal intermédio das CCR's, dos contratos blindados etc.
Se isso foi bom ou mau, só o tempo, o grande escultor da Yorcenar, o dirá.
Se isso foi bom ou mau, só o tempo, o grande escultor da Yorcenar, o dirá.
domingo, 27 de julho de 2014
Recordar é viver
Em 2007:
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de compagnons de route, raivosos ou calculistas.
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de compagnons de route, raivosos ou calculistas.
La racaille
Na Eusébio Cup, troféu de homenagem ao maior símbolo do Benfica, jogadores e treinador não se apresentaram em conferência de imprensa ou na zona mista. O treinador disse que "foi um bom treino". O Benfica fez alinhar 20 jogadores.
O Ajax encarou o jogo a sério. Obrigado, De Boer.
Ainda não entendi onde está o terrorismo:
Alertado pela Maria Teixeira Alves sobre as potencialidades dos motores de busca, encontrei, entre muitos, estes:
1) Um doutoramento honoris causa pelo ISEG por serviços prestados à... economia, cultura e ciência
2) Prémio Life Time Achievement.
3) Prémio Monte Branco.
1) Um doutoramento honoris causa pelo ISEG por serviços prestados à... economia, cultura e ciência
2) Prémio Life Time Achievement.
3) Prémio Monte Branco.
sábado, 26 de julho de 2014
Não deixe de ver
É um regalo.
Como na boa literatura ( de Conrad a Camus), a realidade é oferecida como existe mas deixando-nos acreditar que é tudo ficção.
Bem escrito, brutal mas contido, despojado ( excepto a cena dos veados), prende desde a primeira cena.
Como na boa literatura ( de Conrad a Camus), a realidade é oferecida como existe mas deixando-nos acreditar que é tudo ficção.
Bem escrito, brutal mas contido, despojado ( excepto a cena dos veados), prende desde a primeira cena.
Diário de um cínico
Em Mosul, no norte do Iraque, o ISIL impôs aos cristãos um ultimato: ou se convertem ao Islão ou vão embora. E marcou as suas casas com este símbolo, a letra "nun", inicial de "nazareno", nome pelo qual os cristãos são designados pelos árabes. Em consequência, as notícias dão conta de que já não há cristãos em Mosul. Vale a pena lembrar que esta comunidade, de rito caldeu, remonta oas primeiros tempos da história da Igreja. É uma das mais antigas do mundo, mais antiga do que a maioria das comunidades cristãs da Europa, incluindo as da Península Ibérica.
A alguns, muito justamente, a prática dos novos senhores de Mosul fez-lhes lembrar o que os nazis faziam nos anos 30, quando marcavam com uma estrela de David os judeus, as suas casas e as suas lojas. A mim, fez-me lembrar a alternativa entre conversão ou expulsão que os Reis Católicos, em Espanha, e D. Manuel I, em Portugal, impuseram aos seus antepassados. Cortesia do Sr. Bush e dos idealistas de sofá, o Médio Oriente está a recuar séculos.
A alguns, muito justamente, a prática dos novos senhores de Mosul fez-lhes lembrar o que os nazis faziam nos anos 30, quando marcavam com uma estrela de David os judeus, as suas casas e as suas lojas. A mim, fez-me lembrar a alternativa entre conversão ou expulsão que os Reis Católicos, em Espanha, e D. Manuel I, em Portugal, impuseram aos seus antepassados. Cortesia do Sr. Bush e dos idealistas de sofá, o Médio Oriente está a recuar séculos.
Impressionante
Podem gozar com toda a gente, mas um tipo faz uma brincadeira e tumba: " grrr,,, já andamos a incomodar".
Lembro-me sempre do Imperador Smith.
Lembro-me sempre do Imperador Smith.
Uma bela ideia
Ontem à noite, vi a entrevista de Francisco Louçã à SIC-Notícias. Dei por mim a concordar mais vezes do que gostaria (quando despe a farpela de capataz partidário, Louçã torna-se estranhamente sensato). Até que, a propósito da Guiné Equatorial, o velho trotskysta regressou por momentos ao dedo acusador: a CPLP é hoje "uma central de negócios do Brasil e de Angola".
Talvez seja isso, provavelmente é isso, mas a questão não é isso - é se a CPLP poderia ser outra coisa.
Portugal não tem na CPLP o estatuto da Inglaterra na Commonwealth. Não tem o seu o peso político, nem económico, nem militar. Não tem o seu ascendente cultural. Não tem um chefe de Estado partilhado com algumas das antigas colónias. Não tem a mesma emigração qualificada. Compete pela liderança com duas potências do Atlântico Sul que tendem a impor a sua vontade, os seus interesses, as suas alianças. Em suma, tratar a CPLP como o ai jesus da pátria porque nos abre "novos mercados" e nos traz "novos investimentos" é tão ingénuo como querer dar lições de democracia à Dona Dilma e ao Dr. Xanana.
Uma vez, perguntaram a Gandhi o que pensava da civilização ocidental. Ele respondeu: seria uma bela ideia. Não tenho muito mais a dizer sobre a CPLP.
Talvez seja isso, provavelmente é isso, mas a questão não é isso - é se a CPLP poderia ser outra coisa.
Portugal não tem na CPLP o estatuto da Inglaterra na Commonwealth. Não tem o seu o peso político, nem económico, nem militar. Não tem o seu ascendente cultural. Não tem um chefe de Estado partilhado com algumas das antigas colónias. Não tem a mesma emigração qualificada. Compete pela liderança com duas potências do Atlântico Sul que tendem a impor a sua vontade, os seus interesses, as suas alianças. Em suma, tratar a CPLP como o ai jesus da pátria porque nos abre "novos mercados" e nos traz "novos investimentos" é tão ingénuo como querer dar lições de democracia à Dona Dilma e ao Dr. Xanana.
Uma vez, perguntaram a Gandhi o que pensava da civilização ocidental. Ele respondeu: seria uma bela ideia. Não tenho muito mais a dizer sobre a CPLP.
Muito melhor
O Público melhorou bastante. Já traz notícias de Portugal, bons colunistas, o Fugas e a revista de domingo batem a concorrência com uma perna às costas.
O MEC agora deu-lhe para a gastronomia e em boa hora. Um reparo: grelhar em carvão? Um tipo que só come gambas da costa e cozidas ao vapor? Larga o carvão. Põe umas pinhas e gravetos. Por cima, em cruz, bota lenha: ramos secos de oliveira, eucalipto, o que quiseres. Por último, umas fagulhas de pinheiro para o aroma. Depois diz-me se ainda queres carvão...
Para já, ganha a propaganda
Nesta bernarda que os sionistas estão a fazer em Gaza, com as costas quentes porque o Irão sabe que o ISIS já está na Palestina, é incrível a definição: morrem velhos, crianças, soldados israelitas e "palestinianos".
Ou seja, nunca morre um soldado do Hamas.
Ou seja, nunca morre um soldado do Hamas.
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa
A antiga tradução do Confiteor não continha a repetição do mea culpa, mas, dado que pequei gravemente, uso a nova tradução.
Durante anos protestei contra a continuação de Jesus. Hoje reconheço que para capataz de um entreposto de jogadores ( versão futebolística do grupo Inland ou de uma loja de pneus) serve muito bem. Está no lugar certo.
sexta-feira, 25 de julho de 2014
Vai passar a ser ilegal?
" Esse artigo saiu de quem sabia onde ele estava e foi combinado para provocar terrorismo. Foi dado pelo terrorista do costume, ao terrorista do costume".
Diria mesmo mais: um acto do mais puro terror. Ir buscar um artigo esquecido e usá-lo.
Já o João é mais brando e tem razão: uma pessoa ser de trato simples não é incompatível com tropelias alegadamente feitas ou por fazer.
Diria mesmo mais: um acto do mais puro terror. Ir buscar um artigo esquecido e usá-lo.
Já o João é mais brando e tem razão: uma pessoa ser de trato simples não é incompatível com tropelias alegadamente feitas ou por fazer.
A falta de vergonha
Em 2007:
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de raivosos ou calculistas compagnons de route.
"Esta equipa ministerial não tem qualquer problema em actuar à margem da lei, não tem em conta critérios de justiça e equidade e desvaloriza e desrespeita a negociação, atentando contra os direitos sindicais", criticou Mário Nogueira".
A única coisa que mudou foi a quantidade de raivosos ou calculistas compagnons de route.
Mais Monty Phyton, versão polainas
Sim, a manhosice do estatuto de simples comentador, mas também é delicioso como vem logo a velha conversa da inveja do sucesso.
Reconheço que tenho imensa inveja do estrondoso sucesso de Dias Loureiro, Oliveira e Costa, João Rendeiro, Duarte Lima , Ricardo Salgado e Maddof.
Reconheço que tenho imensa inveja do estrondoso sucesso de Dias Loureiro, Oliveira e Costa, João Rendeiro, Duarte Lima , Ricardo Salgado e Maddof.
Olha a novidade
Havia os revolucionários vermelhos filosóficos ( "não temos de viver modestamente, isso é demagogia"), agora temos os ecologistas filosóficos.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
O proto-provedor
Desde que o senhor doutor não vá para lá rasgar contratos. Como fez quando foi o braço direito do senhor doutor Vale e Azevedo, esse exemplo de alguém não relacionado com os "interesses no futebol".
quarta-feira, 23 de julho de 2014
Fabuloso
Primeiro resolvemos os problemas , depois vemos como é que resolvemos os problemas.
Vocês não percebem que é tudo estratégico e não instrumental, vocês não percebem que a lusofonia culta valorizada na ciência é o presente do futuro da valorização dos recursos.
Perguntavam-me aqui no outro dia o que é que tinha "contra o Costa": Nada, nadinha. Nem contra ele nem contra os que andaram estes anos, de dedo em riste, a falar de alternativas.
Esta vida são dois dias, haja alegria.
Oh nãooo!!!
"Vice-presidente do PSD defende que Santana "tem todas as condições" para ser Presidente" (Público, 23 Jul. 2014)
Shomer
Há partes dos vários artigos de Paulo Tunhas e Rui Ramos sobre a recente ofensiva israelita em Gaza com as quais concordo. Por exemplo, a selectividade da compaixão já a referi aqui, a última grande indiferença diante da matança de judeus ( bem antes de Israel nascer) , aqui.
Só que há outros aspectos dos artigos que são intelectualmente nulos. A equivalência historico-moral entre as bombas isarelitas e as bombas aliadas em Colónia ou em Dresden releva do mais puro relativismo que a direita bem pensante costuma atribuir à esquerda militante.
Por outro lado, a negação maníaca dos factos, se cheira a compaixão é à compaixão que nos suscita a mosca que acabámos de esmagar.
Trabalha para sobreviver, sobrevive para consumir
A minha mais nova ouviu ontem um professor afirmar que "as competências não podem ser avaliadas num exame de duas horas" e disse-me: "Ai é? E as nossas podem?".
Como comecei a ser posto na rua, com arreliadora frequência, ainda no Jardim-Escola, respondi-lhe que todas as escolas deveriam ser abolidas e mandei-a ler Raoul Vaneigem ( a edição portuguesa do Aviso é bem boa).
terça-feira, 22 de julho de 2014
Antena islâmica ( especial ISIS, o inimigo comum)
O Irão limitou-se a uma declaração formal : ainda ninguém os ouviu prometer apagar Israel do mapa. Por outro lado, parece que o Hamas está a usar homemade rockets.
O ISIS está em gaza, não parece haver dúvidas e o Irão está mais sossegado do que o habitual. Talvez isto explique a arrogância sionista no avanço terrestre.
Eutanásia, bispas e chá das cinco
Enquanto a Inglaterra discute a legalização da eutanásia, a Igreja anglicana aprova a ordenação episcopal de mulheres. Não será mera coincidência. A sociedade inglesa é hoje uma das mais secularizadas da Europa, como apontam todos os dados sobre a prática religiosa, e o anglicanismo é uma das confissões cristãs mais sujeitas aos ventos do século. Nada de novo. Desde a sua origem que a Church of England é mais England do que Church.
Católico e admirador da cultura britânica (não é um paradoxo), isto preocupa-me. A secularizarização progressiva não arrastará, mais tarde ou mais cedo, a sobrevivência da própria Igreja anglicana? Quando os crentes pensam como os não crentes, qual é a diferença? E a Inglaterra histórica que conhecemos, a terra da da liberdade e da rule of law, resistirá a esta erosão religiosa? Se Tocqueville estava certo ao sublinhar o nexo entre instituições democráticas e religião cristã, o declínio do Cristianismo não tocará a qualidade da democracia? E, sem a velha Igreja nacional, de que modo a presença crescente do Islão afectará o espaço público?
Talvez saibamos a resposta em breve. Entretanto, inquieta-me que a Inglaterra seja, cada vez mais, uma espécie de França com chá das cinco. (Que me desculpem os franceses, mas tenho pouca fé na ética republicana.)
Que se kurdem
Os supermoralistas( uma espécie de Savonarolas de bibe), indignadíssimos com a morte de crianças e velhos em Gaza, já declararam a fatwa particular:
quem não se indigna não é boa gente. Sem dúvida. Para mais , o que os
judeus pretendem, ao semear novas gerações de inimigos figadais e ao
renovar a camaradagem europeia ( uma tradição actualizada desde 1933), é
coisa que não se percebe.
Fiquemos entretanto com o vídeo curdo, cujo povo tem tido milhares de crianças e velhos mortos por um vizinho poderoso sem que os supermoralistas nos atirem fatwas. Obrigado, curdos.
segunda-feira, 21 de julho de 2014
Da série "O som e a fúria"
Eu faço uso da carne e roupa branca
à minha mágoa impus um fundo freio
como de tudo o que se vende no mercado
pois é de deus a terra e quanto encerra
Quando eu despertar hei-de aflorar o vinho
não darei importância a quanto não
me preparar para a definitiva posição
Ruy Belo, "Enganos e desencontros"
à minha mágoa impus um fundo freio
como de tudo o que se vende no mercado
pois é de deus a terra e quanto encerra
Quando eu despertar hei-de aflorar o vinho
não darei importância a quanto não
me preparar para a definitiva posição
Ruy Belo, "Enganos e desencontros"
Uma conspiração de estúpidos
Com licença de J.K. 'Toole, melhor do que a dele.
O sucesso ( a menos que se esteja a falar do grupo Inland) é ser campeão de quatro em quatro anos. O Emerson, em quem o Zé Broncas apostou durante um ano inteiro, foi posto a venda no site do seu actual clube por 1euro.
Sim, sim, muito necessário
Os governos civis, sua história e tradição. Aliás, porque não fazer também o levantamento da história da CCR do Centro?
Quem sabe, sabe
A culpa da queda do Bloco é da propaganda governamental. Aliás, para JPP tudo hoje ( o cansaço das manifs, o PS, a ausência da luta popular, o desinteresse dos estudantes etc) é culpa da propaganda governamental.
No fundo, uma variação da propaganda governamental.
No fundo, uma variação da propaganda governamental.
Ab imo pectore, Pedro
O Prof. Picoito, o lado respeitável desta nossa inactividade militante, disse quase tudo sobre a entrevista do janízaro-chefe da banda ( que lançará ao ar as suas baquetas, com majorettes, cujo hábito descende desse costume otomano) que nos vai guindar a um patamar superior de felicidade, honra e decência ( desta vez sem o apoio de Rendeiro e da SLN). Acrescento apenas um detalhe.
Mesmo sem maioria absoluta - com Costa, o PCP, o Livre e o mini-Bloco no parlamento e com Pacheco Pereira , Bagão Félix , Ricardo Costa e a Ana Lourenço no banco - teremos finalmente em prática as soluções tácticas que só os grunhos direitolas e seus cúmplices silenciosos desprezavam.
Uma nova era aproxima-se, a passo largo e decidido.
domingo, 20 de julho de 2014
Tu quoque, Costa?
António Costa deu hoje uma entrevista de fundo ao Público. Dita assim, a coisa não suscita especial entusiasmo à nação, sensatamente a banhos, mas acontece que metade do PS, ou mais, anda a dizer que Costa será o próximo Primeiro-Ministro. A nação, sempre sensatamente, tem feito o que pode para se alhear do arremedo dos idos de Março conhecido por "primárias do PS". Há, porém, uma certa hipótese de Costa lá chegar, o que recomenda alguma atenção às suas entrevistas de fundo, tanto mais que a nação, antes de ir a banhos, o acusava de nada dizer.
Não vos vou maçar muito, pois a maioria de vós faz parte da nação, sensatamente a banhos, e não faz parte da metade do PS, ou mais, que saúda Costa como o sucessor de todos os césares. As grandes novidades são a candidatura de Guterres a Belém (nada contra, se touxer a Angelina) e a notabilíssima ideia de que "temos de ter uma redução da austeridade interna para relançar a economia".
Como? Ah, ingratos, que fazeis perguntas difíceis... Não vos chega a Angelina, perdão, o Guterres? Pois então, "através de "um mecanismo de correcção dos efeitos assimétricos do euro" que permita, tal como propôs o comissário europeu Lazlo Andor (não, este não vem com o Guterres), "um estabilizador automático com incidência no subsídio de desemprego".
E o dinheiro para isto? Sois muito mesquinhos, francamente. Não se vê logo que é pelo "reforço da solidariedade orçamental" entre os membros da União, "como acontece em todas as uniões monetárias, designadamente nos Estados Unidos" (sic), ou seja, a Alemanha que pague a crise? E se duvidardes que o burgomestre alfacinha convencerá a Alemanha, incréus ao serviço da direita e do Seguro, responder-vos-ei que estamos na presença do futuro Primeiro-Ministro e logo se pensa no resto.
Aliás, já se pensou. "Depois há medidas para o crescimento sustentado", a saber "a avaliação dos nossos recursos, a modernização do tecido empresarial e da administração pública, o investimento na cultura, na ciência e na educação e o reforço da coesão social". Por esta é que não esperáveis, pois não? Tomai lá com a modernização, a cultura e a coesão social.
Mas descansai, que nem tudo é igualmente glorioso. A páginas tantas, há mesmo uma crítica terrível a Sócrates, esse outro messias incompreendido. Questionado sobre alianças para aqui e entendimentos para ali , Costa atira a matar: "o erro da anterior governação socialista foi não ter aproveitado a maioria absoluta para dar um salto qualitativo no diálogo político". Leia-se, mais ou menos como o bruxo avisou César dos idos de Março, aqueles mesmo a sério, e César gozou com ele e depois lixou-se: o Socas gozou com o PC e o Bloco, quando estava a ganhar por 7-1, e agora eu é que me lixo porque não consigo que eles torçam por mim (excepto a Ana Drago e o Daniel Oliveira, cuja "aproximação" ao PS é "positiva").
Ei-la, a crítica terrível. Tu quoque, Costa?
E agora? Quem avisa metade do PS, ou mais, que o bruto também matou César pelas costas?
Não vos vou maçar muito, pois a maioria de vós faz parte da nação, sensatamente a banhos, e não faz parte da metade do PS, ou mais, que saúda Costa como o sucessor de todos os césares. As grandes novidades são a candidatura de Guterres a Belém (nada contra, se touxer a Angelina) e a notabilíssima ideia de que "temos de ter uma redução da austeridade interna para relançar a economia".
Como? Ah, ingratos, que fazeis perguntas difíceis... Não vos chega a Angelina, perdão, o Guterres? Pois então, "através de "um mecanismo de correcção dos efeitos assimétricos do euro" que permita, tal como propôs o comissário europeu Lazlo Andor (não, este não vem com o Guterres), "um estabilizador automático com incidência no subsídio de desemprego".
E o dinheiro para isto? Sois muito mesquinhos, francamente. Não se vê logo que é pelo "reforço da solidariedade orçamental" entre os membros da União, "como acontece em todas as uniões monetárias, designadamente nos Estados Unidos" (sic), ou seja, a Alemanha que pague a crise? E se duvidardes que o burgomestre alfacinha convencerá a Alemanha, incréus ao serviço da direita e do Seguro, responder-vos-ei que estamos na presença do futuro Primeiro-Ministro e logo se pensa no resto.
Aliás, já se pensou. "Depois há medidas para o crescimento sustentado", a saber "a avaliação dos nossos recursos, a modernização do tecido empresarial e da administração pública, o investimento na cultura, na ciência e na educação e o reforço da coesão social". Por esta é que não esperáveis, pois não? Tomai lá com a modernização, a cultura e a coesão social.
Mas descansai, que nem tudo é igualmente glorioso. A páginas tantas, há mesmo uma crítica terrível a Sócrates, esse outro messias incompreendido. Questionado sobre alianças para aqui e entendimentos para ali , Costa atira a matar: "o erro da anterior governação socialista foi não ter aproveitado a maioria absoluta para dar um salto qualitativo no diálogo político". Leia-se, mais ou menos como o bruxo avisou César dos idos de Março, aqueles mesmo a sério, e César gozou com ele e depois lixou-se: o Socas gozou com o PC e o Bloco, quando estava a ganhar por 7-1, e agora eu é que me lixo porque não consigo que eles torçam por mim (excepto a Ana Drago e o Daniel Oliveira, cuja "aproximação" ao PS é "positiva").
Ei-la, a crítica terrível. Tu quoque, Costa?
E agora? Quem avisa metade do PS, ou mais, que o bruto também matou César pelas costas?
Narrativas da austeridade
"Como ficou sem o subsídio de desemprego e não tinha onde trabalhar, sacou 1,8 milhões de euros".
Para o pão, gás e electricidade.
Para o pão, gás e electricidade.
Ora bem
A rapaziada ( enfim, há lá um ou outro mais veho do que eu) do único blogue lagarto que visito, e com prazer, vai hoje acompanhar o derby na Sporting TV com relato audio, fotografias ou colecção de cromos?
Gostei particularmente da declaração do boss de Alavalade: não temos interesse em transmitir os nosso jogos em Alvalade. Compreendo. Eu também não tenho interesse, de momento, em comprar uma colecção de Ferraris ou a Lua ( só porque ainda não paguei a conta da luz do mês passado).
Gostei particularmente da declaração do boss de Alavalade: não temos interesse em transmitir os nosso jogos em Alvalade. Compreendo. Eu também não tenho interesse, de momento, em comprar uma colecção de Ferraris ou a Lua ( só porque ainda não paguei a conta da luz do mês passado).
sábado, 19 de julho de 2014
É sim senhor
Sem "mas".
A mulher é uma fraude política com pernas ( o apoio a Teresa Leal Coelho nas suas cochinices contra o TC só porque se demitiu do cargo de vice-presidente do grupo parlamentar em protesto contra o chumbo da lei da co-adopção gay) e tem o direito a ser criticada pelo que é, não pelos seus genes.
De resto, seria interessante saber o que alguns comentadores do texto fariam se um historiador da nova direita fosse zurzido pelos antecedentes políticos dos progenitores. É melhor nem imaginar, isto da moral dá pesadelos.
A mulher é uma fraude política com pernas ( o apoio a Teresa Leal Coelho nas suas cochinices contra o TC só porque se demitiu do cargo de vice-presidente do grupo parlamentar em protesto contra o chumbo da lei da co-adopção gay) e tem o direito a ser criticada pelo que é, não pelos seus genes.
De resto, seria interessante saber o que alguns comentadores do texto fariam se um historiador da nova direita fosse zurzido pelos antecedentes políticos dos progenitores. É melhor nem imaginar, isto da moral dá pesadelos.
Isto é o da Joana
Artista com "H". Só os invejosos como eu e a Ana Cristina Leonardo ( de cuja loca infecta roubei a ideia) não concordam.
Se o Malraux regressasse da tumba, reformularia a fórmula: a arte já não é o anti-destino, é o da Joana.
O bloco central subaquático.
"Algumas interrogações à espera de efectivo esclarecimento público:
Como explicam Durão Barroso e Paulo Portas que um contrato assinado em 21 de Abril de 2004, só tenha entrado em vigor 5 meses depois, implicando dezenas de milhões de euros de prejuízo para o Estado português e que o contrato tenha sido assinado com tão brutal cláusula de actualização diária, que só interessava ao grupo fornecedor alemão?
Porque é que Paulo Portas assinou um contrato permitindo o pagamento dos submarinos mesmo antes da sua entrega, que não prevê no seu clausulado a denúncia por incumprimento das contrapartidas avaliadas pelos alemães em 1210 milhões de euros, e que também não prevê a regulação dos custos de manutenção dos submarinos, os quais, durante a sua vida útil estimada de 40 anos, poderão atingir duas vezes o seu valor de compra?
Como aceitou o Governo renegociar, a favor dos bancos, o empréstimo para a compra dos submarinos?
Porque é que os Governos de Sócrates não acompanharam eficazmente o problema da execução das contrapartidas, e abdicaram de recorrer aos tribunais para derimir o litígio do seu incumprimento, aceitando que os conflitos de interesse fossem tratados por mera arbitragem? E porque é que não aproveitaram os incumprimento para tentar anular o contrato e um investimento mais que duvidoso em matéria de prioridades nacionais, nestes tempos de crise aguda em que tantos sacrifícios exigem aos portugueses?
Com tudo o que é conhecido e já veio a pública, não é credível nem suficiente a explicação do actual Ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, para justificar a aparente inércia de quatro ministros sucessivos desta pasta (Paulo Portas, Luís Amado, Nuno Severiano Teixeira e o próprio), de que “face ao modelo contratual adoptado em 2004, o Estado português tem a obrigação de cumprir as obrigações contratualmente assumidas naquela data”.
aqui
Como explicam Durão Barroso e Paulo Portas que um contrato assinado em 21 de Abril de 2004, só tenha entrado em vigor 5 meses depois, implicando dezenas de milhões de euros de prejuízo para o Estado português e que o contrato tenha sido assinado com tão brutal cláusula de actualização diária, que só interessava ao grupo fornecedor alemão?
Porque é que Paulo Portas assinou um contrato permitindo o pagamento dos submarinos mesmo antes da sua entrega, que não prevê no seu clausulado a denúncia por incumprimento das contrapartidas avaliadas pelos alemães em 1210 milhões de euros, e que também não prevê a regulação dos custos de manutenção dos submarinos, os quais, durante a sua vida útil estimada de 40 anos, poderão atingir duas vezes o seu valor de compra?
Como aceitou o Governo renegociar, a favor dos bancos, o empréstimo para a compra dos submarinos?
Porque é que os Governos de Sócrates não acompanharam eficazmente o problema da execução das contrapartidas, e abdicaram de recorrer aos tribunais para derimir o litígio do seu incumprimento, aceitando que os conflitos de interesse fossem tratados por mera arbitragem? E porque é que não aproveitaram os incumprimento para tentar anular o contrato e um investimento mais que duvidoso em matéria de prioridades nacionais, nestes tempos de crise aguda em que tantos sacrifícios exigem aos portugueses?
Com tudo o que é conhecido e já veio a pública, não é credível nem suficiente a explicação do actual Ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, para justificar a aparente inércia de quatro ministros sucessivos desta pasta (Paulo Portas, Luís Amado, Nuno Severiano Teixeira e o próprio), de que “face ao modelo contratual adoptado em 2004, o Estado português tem a obrigação de cumprir as obrigações contratualmente assumidas naquela data”.
aqui
sexta-feira, 18 de julho de 2014
Boko Haram, 2012:
A mesma tralha de sempre ( em 2012): bons rapazes e a culpa é da polícia.
Boko Haram began in 2002 as a peaceful Islamic splinter group. Then politicians began exploiting it for electoral purposes. But it was not until 2009 that Boko Haram turned to violence, especially after its leader, a young Muslim cleric named Mohammed Yusuf, was killed while in police custody. Video footage of Mr. Yusuf’s interrogation soon went viral, but no one was tried and punished for the crime. Seeking revenge, Boko Haram targeted the police, the military and local politicians — all of them Muslims.
It was clear in 2009, as it is now, that the root cause of violence and anger in both the north and south of Nigeria is endemic poverty and hopelessness.
O Guardian, vá lá nunca caiu no pós-colonialismo de pechisbeque.
Boko Haram began in 2002 as a peaceful Islamic splinter group. Then politicians began exploiting it for electoral purposes. But it was not until 2009 that Boko Haram turned to violence, especially after its leader, a young Muslim cleric named Mohammed Yusuf, was killed while in police custody. Video footage of Mr. Yusuf’s interrogation soon went viral, but no one was tried and punished for the crime. Seeking revenge, Boko Haram targeted the police, the military and local politicians — all of them Muslims.
It was clear in 2009, as it is now, that the root cause of violence and anger in both the north and south of Nigeria is endemic poverty and hopelessness.
O Guardian, vá lá nunca caiu no pós-colonialismo de pechisbeque.
Divirtam-se ( tem vídeo e tudo)
quinta-feira, 17 de julho de 2014
A cigarra e a formiga
Enquanto outros brincam à união das esquerdas, o futuro ministro socialista da saúde já as reúne.
Querido, a liberdade socialista acaba onde começa a liberdade socialista:
Individuals or media which broadcast false news that caused public panic or were prejudicial to the interests of the state had to be punished, she continued. So did those who manipulated or distorted news to “transmit a false perception of the facts or to create a matrix of opinion to disturb the social peace of the nation.”
Os mesmos pascácios que em Lisboa vociferam contra os media vendidos ao governo, comem e calam em Caracas. Como comeram e calaram em Bucareste, Moscovo, Havana etc.
Tudo em nome do bem do povo, claro.
Os mesmos pascácios que em Lisboa vociferam contra os media vendidos ao governo, comem e calam em Caracas. Como comeram e calaram em Bucareste, Moscovo, Havana etc.
Tudo em nome do bem do povo, claro.
quarta-feira, 16 de julho de 2014
Ou tens o pão ou tens a manteiga
Também me parece: mais emprego mais barato.
Claro, há uma alternativa costista-pachequista-bagãofelixista-jornalista-bloquista-comunista: criação de emprego estupendamente bem pago e abundante.
Deve estar quase a aparecer ( bombardeia-se o Bangladesh, invade-se a China, enfim, tudo coisas que até já se fizeram...).
Claro, há uma alternativa costista-pachequista-bagãofelixista-jornalista-bloquista-comunista: criação de emprego estupendamente bem pago e abundante.
Deve estar quase a aparecer ( bombardeia-se o Bangladesh, invade-se a China, enfim, tudo coisas que até já se fizeram...).
Guerras assimétricas
Esta crónica de Hugo Rifkind na Spectator mostra bem a cegueira de alguma direita europeia (para não falar da americana...) quando olha para o conflito Israel-Palestina. Rifkind diz que a condenação do uso desproporcionado da força pelos israelitas só os afasta de nós, ocidentais, e que devíamos perguntar o que faríamos se o nosso país fosse bombardeado pelo Hamas. Esquece que a pergunta pode ser feita exactamente ao contrário, mas com uma diferença.
Gaza também está a ser bombardeada, mas enquanto muitos dos rockets palestinianos explodem em locais desertos ou são destruídos pelo sistema antimíssil israelita (e ainda bem), as bombas de Israel atingem zonas densamente povoadas e são muito mais precisas.
Resultado: esta guerra, que dura há uma semana, já provocou mais de duzentos mortos palestinianos (and counting) e apenas um israelita. Um. Não é gralha.
Antes que alguém disparate, acrescento que isto não prova que uns têm razão e os outros têm culpa. Deixo-vos o poder divino de distribuir razões e culpas. Digo apenas que não é por Israel ser uma democracia, como sugere Rifkind, que o Ocidente deve fechar os olhos ao que se passa. E o que se passa é que a população de Gaza, que vive hoje sem luz nem água e sob ameaça permanente, é refém de uma dupla violência: a cobardia terrorista dos seus líderes e a vingança de Estado dos líderes israelitas.
Como "não temos palestinianos" (Rifkind dixit), talvez nos tranquilize que os barbudos do Hamas sejam muito menos estimáveis do que os colunistas da Spectator. Mas se a "paz no Médio Oriente" é isto, então alguém há-de perguntar muitas vezes o que faria se fosse bombardeado por eles.
Crescei e multiplicai-vos, mas sem chatear o patrão
As propostas feitas pelo Governo para promover a natalidade, na sequência do trabalho da comissão presidida por Joaquim Azevedo, são um bom sinal. Finalmente, alguém avança com ideias concretas - em vez carpir a insustentatibilidade da segurança social no famoso longo prazo.
Mas temo que não mudem muita coisa para já, mesmo se levadas à prática (se, sublinho).
Por um lado, desconfio sempre de planos estatais para mudar comportamentos pessoais, e a decisão de ter filhos é das mais pessoais.
Por outro, acredito que o factor decisivo na baixa natalidade dos portugueses é a cultura antigravidez de muitas empresas e a discriminação das mulheres no mercado de trabalho. Não se pensa em aumentar a família quando a maternidade traz o risco de desemprego.
Como mudar isto? Não sei, ninguém sabe, mas sei que não é facilitando a arbitrariedade do empregador. Se o Governo quer que os portugueses tenham filhos, deve proteger os direitos laborais dos portugueses que querem ter filhos. Lapalissiano. Caso contrário, ficamos pelas boas intenções. E de boas intenções está o infértil cheio.
Deve ser culpa da austeridade
Por isso ninguém faz uma manifestação contra este alegre estado de coisas.
Pelo menos até ao dia em que o espancado por contumazes seja um juiz, um advogado ou a Lídia Franco.
Pelo menos até ao dia em que o espancado por contumazes seja um juiz, um advogado ou a Lídia Franco.
Curtindo
Com Curt Meyer - Clason, tradução de João Barrento ( inclui uma carta do tradutor ao autor), até o Agosto familiar no insuportável sul se atura.
segunda-feira, 14 de julho de 2014
Não há esquerdas
Aqui ou acolá, a única esquerda unida é a pura e dura, a comunista. Seja em Cuba, na China ou em Portugal.
O resto é folclore teórico, com lutos patológicos pelo assasinato no México de permeio, ou pior: lutar e falar pelo povo, mas viver, comer e f**** como um burguês.
Adenda (para o nosso comentador caramelo):
O traço estético-moral não tem peçonha. A experiência do belo acessível a todos ( da reinvenção do conceito por Baumgarten) é um bom conduto para a sociedade do homem novo socialista. A moral, por seu lado, é omnipresente no discurso actual anti-capitalista/neoliberal. Infelizmente, não fui por aí.
O osso é simples. Ou tens a esquerda pura e dura, a comunista, com a sua parafenália de cutelos - fim da exploração do homem pelo homem, da propriedade privada e da cultura burguesa que usa o Estado como aparelho de dominação ( Gramsci), ou tens paralíticos deficientes: Blair, Holande, Guterres, Sócrates. Ou seja, segundo a língua de pau, negócios escuros, cedências ao grande capital, imoralidade ( oh!, sim...).
As migalhas esquerdistas passam o tempo entre a transumância para os partidos do regime e as querelas de café. Por que motivo não vês um quadro comunista ao volante de um BMW série 7 ( não me esqueci) ou pendurado na colecção nova-rica de adereços burgueses quotidianos? Porque a sua proposta de sociedade é brutal e concreta. Como qualquer ideia fundamentalista, emana do centro para a periferia e bebe do exemplo.
Por fim, um pedacinho de ucronia. Imagina o país a recusar a troika em 2011 e a confiar no PCP. Agora imagina que o país se entregou ao mosaico lisboeta de plataformas, movimentos, partidos, fóruns e manifestos de esquerda. Pois é.
domingo, 13 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
Não têm canis?
Nunca deixei de levar os meus filhos para qualquer hotel e nunca incomodaram ninguém.
Também é verdade que se os casalinhos estão a educar os filhos como educam os cães, talvez nem o canil sirva.
Também é verdade que se os casalinhos estão a educar os filhos como educam os cães, talvez nem o canil sirva.
Leonidas Louçã
Brejnev apaixonara-se por uma bailraina do Bolshoi. Certa noite, na luxuosa datcha do secretário-geral, depois de um jantar bem regado, Brejnev atira à moça: Diz o que queres. Dou-to. A bailarina sorri e responde: Abre as fronteiras. Brejnev reclina-se no sofá e conclui satisfeito: Percebo. Queres que fiquemos completamente sós..."
Bem jogadinho, nas próximas eleições teremos 30 partidos, plataformas, fóruns e movimentos de esquerda. Tudo a bem do povo, claro, sem pesporrência , nefelibatismo nem umbigos.
Bem jogadinho, nas próximas eleições teremos 30 partidos, plataformas, fóruns e movimentos de esquerda. Tudo a bem do povo, claro, sem pesporrência , nefelibatismo nem umbigos.
Onze contra Messi e no fim ganha a Alemanha
O Filipe, que sabe de bola, prevê a vitória da Argentina amanhã. Com vossa licença, penso de que não. Ora vejamos.
1) O argumento do supositório é forte, mas "manschaft" soa melhor do que "alviceleste". Deve ser o tom metálico e imperial, aquele "mans" viril unido à "schaft" prussiana. Ouço-o e dá-me logo vontade de invadir a Polónia. "Alviceleste" não dá vontade nada. Só de olhar as nuvens, os passarinhos, os Messis.
2) O esoterismo. Camões era cego, Borges também, Goethe morreu a pedir "licht, mehr licht" (luz, mais luz). Não sei se estão a ver. Portugal levou quatro, o Brasil sete, o único mistério é saber quantos levará a Argentina.
3) Até pode ser que eles não tenham laterais nem bratwurst, o que parece que vai afunilar o jogo e libertar não sei quem, mas o treinador é um génio da táctica: não festeja os golos porque leu Max Weber e está a poupar para o fim.
4) Se eles ganharem, podemos sempre dizer que só perdemos com os campeões do Mundo. Pensando bem, isto deveria convencer qualquer um.
1) O argumento do supositório é forte, mas "manschaft" soa melhor do que "alviceleste". Deve ser o tom metálico e imperial, aquele "mans" viril unido à "schaft" prussiana. Ouço-o e dá-me logo vontade de invadir a Polónia. "Alviceleste" não dá vontade nada. Só de olhar as nuvens, os passarinhos, os Messis.
2) O esoterismo. Camões era cego, Borges também, Goethe morreu a pedir "licht, mehr licht" (luz, mais luz). Não sei se estão a ver. Portugal levou quatro, o Brasil sete, o único mistério é saber quantos levará a Argentina.
3) Até pode ser que eles não tenham laterais nem bratwurst, o que parece que vai afunilar o jogo e libertar não sei quem, mas o treinador é um génio da táctica: não festeja os golos porque leu Max Weber e está a poupar para o fim.
4) Se eles ganharem, podemos sempre dizer que só perdemos com os campeões do Mundo. Pensando bem, isto deveria convencer qualquer um.
Por dos de gambas y una de boquerones
A Argentina vai ganhar 2-1. Porquê? Ora bem, vamos lá explicar-vos como se chegassem aos meus calcanhares:
1) Em primeiro, o esoterismo. Em 1986 a Argentina também ultrapassou Bélgica e a Alemanha eliminou a França. Está certo de que na altura foi nas meias, mas a História repete-se com um grão de sal.
2) Entremos no osso. Sempre que estou diante de um jogo decisivo, pergunto-me ( fechado no WC e com um saco de plástico enfiado na cabeça): Quem quer mesmo ganhar? Amanhã a resposta é fácil: a Argentina, no Brasil.
Cortando mais. A Alemanha vem de dar sete. É humanamente impossível isto não estragar a concentração. Ao contrário, os argentinos vêm de um supositório. Estão concentradíssimos.
3) Técnico-táctico. Não há nenhum bratwurst como o Mascherano. Houve um argentino assim, o Cuciuffo, que jogou a final de 86, também baixo para central ( 1,76m) e que também subia no campo, passava a redonda ( morreu num acidente venatório) e bebia por um garfo. Mascherano é o jogador de futebol.
4) A Alemanha não tem laterais. Brehme e Berthold pertencem a 1986. Isto vai permitir afunilar o jogo e soltar os laterais argentinos exclusivamente para a marcação. Com o jogo a meio, aparecerá Messi e acaba o jogo.
Errata
Afinal, há um meio de comunicação social que está atento à participação portuguesa na I Grande Guerra: o Público. Na próxima terça-feira, o jornal inicia uma série de seis volumes semanais sobre o tema, escritos por Aniceto Afonso e Carlos Matos Gomes. Fica a errata.
Extra!Extra!
Não é preciso ir lá, eu adianto:
1) Criar 200.000 empregos
2) Criar cultura
3) Criar uma nova moral.
4) Criar uma nova forma de fazer política .
1) Criar 200.000 empregos
2) Criar cultura
3) Criar uma nova moral.
4) Criar uma nova forma de fazer política .
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Vasco, o fatalista
"O futebol deste campeonato, apesar da fantasia dos peritos, irritou e maçou muitos milhões de pessoas. Não apareceram equipas com imaginação, nem jogadores de génio. Apareceu um extraordinário cuidado defensivo e correrias que em 90 por cento dos casos não levavam a nada ou, pelo menos, de que não se percebia a necessidade e o propósito. Assistir àquilo era como assistir a uma "liga" europeia de segunda classe: um trabalho honesto para cumprir calendário e não desanimar os "sócios". O público moído e cansado lá ia aturando o espectáculo com o entusiasmo obrigatório de um Carnaval falhado e triste."
Vasco Pulido Valente, no Público de hoje.
(O mais delicioso é que este naco de prosa foi escrito depois dos 7-1 da Alemanha. Melhor do que "liga europeia de segunda classe", então, só mesmo quando VPV jurou que Obama nunca seria eleito.)
À atenção do meu caro Henrique Pereira dos Santos
"Daí que o problema seja também nacional, porque se o mercado se fecha para o BES, quem paga é o país. Porque alguém terá de financiar o BES".
( por causa de uma aposta feita aqui há um par de meses)
( por causa de uma aposta feita aqui há um par de meses)
quinta-feira, 10 de julho de 2014
Grand finale ( em geral e em particular)
Depois do Solnado, do Perry Mason e do bombeiro:
"Sente que o seu momento vai chegar? O seu momento de ser o líder.
Já respondi a essa pergunta milhentas vezes: não acho que isso venha a acontecer.
Não tem essa ambição?
Não tenho essa ambição. Já me aconteceram várias coisas que não esperava que acontecessem, mas não vejo que isso venha a acontecer-me. E tenho dúvidas de que fosse uma boa solução, em geral e em particular".
"Sente que o seu momento vai chegar? O seu momento de ser o líder.
Já respondi a essa pergunta milhentas vezes: não acho que isso venha a acontecer.
Não tem essa ambição?
Não tenho essa ambição. Já me aconteceram várias coisas que não esperava que acontecessem, mas não vejo que isso venha a acontecer-me. E tenho dúvidas de que fosse uma boa solução, em geral e em particular".
Portugal na Grande Guerra
Com o centenário da I Guerra Mundial, os jornais e revistas do burgo multiplicam os artigos evocativos. As referências à participação de Portugal têm sido escassas, o que me surpreende.
A República enviou 50 mil homens para a Flandres e viu na guerra uma garantia de defesa das colónias e "a base mais firme do desenvolvimento répido e progressivo" do novo regime, nas palavras de Afonso Costa. De resto, pagando um preço alto pela intervenção, cara e impopular. O conflito desequilibrou as frágeis finanças públicas e foi o nosso maior esforço militar entre as invasões francesas, que precipitaram a independência do Brasil e o fim do absolutismo, e a guerra colonial, que antecedeu a queda do Estado Novo e o 25 de Abril. Não será exagerado, aliás, relacionar o conflito com o caos da década de 20, ao qual o 28 de Maio veio pôr cobro, para alívio de todos.
Porquê o silêncio, então? Mistérios. Ou talvez não.
A República enviou 50 mil homens para a Flandres e viu na guerra uma garantia de defesa das colónias e "a base mais firme do desenvolvimento répido e progressivo" do novo regime, nas palavras de Afonso Costa. De resto, pagando um preço alto pela intervenção, cara e impopular. O conflito desequilibrou as frágeis finanças públicas e foi o nosso maior esforço militar entre as invasões francesas, que precipitaram a independência do Brasil e o fim do absolutismo, e a guerra colonial, que antecedeu a queda do Estado Novo e o 25 de Abril. Não será exagerado, aliás, relacionar o conflito com o caos da década de 20, ao qual o 28 de Maio veio pôr cobro, para alívio de todos.
Porquê o silêncio, então? Mistérios. Ou talvez não.
Correio azul
Aceprensa, um excelente site espanhol que costumo frequentar, analisa na sua última edição o programa do movimento "Podemos" , que se aproxima, como seria de esperar, do que é defendido em Portugal pelo Bloco de Esquerda. Do lado de lá da fronteira com grande sucesso, do lado de cá com os resultados conhecidos.
O que explica a diferença? Talvez dois factos. Em primeiro lugar, a existência de um PCP forte e concorrente do BE. Em segundo lugar, o alinhamento da extrema-esquerda espanhola com as reivindicações autonómicas das regiões. De qualquer modo, o "Podemos" ainda só foi a jogo em eleições europeias. O que "poderão" em eleições nacionais?
O que explica a diferença? Talvez dois factos. Em primeiro lugar, a existência de um PCP forte e concorrente do BE. Em segundo lugar, o alinhamento da extrema-esquerda espanhola com as reivindicações autonómicas das regiões. De qualquer modo, o "Podemos" ainda só foi a jogo em eleições europeias. O que "poderão" em eleições nacionais?
quarta-feira, 9 de julho de 2014
Gizando, usando o giz:
Gizou:
Segundo o despacho de pronúncia, Álvaro Oliveira Marques, que viu prescrever a acusação de insolvência danosa, "gizou um plano" com a colaboração "ativa" dos arguidos Genaro e Sagues (empresários espanhóis) "usando a Reficel" para se apropriar de um subsídio público atribuído no âmbito do Pedip II.
Ou gizaram-no?
Segundo o despacho de pronúncia, Álvaro Oliveira Marques, que viu prescrever a acusação de insolvência danosa, "gizou um plano" com a colaboração "ativa" dos arguidos Genaro e Sagues (empresários espanhóis) "usando a Reficel" para se apropriar de um subsídio público atribuído no âmbito do Pedip II.
Ou gizaram-no?
terça-feira, 8 de julho de 2014
Quando é que a Benfica TV passa a dar também os jogos fora?
Estava a Alemanha já a dar 3-0 aos 25 minutos e o zuavo do Pedro Henriques dizia solenemente enquanto comia umas iscas de bacalhau com as mãos: " Foi assim com Portugal, mas, claro, o Brasil não está a jogar tão mal como Portugal".
Festas da Rainha Santa: é obrigá-los a ir para lá fazer a coisa.
Ou seja, o dinheiro poupado ( supondo que tudo corre bem, ou seja, que não temos depois de ir pedir dinheiro aos mesmos a quem exigimos a renegociação , o que seria sempre refrescante de ver sobretudo se a delegação for encabeçada por Pedro Nuno Santos) será suficiente para uma data de coisas.
O único pequenito óbice parece que consiste nisto: o que produziamos ( antes da Troika) não chegava para "a protecção do salários, pensões e prestações sociais contra a pobreza".
Confirma-se, portanto, o milagre das rosas vermelhas.
segunda-feira, 7 de julho de 2014
A cultura do povo
No ano normal do PREC , Vasco Gonçalves exprimiu o desejo de acabar com a literatura burguesa: os escritores deviam escrever sobre a realidade revolucionária. Vergílio Ferreira torceu o nariz ( os outros comeram e calaram).
Ora, os arquivos da Securitate estão agora à disposição e mostram como se organiza a cultura para o povo.
Ora, os arquivos da Securitate estão agora à disposição e mostram como se organiza a cultura para o povo.
Dicionário português pós-troika ( 13)
"Saco de gatos":
Esta expressão ouvi-a ao meu pai, muitas vezes, em 1978, aplicada ao PSD e à luta entre Sá Carneiro e o grupo das Opções Inadiáveis ( onde pontificava Rui Machete).
Este saco também promete. E curioso é recordar que foi o Bloco e o PCP que viabilizaram a queda do segundo governo Sócrates, embora, afinal, parece que Sócrates foi um traidor da esquerda.
Percebem? Eu também.
Esta expressão ouvi-a ao meu pai, muitas vezes, em 1978, aplicada ao PSD e à luta entre Sá Carneiro e o grupo das Opções Inadiáveis ( onde pontificava Rui Machete).
Este saco também promete. E curioso é recordar que foi o Bloco e o PCP que viabilizaram a queda do segundo governo Sócrates, embora, afinal, parece que Sócrates foi um traidor da esquerda.
Percebem? Eu também.
domingo, 6 de julho de 2014
O potlach bancário
Muito bem, o Pedro Adão e Silva. Não se trata das pessoas concretas, trata-se de um gesto corrente que hierarquiza o viver das tribos.
Cá estaremos para ver a prequela.
Cá estaremos para ver a prequela.
A crítica-cópia
No Malomil:
"Depois do acto final de "Servidões", este livro é já a Morte, o apagamento de uma luz que corre o risco de serdesentendida se a língua em que vive não resistir à banalidade, tocando uma vezpor outra o céu da boca, para sentir o ouro da estrela que foi Herberto Helder".
"Depois do acto final de "Servidões", este livro é já a Morte, o apagamento de uma luz que corre o risco de serdesentendida se a língua em que vive não resistir à banalidade, tocando uma vezpor outra o céu da boca, para sentir o ouro da estrela que foi Herberto Helder".
Língua, luz, céu da boca, ouro da estrela : banalidade, sim.
Não me incomoda o Herberto-Cristiano Ronaldo, esfarinham-se-me outras arrelias. Nas minhas séries, que fui trazendo aos blogues e à "Ler" ( no seu tempo), tenho assinalado o esquecimento que outros poetas recebem do público sandeu. Por exemplo, João Lúcio e Cristovam Pavia ( Bugalho) num eixo, Cinatti e Fiama noutro.
Este público leva a sério a abertura de Brecht no "Manual para os Habitantes das Cidades": apaga todos os vestígios.
sábado, 5 de julho de 2014
TVi, domingo, 01.12:
"O palestiniano foi asassinado e queimado vivo por soldados judeus numa vingança sectária por causa de três adolescentes judeus raptados que apareceram mortos".
Os judeus "aparecem" mortos.
Num dia estão vivos e no outro aparecem mortos. Como os velhos dentro das casas, os cães vadios na estrada ou os peixes nos rios.
Os judeus "aparecem" mortos.
Num dia estão vivos e no outro aparecem mortos. Como os velhos dentro das casas, os cães vadios na estrada ou os peixes nos rios.
sexta-feira, 4 de julho de 2014
A burqa e o Ocidente*
Depois
de debatida nos parlamentos de Inglaterra, França, Bélgica e Espanha, a proibição da burqa e do niqab chegou ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos. É um teste aos limites do multiculturalismo na Europa e, portanto, às regras
de convivência entre Estados, comunidades e indivíduos na sociedade aberta. Em princípio, nada deveria limitar o direito de alguém se
vestir como quer, desde que não ponha em causa os direitos dos outros. Mais: o
direito de vestir a burqa, conotado
com uma identidade comunitária que nasce da religião, é de algum modo uma
consequência da liberdade religiosa. Ao mesmo tempo, porém, esse uso violenta a
civilização política em que vivemos de dois modos: na noção de identidade
pessoal e na noção de espaço público, fundamentos históricos da democracia.
Na verdade, o uso da burqa e do niqab ultrapassa
o simples exercício de um direito individual. Por um lado, difunde uma mensagem
de desigualdade entre homens e mulheres e até de submissão da mulher ao homem
que contraria, ainda que simbolicamente, a igualdade entre todos os cidadãos.
Por outro, privatiza o espaço público invocando uma estrutura familiar, hoje
desaparecida no Ocidente, em que a mulher está sob a tutela legal do pai ou do
marido. Note-se que essa privatização fere não apenas a dignidade das mulheres,
mas a de todos os homens exteriores à família, implicitamente vistos como uma
ameaça. Perante a lei somos cidadãos iguais, mas perante a burqa somos membros de tribos antagónicas: homens e mulheres,
parentes e estranhos, muçulmanos e não muçulmanos. Ou seja, a burqa nega publicamente a igualdade de
todos perante a lei. No espaço público, que a democracia define como neutro em
nome da igualdade, a burqa é símbolo de
uma identidade comunitária que a rejeita. Para usar o célebre conceito de
Charles Taylor, o direito ao reconhecimento de um grupo aliena assim o direito
ao reconhecimento dos indivíduos que o constituem. Estaremos dispostos, em nome
da liberdade individual ou da liberdade religiosa de alguns, a tolerar este
atentado à liberdade de todos?
No Ocidente, o conceito de indivíduo está
profundamente ligado ao de representação, não apenas no sentido político (o
poder só é legítimo se representa os cidadãos), mas também cultural. Não é por
acaso que a nossa noção de pessoa vem de persona,
nome que os romanos davam às máscaras usadas no teatro clássico para
representar as personagens. A história da arte ocidental é em grande parte a
história das imagens do corpo humano, desde a Grécia antiga, que dava aos
deuses as feições dos mortais, ao cinema moderno, que dá aos mortais as feições
dos deuses.
Pelo contrário, lembra Bernard Lewis, “a tendência da arte
bizantina para o abstracto foi acentuada no Islão, onde o preconceito contra a
representação pictórica da forma humana conduziu em última análise a uma
expressão artística estilizada e geométrica”. O Ocidente é iconófilo, observa o
historiador Jean-Claude Schmitt. Apesar de algumas correntes iconoclastas entre
ortodoxos e protestantes, o Cristianismo representa a transcendência sob os
traços de um homem, da fragilidade do nascimento e da morte à glória da
Ressurreição e do Juízo Final. O dogma central da Encarnação fez com que, durante
séculos, os corpos de Cristo e dos santos fossem o objecto mais representado na
arte do Ocidente. “Deus fez-se imagem em Cristo que se fez homem”, na fórmula
feliz de Bento XVI.
Isto teve enorme influência na cultura ocidental,
levando não só a uma particular valorização do realismo na arte, mas também a
uma equivalência entre a dignidade da pessoa e o seu rosto. Basta pensar em
expressões correntes como “perder a face”, “dar a outra face”, “ter duas caras”,
“não ter vergonha na cara”. Na pintura e na escultura europeias, o retrato é
talvez o único género que sempre se praticou, sinal seguro do valor da representação do
indivíduo ao longo da história. Os nossos museus estão cheios de obras que o
testemunham, do busto de Péricles aos bigodes feitos por Duchamp à Mona Lisa, subversivos na exacta medida da
reverência que tributamos ao original de Da Vinci.
Há na figuração do rosto uma referência tão evidente
como misteriosa à mais elementar dignidade pessoal. É por isso que a célebre
metáfora de Orwell no 1984 (“o futuro
é uma bota a pisar um rosto humano”) nos atinge tão violentamente. Na
capacidade de sugestão de uma grande obra literária, estas palavras tocam o
nervo mais íntimo da nossa integridade.
O mesmo se passa com a burqa. Sem querer fazer paralelismos absurdos, também a burqa nega às mulheres que a usam a
dignidade de um rosto. É um caso clássico em que o exercício da liberdade
ameaça direitos não menos fundamentais, como o direito à própria identidade.
Seja qual for a posição que tomemos no debate, estaremos sempre a negociar valores
que a nossa sociedade tem por indiscutíveis. Talvez reconhecê-lo seja um bom começo
de conversa. Porque que está em causa não é uma peça de roupa, mas as pessoas
que estão por baixo.
*Post recuperado.
*Post recuperado.
Dicionário português pós-troika ( 12)
"Clarificação":
Também usado como sinónimo de norma de execução. O marido bronco clarifica a mulher: clarifica lá se sempre vais ao jantar com essa mini-saia. Ou: não estava claro que não quero os bifes mal-passados?
A clarificação é um pedido que vem , em regra, acompanhado de ferros do monte e bufidos espavoridos.
quinta-feira, 3 de julho de 2014
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Dicionário português pós-troika ( 11)
"O ( nosso ) estilo de vida":
Dulcíssimo e com sabor a framboesa. Significa uma categoria que desmerecemos.
Existe uma corrente académica, de brilho insustentável e ademanes de selecção rara, que defende o regresso ao pagamento em três pedaços de arames de latão, que Marlow contava ser o provento dos seminus do rio.
Pode é acontecer que depois não haja nada para comprar com tão extravagante salário, o que Marlow também constatava.
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